A água é essencial à vida, portanto, todos os organismos vivos, incluindo o homem, dependem da água para sobrevivência. As mudanças de estado físico da água, sólido, líquido e gasoso, no ciclo hidrológico, são essenciais e influenciam os processos que operam na superfície da Terra, incluindo o desenvolvimento e a manutenção da vida.  Preocupado em qualificar e quantificar a qualidade das águas de bacias hidrográficas, bem como as implicações e as limitações impostas pelas diversas formas de uso e ocupação do solo, utilizando-se como traçador (indicador principal) desta qualidade o grupo dos coliformes totais e fecais, além de parâmetros coadjuvantes, cloreto, oxigênio dissolvido, pH, temperatura da água e do ar e condutividade. A bacia do Córrego Fundo, ora em estudo, abrange área de aproximadamente 30 km. A escolha desta bacia deu-se, pela proximidade da cidade de Aquidauana, que se utiliza às águas do rio Aquidauana da qual o Córrego Fundo é tributário, por ela abastecer mais de 80% dos domicílios da bacia e da Fazenda Escola da UEMS e por sua ocupação ser diversificada e antiga. Portanto, este trabalho visa subsidiar além da pesquisa a que se encontra veiculado, estudo e/ou ações que trate do planejamento sustentável e do manejo e gestão dos recursos hídricos desta bacia e das demais da região do Ecótono da depressão do Rio Aquidauana.       

Foram levantados acervos bibliográficos que trata da qualidade das águas superficiais, em especial a análise bacteriológica, onde foi determinado o NMP (Número Mais Provável) de coliformes totais e fecais, descritas por  SOARES (1999). As bactérias coliformes fecais (E. Coli), foram admitidas segundo a Resolução do CONAMA nº 357/05 como termotolerantes, o qual é excelente traçador de poluição de águas superficiais, e mostra-se mais significativo que o uso de bactérias do grupo coliforme "total". A determinação da concentração das bactérias termotolerantes (coliformes fecais), indicam a possibilidade da existência de microorganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como: desinteria bacilar, cólera, entre outras. As coletas das amostras de água foram efetuadas trimestralmente, considerando-se as estações do ano. Para interpretação dos resultados utilizou-se como parâmetro a Resolução CONAMA 357/05, a qual possibilita o enquadramento das águas de acordo com as classes de uso. E o enquadramento de cada estação de coleta foi estabelecido pelo uso mais restrito, visto que a bacia utiliza dessas águas para consumo humano. Os pontos de coleta foram escolhidos previamente segundo os critérios: nascentes, foz, principais confluências, cachoeiras, captação de água para consumo humano, descargas da lagoa de piscicultura e sedes de propriedades. Totalizando-se em 09 pontos de coleta.

Os resultados obtidos, possibilitou o enquadramento das classes de uso de cada ponto de coleta segundo o CONAMA. Os pontos mais contaminados, com maiores restrições de uso foram: ponto 6, com baixo valor de oxigênio dissolvido e aumento na turbidez, e o ponto 9, com número elevado de coliformes termotolerantes. Os demais pontos (1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8) podem ser considerados de melhor qualidade, pois suas águas  podem ser destinadas ao consumo humano, desde que tenha um prévio tratamento. Para maior interpretação dos dados obtidos nas análises laboratoriais e de campo, dividiu-se em três grupos: Parâmetros Químicos, Parâmetros Físicos e Parâmetro Bacteriológico. Nos parâmetros químicos foram analisados o oxigênio dissolvido, com enquadramento na classe 4, o cloreto na classe 1 e o pH na classe 1; sendo o enquadramento final desses parâmetros na classe 4. Já nos parâmetros físicos, a Resolução CONAMA cita o VMP (valor máximo permitido) apenas para turbidez, a qual apresenta-se como classe 1, as demais análises são coadjuvantes, e por último o parâmetro bacteriológico, com os coliformes termotolerantes, que no decorrer da pesquisa apresentou variações em sua concentração, mas enquadrando-se de forma geral na classe 4. Dessa forma, unindo os resultados dos três grupos de parâmetros, as águas superficiais da bacia do córrego Fundo enquadran-se como classe 4, as quais possuem algumas limitações em seu uso.  

Todos os pontos encontram-se com severas restrições de uso, enquadrando-se na classe 4, que preconiza: destino à navegação, à harmonia paisagística e a usos menos exigentes. Os principais parâmetros que comprometem a qualidade de suas águas se situam na baixa concentração de oxigênio dissolvido, seguido pelas concentrações das bactérias termotolerantes que comprometeram  mais as águas nas nascentes do córrego Fundo e na sua foz. Os parâmetros registrados estacionalmente para a avaliação da qualidade das águas superficiais refletem a influência do não emprego, em quase toda a bacia, de técnicas conservacionistas, do não comprimento da legislação de preservação da mata ciliar, de áreas com mais de 40 % de declividade e o manejo das pastagens e do gado. Visto que os habitantes da bacia consomem suas águas para uso domiciliar, cultivo de plantas, bem como, para dessedentação de animais e piscicultura, sugere-se aos proprietários que tomem medidas mitigadoras para minimizar os atuais impactos ambientais e impedir a sua intensificação, como: técnicas como as curvas de nível, a recomposição das matas ciliares e de áreas com mais de 40% de declividade, as quais contribuirá para minimizar os processos erosivo e conseqüente assoreamento do córrego. Ressalta-se que existe certa medida de preocupação quanto à qualidade das águas da bacia do córrego Fundo, pois como já mencionado, a SANESUL utiliza dessas águas para o abastecimento da população da cidade de Aquidauana.