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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação | ||
JOVENS UNIVERSITÁRIOS E A VISÃO DE HOMOSSEXUALIDADE NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO | ||
Ariane Marcia Cândido de Oliveira 1 (a_promolter@yahoo.com.br) e Maria Aparecida Morgado 2, 3 | ||
(1. Departamento de Serviço Social- UFMT; 2. Departamento de Psicologia. Instituto de Educação - UFMT; 3. Programa de Pós Graduaçao em Educação - UFMT) | ||
INTRODUÇÃO:
O presente estudo vincula-se ao Projeto de Educação da Juventude em Mato Grosso: Impasses e Perspectivas Político-Pedagógicas, desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa Educação, Jovens e Democracia. Têm por objetivo investigar a visão de jovens estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso, sobre a homossexualidade no meio juvenil, como é entendida e verificar se a vivência universitária pode contribuir ou não para uma abordagem mais tolerante da questão. Estudos indicam que a homossexualidade é uma realidade da espécie humana desde as sociedades mais primitivas até a contemporaneidade. Porém, a tendência do comportamento erótico idealizado por nossa sociedade é o da orientação heterossexual, sendo comum manifestações de preconceito e discriminação com relação aos homossexuais. Por esta razão, verifica-se que os Movimentos Sociais de afirmação homossexual estão propondo a localização da “questão homossexual” para o campo dos direitos humanos. Como pode ser visto pelo Movimento dos Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros - GLBT, que propõe a livre orientação sexual como um direito inalienável de todo ser humano, seja homossexual, bissexual ou heterossexual. Nesse sentido, em outubro de 2003 foi criada a Frente Parlamentar Mista Pela Livre Expressão Sexual, composta por 59 deputados/as e 7 senadores/as, advindos de vários estados do Brasil. |
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METODOLOGIA:
Esta pesquisa desenvolve-se em uma abordagem qualitativa, envolvendo levantamento e estudo bibliográfico a respeito de educação universitária, juventude e homossexualidade. Na escolha dos sujeitos, foram selecionados oito estudantes, sendo quatro das Ciências exatas e quatro das Ciências da Saúde nos cursos de Computação, Química, Educação Física e Nutrição, para a aplicação de entrevistas semi-estruturadas. Decidiu-se pesquisar especificamente em uma instituição de ensino superior, considerando a característica de lugar tido como democrático. Pois a homossexualidade ainda é pouco abordada em sala de aula, devido a ser considerado um tabu pela sociedade. E que o objetivo da educação não é simplesmente o de efetivar um saber, mas sim um processo com o qual se molda o indivíduo de modo a prepará-lo para viver em harmonia com as regras codificadas da sociedade na qual está inserido. Após a realização das entrevistas foram feitos as análises com embasamento na bibliografia pesquisada. |
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RESULTADOS:
Os dados desse estudo trazem aqui sintetizadas as manifestações a respeito de como os jovens dizem entender a homossexualidade. A seguir estão trechos das entrevistas, onde são demonstradas as visões a respeito deste comportamento homoerótico: “(...) opinião ou opção de vida de cada um (...) acho que todos têm o direito de fazer o que quiserem de seu corpo (...) o que eu acredito é no respeito (...)”, “(...) o importante é ser feliz (...) preconceito é coisa de ignorante sem noção (...) é a pessoa que importa, a afetividade (...)”. Afirmam que há mais preconceito contra o homem homossexual do que contra a mulher homossexual, dizendo que:” (...) somos frutos de uma sociedade extremamente machista (...); acrescentam: “(...) fazemos parte de uma sociedade patriarcal (...) onde o homem é visto como procriador (...) o másculo (...) o motor propulsor da realidade (...)”; e que “(...) a homossexualidade feminina não é tão explícita (...) pois as mulheres são mais discretas e se camuflam mais (...) e uma vez que achamos simples cordialidade (a amizade), o ato de duas mulheres se abraçarem ou beijarem (...)”. Um dos entrevistados, disse que depois de algumas discussões entre os amigos e de leituras de certos artigos a respeito da homossexualidade, passou a ter uma outra opinião sobre a questão, que por ele era vista anteriormente como “sem-vergonhice”, mas que agora a vê como “conseqüência genética”. |
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CONCLUSÕES:
A universidade é considerada um ambiente de democracia e respeito para com as diferenças, sejam elas de raça, etnia, classe social e variações do erotismo, no caso a homossexualidade. Pelas entrevistas realizadas verificou-se que as manifestações dos acadêmicos parecem ser tolerantes em relação à diversidade sexual, porém, ainda apegadas à visões conservadoras da questão. Apesar da UFMT ser considerado um espaço democrático, percebeu-se que não há uma abertura espontânea para discussões a respeito desse comportamento erótico, visto como “diferente”, que ultrapassa os limites da norma heterocêntrica. Para Lopes (2004), o século XX foi o século das mulheres, o século XXI poderá ser o período em que a homossexualidade se institucionalizará e se estabilizará socialmente, mas isto só acontecerá com a participação de todos, com a troca produtiva e gratificante, revelando a potência do respeito coletivo. |
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Instituição de fomento: CNPq | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Educação Universitária; Juventude; Homossexualidade. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |