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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

Centro de Formação de Professores Primários de Catalão e suas relações com o Regime Militar - Catalão 1965 - 1983

Camila Aparecida de Campos 1
Wolney Honório Filho 1
(1. Universidade Federal de Goiás)
INTRODUÇÃO:

Em agosto de 2004 iniciou-se esta pesquisa através do sub projeto O Centro de Formação de Professores Primários de Catalão e suas relações com o Regime Militar Catalão 1965 – 1983, aprovado pelo PIBIC. Sendo objetivo identificar as relações deste educandário com o regime militar. Para tanto, torna-se necessário conhecer o que foi o C.F.P.P.C e contextualizar o período.O Centro de Formação de Professores Primários de Catalão – C.F.P.P.C. – teve suas atividades iniciadas em 1966, sendo oficializado em 1967. Apesar de já existir cursos Normais e Universidades espalhadas pelo Brasil, devido à falta de “formação” (institucional) de professores no interior do Estado, surge quatro educandários no interior goiano, em Catalão, Morrinhos, Inhumas e outro em Tocantinópolis, atualmente estado de Tocantins. A discussão que fizemos foi justamente buscar relações do Regime Militar com o C.F.P.P.C., para isso, interrogamos a necessidade de criação do C.F.P.P.C.; seria para formar professores promover simultaneamente a hegemonia do estado nacionalista? Sobre as aulas ministradas por professores tanto no Grupo de Aplicação como no próprio C.F.P.P.C. questionamos nos documentos oficiais da Secretaria Estadual de Educação e nas entrevistas feitas pelo Prof. Dr. Wolney Honório Filho a relação do militarismo, focalizado nas práticas autoritárias, com o cotidiano e a influência na vida enquanto profissionais das bolsistas do C.F.P.P.C. e das crianças do Grupo de Aplicação.

METODOLOGIA:

Para a pesquisa utilizamos diversos recursos metodológicos: as entrevistas, os livros didáticos, e documentos. Ao analisar os Livros didáticos buscamos os catalogados do recorte temporal de 70 a 80, pois em 68 foi editada a Lei nº 5540/68 e em 71 foi editada a Lei nº5.622, de 11 de agosto de 1971 que propôs Reformas nas Diretrizes de Ensino do Brasil, e incluiu no currículo Disciplinas como: EMC – Educação moral e cívica, OSPB – Organização Social e Política Brasileira, e EPB – Estudos dos Problemas Brasileiros. As outras fontes documentais analisadas foram: os documentos emitidos por secretarias de educação e outros órgãos governamentais de forma geral; entrevistas realizadas pelo Dr. Wolney Honório Filho; e os textos estudados pelas bolsistas. Todos recursos estão catalogados no arquivo do NEPEDUCA – Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação de Catalão, localizado no Campus de Catalão da Universidade Federal de Goiás.

RESULTADOS:

A partir da bibliografia consultada foi possivel assimilar alguns conceitos essenciais para a discussão dos documentos do C.F.P.P.C. que foram analisados. A análise foi feita nos textos contidos dos livros didáticos e nas ilustrações dos mesmos. E, nos documentos catalogados, procuramos focalizar as relações autoritárias entre o Estado e o C.F.P.P.C.. Fizemos ainda a opção de discutir separadamente os livros didáticos e os documentos. Na análise dos livros didáticos, selecionamos os referentes a Comunicação e Expressão, e Estudos Sociais, pois, devido a alta quantidade de textos há maior possibilidade de identificar o autoritarismo, o militarismo e o nacionalismo, e de fato estes elementos se apresentaram de forma explícita ou através de metáforas. As características principais que analisaremos será o nacionalismo, o patriotismo e o autoritarismo que foram encontradas não somente no corpo do texto e nos exercícios, mas também nas ilustrações. Sobre os documentos é possível dizer que um ponto fundamental ao desenvolvimento desta pesquisa foi encontrado aqui: a relação da Secretaria Estadual de Educação com os Estados Unidos (MEC-USAID). E, por fim, as entrevistas nos trouxeram o cotidiano do C.F.P.P.C. em que a princípio, é possível algumas interpretações que possuem semelhanças com os Livros didáticos e com os documentos, como por exemplo o fato do C.F.P.P.C. ser comparado a um quartel por algumas ex alunas

CONCLUSÕES:

Com a análise da documentação é possível dizer que por ser um objeto pouco estudado, ou melhor, que nunca foi especificamente estudado há muitos detalhes a serem desvendados. Há diversas perspectivas de trabalho para a reconstrução da História do Centro de Formação, centenas de documentos, entrevistas, e inclusive uma lista com alguns endereços de bolsistas da turma de 1973, o que facilita para o reencontro de ex-alunas. Se a princípio verificava-se uma forte inclinação a relacionar o regime com as práticas do C.F.P.P.C. focalizando sua abertura e seu fechamento com o início do Golpe e fim do Regime Militar, no decorrer da pesquisa foi possível diferenciar ideologia de ciência, e o desafeto que sinto pelos militares, na ciência, se substituía por necessidade de compreensão do motivo pelo qual realizaram tal Golpe: interesses da burguesia. Notadamente existiam aspectos militares impostos no cotidiano do C.F.P.P.C. como desfiles, cumprimento de horários e o próprio regime de internato, e através das secretárias de educação (infra-estrutura) que determinava as normas do C.F.P.P.C. (superestrutura). Mas, podemos afirmar, por fim, que a abertura do C.F.P.P.C. em Catalão, assim como em Morrinhos, Inhumas e Tocantinópoles,  fazem parte de uma política de interiorização da formação de professores no Estado de Goiás, que, segundo CANEZIM (1994) foi implementada de forma tardia, em comparação aos outros estados brasileiros.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: educação; regime militar; formação de professores.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006