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D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
ESTUDO DAS RAZÕES MOLARES FITATO:Zn e FITATOxCa:Zn DE PREPARAÇÕES EMPREGADAS NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS.
Thalita Cremonesi Pereira 1 (thalitapereira@yahoo.com.br), Semíramis Martins Álvares Domene 1, Márcia Regina Vitolo 2 e Thaísa Borges Rocha 1
(1. Faculdade de Nutrição, Pontifícia Universidade Católica de Campinas-PUC Campinas; 2. Faculdade de Nutrição, Unisinos)
INTRODUÇÃO:
O combate aos riscos nutricionais tem motivado estudos sobre o consumo alimentar, sobretudo em crianças. Uma das vertentes estuda o consumo de antinutrientes que podem comprometer o aproveitamento de certos minerais no organismo humano, como é o caso da interação entre o antinutriente fitato (encontrado na película externa dos grãos de cereais e leguminosas) com zinco e cálcio. O fitato quela-se ao zinco desfavorecendo sua absorção através da membrana do enterócito, e este efeito inibitório é potencializado quando existe cálcio na mesma refeição. Foram estabelecidas na literatura razões milimolares que estimam a biodisponibilidade dos minerais frente à ação do antinutriente, como fitato:Zn, e fitatoxCa:Zn por MJ, para as quais são propostos valores de risco de 15 e 22, respectivamente, sinalizando que se uma refeição ultrapassar esses valores, a absorção de Zn e Ca estará comprometida. O presente trabalho tem o objetivo de estudar o consumo de indivíduos de 7 a 14 anos e estimar as razões milimolares fitato:Zn e fitatoxCa:Zn por MJ da alimentação escolar para que, assim, se estabeleça uma estimativa da biodisponibilidade desses dois minerais. Desta forma, pretende-se contribuir para que as refeições potencializem a absorção dos minerais, evitando-se futuros comprometimentos, entre os quais se destaca o prejuízo no desenvolvimento cognitivo e pôndero-estatural dos escolares em questão, conseqüentes à inadequação nutricional destes elementos.
METODOLOGIA:
A amostra consistiu de 202 escolares de ambos os sexos residentes em bolsões de pobreza no município de Campinas (SP) com 12 ± 1 ano de idade. Aplicou-se o recordatório de 24 horas com duas repetições para conhecer o consumo diário de alimentos, e estudaram-se as refeições fornecidas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. O cálculo dietético desses inquéritos alimentares foi obtido através do Programa de Apoio à Nutrição Nut Win (versão 1,5) e para a estimativa do teor de fitato foi realizada uma compilação de dados da literatura científica, já que são raros os dados deste componente em tabelas de composição de alimentos. Para avaliação de adequação nutricional, considerou-se: 15% das necessidades nutricionais, conforme legislação do PNAE, para a alimentação escolar, e o valor integral de recomendação para energia e nutrientes do dia alimentar.
RESULTADOS:
Os resultados mostram que há grande variabilidade para os valores de ingestão de energia, nutrientes e fitato nas refeições. Esta variação foi de 12-1162mg para o fitato, 114-1392kcal para energia, e 2,16-188g para proteína. O consumo de zinco variou de 0 mg a 36 mg, e em 43% dos casos foi menor do que 1,15 mg, equivalente a 15% do valor médio recomendado para este estágio de vida. A razão milimolar fitato:Zn foi maior do que 15 em 11% dos casos entre escolares de 7 a 10 anos, e em 23,8% dos casos entre escolares de 10 a 14 anos. Já a razão milimolar fitatoxCa:Zn/MJ foi maior do que 22 em 7% dos casos entre escolares de 7 a 10 anos, e em 14,3% dos casos das crianças entre 10 e 14 anos. Considerando-se o dia alimentar, o consumo de zinco foi superior ao valor da recomendação média em 83% dos casos. Os alimentos com maiores teores de fitato encontrados nas refeições foram o macarrão, arroz branco, pães e angu.
CONCLUSÕES:
A maioria das refeições consumidas pelas crianças nas escolas, apresenta razões molares favorecedoras à absorção de Zn e Ca, já que apenas uma pequena parte destas ultrapassou o valor de risco estabelecido pela literatura. A análise dos dias alimentares dos indivíduos mostrou oferta de zinco adequada em 83% dos casos, o que sugere pequena prevalência de insuficiente aporte deste mineral, contrariamente ao que indica a literatura nacional. Embora sejam relevantes estudos dietéticos que contribuam para aumentar o teor de zinco para a alimentação infantil, as quantidades de fitato não parecem comprometer a biodisponibilidade do mineral nas refeições escolares.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Fitato; Zinco; Alimentação Escolar.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005