Os anfisbenídeos pertencem à classe Reptilia, ordem Squamata, família Amphisbaenidae, conhecidas popularmente como cobras duas cabeças. Escavadores, incluindo cerca de 150 espécies. O nome “Amphisbaenia” derivado do grego amphi (duplo) e baen (caminhar), relaciona com a capacidade de fazer movimentos para frente e para trás com facilidade. Cavam túneis utilizando seu crânio bastante duro. Apresentam uma característica específica do grupo relacionada com a estrutura dentária, onde possuem um único dente na maxila superior, o que torna estes animais capazes de dominar muitos invertebrados como também pequenos vertebrados. Há músculos tegumentares que quando contraídos, os Amphisbaenia podem se mover ao longo dos túneis. Existem espécies que possuem cabeça rombuda e forçam esta contra o solo para a escavação. Dentre elas existem as não-especializadas, com uma grande distribuição geográfica, próximo da superfície e, as formas especializadas que vivem em solos mais profundos. Já as espécies com focinho em forma de pá forçam a extremidade do túnel e levantam a cabeça para compactar o solo no teto. Existem também as formas com focinho cuneiforme que utilizam este para comprimir o material contra suas paredes. A adaptação ao modo de vida extremo dificulta qualquer tipo de estudo e algumas espécies estão em risco de desaparecerem sem ao menos serem catalogadas. O objetivo deste trabalho foi relatar a preferência alimentar de Amphisbaenia alba no habitat natural na superfície do solo.

As observações foram feitas na área urbana em um orquidário da cidade de Vitória da Conquista, Bahia, durante o período de março de 2005 a 2006 em horários pré determinados. As observações em relação ao comportamento foram anotadas. Foram realizados experimentos de preferência alimentar, oferecendo-se simultaneamente para alimentação carne bovina e lesma, sendo repetido por 10 vezes. A documentação fotográfica foi feita com câmera digital JVC Leica.

A cada três dias em média durante a primavera e verão entre 10h e 14h observou-se que a Anfisbaenia vinha para a superfície e se locomovia explorando o espaço próximo a entrada do túnel. Tal comportamento pode ser explicado pela busca de alimento pois observou-se que apesar de não possuir uma visão bem desenvolvida, ela se utiliza do olfato para capturar a presa.  Neste trabalho, documentou-se que A. alba se alimentou preferencialmente de lesmas na superfície, sendo este o primeiro relato. A literatura relata que a nutrição é feita com invertebrados e pequenos vertebrados, sem referência a lesmas (moluscos).

Diante do comportamento observado experimentalmente, e baseando-se nas observações do comportamento de caça e exploração livre, conclui-se que A. alba alimenta-se preferencialmente de lesmas. Com isso, elas passam a ter uma grande importância no controle biológico, sendo distintas de serpente venenosas, o que serve de incentivo à sua preservação, uma vez que são sacrificadas por serem confundidos com animais perigosos. 

Instituição de fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Trabalho de Iniciação Científica