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G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura
QUADRILHAS JUNINAS: UMA TRADIÇÃO RURAL NO ESPAÇO URBANO DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
Lívia Moraes e Silva 1 (livmoraes@yahoo.com.br) e Severino Vicente da Silva 1
(1. Depto. de História, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE)
INTRODUÇÃO:
A quadrilha junina é a dança preferida da população pernambucana e nordestina durante os festejos juninos. A sua origem deve ser buscada nas danças dos salões das cortes francesas, chegando ao Brasil no início do século XIX com a corte portuguesa. Este trabalho pretende mostrar como se deu a vinda da quadrilha para o Brasil, sua adaptação, integração aos hábitos nacionais e sua fixação como parte das festas juninas. A quadrilha foi adotada principalmente pela população das áreas rurais, em um período em que o Brasil não possuía grandes cidades, conquistando, posteriormente, as áreas urbanas. Desde sua chegada ao Brasil até os dias atuais, a dança da quadrilha sofreu diversas transformações em sua forma de apresentação, mas manteve a estrutura básica, de uma dança de pares contendo a teatralização de um casamento matuto. Tem-se hoje três formas desse brinquedo: a tradicional, a estilizada e a recriada. Diferenciam-se entre si basicamente pelas danças e trajes. A pesquisa também procura analisar como é vista, nos dias de hoje, a dança da quadrilha, sem esquecer da sua importância econômica e, principalmente, social na Região Metropolitana do Recife.
METODOLOGIA:
O trabalho está sendo realizado através de pesquisa na Hemeroteca do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano; Foi feito um levantamento bibliográfico sobre o tema das quadrilhas e suas origens. Também estão sendo empreendidas visitas à Fundação Joaquim Nabuco, à Casa do Carnaval e ao Instituto Histórico Geográfico de Pernambuco para a reunião de informações. Por fim, serão feitas entrevistas, utilizando-se de questionários, com integrantes de quadrilhas em atividade na Região Metropolitana do Recife, bem como a coleta de material iconográfico e fotográfico que registra a atuação dessas quadrilhas.
RESULTADOS:
Sabe-se que nas últimas décadas, a quadrilha junina adquiriu características estilizadas, conseqüência das modificações nos meios urbanos e nos meios de comunicação de massa. Esses fatos favoreceram o surgimento de novos tipos de quadrilhas juninas. Ocorreu a introdução maciça da teatralização nesse folguedo, bem como novas coreografias, que requerem muitos ensaios, e a criação de um vestuário bastante pomposo. Com isso, hoje, a quadrilha não é mais apenas um folguedo dançado por casais num terreiro ou num mercado em torno dos ritos de fertilidade do ciclo junino. A partir dos resultados obtidos nessa pesquisa serão produzidos textos para publicação em revistas e encontros de história, com o objetivo de promover um aprofundamento dos estudos sobre as diversas funções sociais desempenhadas atualmente pelos indivíduos e grupos que atuam na organização e apresentação das quadrilhas juninas na Região Metropolitana do Recife.
CONCLUSÕES:
A dança da quadrilha, estilizada e recriada, está hoje centrada nos campeonatos promovidos durante o ciclo junino. Esses campeonatos são a razão de ser da grande maioria das quadrilhas juninas da Região Metropolitana. Devido a esse fato, a realização de uma quadrilha, que hoje possui um custo bastante elevado, requer geralmente a dedicação de todos os integrantes e da comunidade a qual pertencem; dedicação essa que dura o ano todo. Essas comunidades estão, majoritariamente, localizadas em bairros populares que abrigam uma grande quantidade de jovens. Cumprindo sua função econômica e social, a quadrilha promove a ocupação dessas pessoas em atividades culturais. Entretanto, a quadrilha tradicional não desapareceu, mas se reveste hoje de um caráter nostálgico. A tradição contida nas pessoas, não permite que essas vejam com naturalidade os novos tipos de quadrilhas, criando-se assim preconceitos, mas também debates entre os estudiosos em torno das novas tradições desse folguedo.
Palavras-chave:  quadrilhas juninas; tradição; comunidade.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005