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C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 1. Imunologia Aplicada

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA PESQUISA DE IgG E IgG1 POR CITOMETRIA DE FLUXO, APLICADA AO DIAGNÓSTICO E MONITORAÇÃO DE MORBIDADE NA INFECÇÃO PELO HTLV-I.

Jordana Grazziela Alves Coelho dos Reis 1
Olindo Assis Martins Filho  1
(1. Centro de Pesquisa René Rachou - Fundação Oswaldo Cruz)
INTRODUÇÃO:

O Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV) foi o primeiro retrovírus descrito em humanos. Estimativas apontam para 15 a 20 milhões de pessoas infectadas pelo HTLV-I em todo o mundo, sendo que existe cerca de 2,5 milhões de pessoas infectadas pelo HTLV-I no Brasil. Do ponto de vista clínico, a maioria dos indivíduos infectados pelo HTLV-I (90-95%) pode permanecer assintomática por períodos de tempo longos e variáveis. Já alguns indivíduos infectados pelo vírus, pode desenvolver a Mielopatia Associada ao HTLV/Paraparesia Espástica Tropical - HAM/TSP. No contexto do estudo da infecção pelo HTLV-I, um dos grandes desafios enfrentados pelos pesquisadores tem sido o estabeleciemnto de metodologias alternativas e a escolha da preparação antigênica ideal destinadas às análises sorológicas aplicadas ao estudo dos mecanismos moduladores/indutores de HAM/TSP, bem como ao diagnóstico e prognóstico da infecção. Desta maneira, pretende-se neste estudo avaliar o desempenho da pesquisa de IgG total e IgG1 por citometria de fluxo, aplicada ao diagnóstico e monitoração de morbidade na infecção pelo HTLV-I.

METODOLOGIA:
As amostras de soro de indivíduos infectados(INF=35) e não infectados(NI=15) pelo HTLV-I foram diluídas (1:32 a 1:4096) e incubadas com células infectadas pelo HTLV-I (MT-2) após fixação e permeabilização. Posteriormente, foi feita uma nova incubação com anticorpos anti-IgG marcados com FITC(Isotiocianato de Fluoresceína) e IgG1 marcado com SAPE(Estreptavidina Ficoeritrina) para posterior leitura no citômetro de fluxo. A análise da reatividade de anticorpos IgG e IgG1 anti-HTLV-I foi feita através da intensidade de fluorescência relativa(expressa em PCFP) apresentada pelas amostras em relação ao conjugado. Para avaliar a aplicabilidade dessas metodologias, foi analisado o seu desempenho segundo índices expressos em porcentagem, tais como a sensibilidade, especificidade e acurácia; e também índices expressos em chance, como a Razão de Verossimilhança (RVs).
RESULTADOS:
Para a avaliação do desempenho da pesquisa de anticorpos IgG e IgG1 anti-HTLV-I aplicada ao diagnóstico da infecção, empregou-se a diluição do soro de 1:512 e 1:32, respectivamente e o valor de 20% de PCFP como ponto de corte indicado pela curva ROC. A pesquisa de IgG total apresentou acurácia moderada, com sensibilidade de 66% e especificidade de 100%. Já a pesquisa de IgG1 demonstrou acurácia elevada, com sensibilidade de 97% e especificidade de 100%. A análise das RVs para a pesquisa de IgG demonstrou que os valores de PCFP>20% praticamente confirmam a infecção pelo HTLV-I  e valores de PCFP£20% apresentam uma chance pequena de advir de um indivíduo infectado. Para a pesquisa de IgG1, a análise das RVs demonstrou que os valores de PCFP>20% praticamente confirmam a infecção pelo HTLV-I e valores de PCFP£20% praticamente confirmam a ausência de infecção pelo vírus. Para a avaliação do desempenho da pesquisa de IgG total e IgG1 aplicada a monitoração de morbidade da infecção pelo HTLV-I, empregou-se a diluição do soro 1:512 e 1:1024, respectivamente e o valor de 40% de PCFP como ponto de corte indicado pela curva ROC. A pesquisa de IgG apresentou acurácia elevada, com sensibilidade de 92% e especificidade de 95%. Da mesma maneira, a pesquisa de IgG1 demonstrou acurácia elevada, com sensibilidade de 92% e especificidade de 96%. Na análise das RVs para a pesquisa de IgG e IgG1, foi possível verificar que valores de PCFP>40% praticamente confirmam a presença de HAM-TSP e valores de PCFP£40% praticamente confirmam a ausência de HAM-TSP.
CONCLUSÕES:
O uso de um sistema de revelação amplificado (SAPE) promoveu um ganho significativo para a acurácia e também para a sensibilidade da metodologia aplicada ao diagnóstico da infecção quando avaliamos a pesquisa da subclasse de IgG (IgG1) em relação a pesquisa de IgG total. Ambas as pesquisas de IgG e IgG1, quando aplicadas a monitoração de morbidade da infecção pelo HTLV-I, apresentaram um desempenho elevado o que demonstra a existência de um perfil sorológico diferencial entre as formas clínicas assintomático e HAM-TSP.  Paralelamente, ambas as metodologias aplicadas ao diagnóstico apresentaram especificidade perfeita, o que sugere que a técnica de pesquisa de anticorpos anti-HTLV-I através da citometria de fluxo, nas diluições e pontos de corte indicados, poderia ser empregada para a confirmação sorológica de infecção pelo HTLV-I. Portanto, estes achados recomendam a pesquisa de classes e subclasses(IgG1) de IgG anti-HTLV-I como metodologia laboratorial alternativa e adicional para contribuir no diagnóstico e prognóstico clínico de HAM/TSP.
Instituição de fomento: CPqRR/FIOCRUZ, CNPq e HEMOMINAS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: HTLV-I; IgG; IgG1.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006