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G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura
O MOVIMENTO HIP HOP EM UBERLÂNDIA: DANÇA, MÚSICA E IDENTIDADES URBANAS - 1970/2000
Rafael Guarato 1
Newton Dângelo 1
(1. Universidade Federal de Uberlândia - UFU (Instituto de História - INHIS); 2. Prof. Dr.)
INTRODUÇÃO:

A proposta do presente trabalho é apresentar o estudo realizado acerca da cultura hip hop na cidade de Uberlândia. Tal pesquisa tem como eixo temático a análise de seu surgimento e transformações a partir de suas quatro expressões artísticas denominadas de elementos, sendo eles: Mc(mestre de cerimônia), Dj(disc-jockey), Break(dança) e o grafite(arte plástica). Estes foram os meios artísticos encontrados pelos jovens excluídos de expressarem suas insatisfações diante da ordem vigente. Os primeiros indícios da cultura hip hop em Uberlândia se deram no final da década de 1970 e início dos anos 80, sendo enfatizado o break. O hip hop foi reinterpretado, dando origem à dança de rua que se propagou via concursos de dança em boates noturnas da cidade. Posteriormente, os dançarinos desenvolveram as demais formas de manifestação artística do movimento, fixando o hip hop em Uberlândia e propiciando um deslocamento do foco da dança para a música, passando a ser enfatizado o rap. A pesquisa busca sondar as atitudes dos locutores de rádios comunitárias e “piratas”, ouvintes, consumidores e integrantes da cultura hip hop em geral frente ao movimento e em relação à incorporação do mesmo pelos meios de comunicação de massa, expressando tensões e linguagens em disputa na afirmação de identidades urbanas.

METODOLOGIA:

A proposta metodológica para desenvolvimento do trabalho está permeada pela análise da cultura hip hop em Uberlândia, a trajetória desse movimento enquanto constituinte de tensões e conflitos vividos em termos locais. Assim, a seleção e incorporação de fontes históricas locais, tais como panfletos, informativos, fotografias e vídeos de eventos; anúncios e notícias de jornais ou revistas e depoimentos que possam contribuir para a pesquisa. Utilizamos as chamadas fontes orais enquanto recurso de investigação pelo historiador, contribuindo para o entendimento da trajetória da cultura hip hop em Uberlândia. Por meio da obtenção e análise destes depoimentos, temos acompanhado de forma intensa os conflitos e tensões compartilhadas pelos sujeitos sociais em seu próprio tempo, bem como algumas reflexões propostas pelo campo da historiografia que discuti a importância, as dificuldades e as contribuições no uso de tais fontes. Assinalamos a contribuição teórica trazida pelo referencial bibliográfico que adotamos até o momento, abarcando informações e reflexões relativas à cultura hip hop, suas mudanças e transformações, à indústria fonográfica ao longo do século XX, debates acerca da massificação cultural da chamada cultura popular, dentre outras abordagens. Este manancial possibilita-nos dialogar com as discussões acerca da incorporação e apropriação da cultura hip hop em termos históricos.

RESULTADOS:

Em decorrência desse trabalho, pudemos compartilhar experiências diversas, tanto no meio acadêmico através de comunicações, publicação de artigos, painéis, mini-cursos, oficinas, palestras que propiciaram debates e discussões com ouvintes e outros pesquisadores da área que contribuíram para nossa formação enquanto historiador, quanto aos próprios sujeitos participantes da cultura hip hop por meio de livros, da música, dança, grafiti e entrevistas, os quais permitiram um contato mais próximo com esses personagens culturais da história uberlandense. A pesquisa tem estimulado, ainda, a conclusão do trabalho de final de curso, a monografia.

CONCLUSÕES:

Conseguimos, até o presente momento, perceber múltiplas representações que são feitas acerca do movimento hip hop em âmbito local, como as pessoas assimilaram o hip hop nas décadas de 1970/80, a partir de vivências, anseios, expectativas díspares compartilhadas no processo de formação do movimento em Uberlândia. Acompanhamos o modo pelo qual os sujeitos participantes desse processo receberam as informações referentes ao hip hop, principalmente via grande mídia, que, no entanto não eram explicativas, mas sim aparições esporádicas como de Michael Jackson, filmes e propagandas que veiculavam elementos dessa cultura. Detectamos apropriações e incorporações diversificadas, o que no caso de Uberlândia deu início à Dança de Rua. Com os avanços tecnológicos propiciados pela Indústria Cultural, principalmente na década de 1990, estes sujeitos passaram a ter contato com Cd’s, programas de rádio, revistas, vídeos e documentários que divulgaram o hip hop sem, no entanto propiciar o abandono da dança de rua.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Hip Hop; Apropriação; Mídia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006