IMPRIMIR VOLTAR
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E HIDRÁULICA DE UNIDADES MORFOLÓGICAS DE CANAL NO CÓRREGO GUAVIRÁ, MARECHAL CÂNDIDO RONDON (PR).
Marcos Alexandre Arndt  1
Oscar Vicente Quinonez Fernandez 2
(1. Acadêmico do curso de geografia/ Unioeste; 2. Prof° Doutor do departamento de geografia/ Unioeste (Orientador))
INTRODUÇÃO:
O conhecimento das características físicas e da dinâmica das unidades morfológicas de canal é essencial em estudos de preservação de cursos d’água e em projetos de recuperação morfológica de áreas de fundo de vale. As características dos cursos fluviais ao longo do perfil longitudinal podem ser classificadas em categorias de acordo com as escalas espaciais consideradas. Em cada escala, as feições devem ser ordenadas em grupos tendo como base as suas similaridades FRISSEL, C.A. et al [Environmental Management 10 (1986) 199-214]. VAN NIEKERK, A. W. et al. [South African Geographical Journal 77(1995)68-76] agrupam hierarquicamente as feições nas seguintes categorias: unidade morfológica, tipo de canal, trecho, macro-trecho, sistema fluvial e bacia hidrográfica. As unidades morfológicas constituem a unidade básica em termos de comprimento podem variar de 0,1 a 1 vez a largura do canal ativo. O presente trabalho consiste no levantamento, descrição e classificação dos Hábitat aquáticos observadas no córrego Guavirá, em um trecho de 5 km, que compreende da nascente até a foz do tributário córrego Peroba. O córrego localiza-se a oeste da área urbana do município de Mal. Cândido Rondon, e drena cerca de 70% das águas pluviais do mesmo. O município pertence a mesorregião de Toledo, terceiro planalto paranaense, com substrato rochoso constituído de rochas basálticas de formação Serra Geral, sob influência climática Cfa IAPAR [Cartas climáticas básicas do Estado do Paraná(1994) 49 p.].
METODOLOGIA:

Nas campanhas de campo são identificadas unidades morfológicas, nas quais foram mensuradas  as seguintes características físicas e hidráulicas: Velocidade média V (m/s): a velocidade do fluxo d’água é medida com o método do flutuador, aplicando a equação, V =(D/T).K,. onde D para distância percorrida pelo flutuador; T para tempo médio que o flutuador percorre a distância estipulada; K um valor constante variando de 0,75 para material seixos e blocos e 0,85 para areia , silte e argila. Profundidade média Z (m): média aritmética das profundidades obtidas nas verticais. Largura superficial (m): é o comprimento da seção transversal do canal ativo. Comprimento da unidade morfológica (m): é o comprimento da feição com semelhantes características físicas e hidráulicas, sendo medida longitudinalmente no canal. Gradiente da lâmina d’água S (m/m): é o desnível entre dois pontos localizados entre montante e a jusante da feição, onde à distância e a declividade entre os dois pontos é submetida a equação: S= desnível/distância horizontal. Para obter o desnível foi empregado nível de bolha e a trena. Numero de Froude (Fr): É o parâmetro hidráulico adimensional que discrimina a velocidade do fluxo em subcrítico (tranqüilo) quando Fr menor que 1, e supercrítico (rápido) quando Fr maior que 1. Fr é calculado pela equação: Fr=V/(g.Z)0,5, onde: V para velocidade média; g para aceleração da gravidade (9,81 m/s2) e  Z para profundidade média.

RESULTADOS:
Com base nas características físicas e hidráulicas de cada hábitat descrito, os mesmos foram divididos cinco tipos: corredeiras, depressões, cascatas e quedas d’água. As corredeiras ocorrem em locais onde afloram rochas basálticas, o leito apresenta uma morfologia caracterizada pela regularidade da superfície. As depressões são porções rebaixadas do leito. As cascatas constituem uma sucessão de degraus e pequenas depressões, e são formadas pelo acúmulo de blocos e matacoes depositados pelo fluxo em fileiras perpendiculares às direções do fluxo, e entre os degraus existem pequenas depressões. As quedas d’água ocorrem quando o rebaixamento do leito nos trechos superiores do córrego provoca o afloramento da rocha basáltica. A estrutura de cada derrame basáltico é constituída por uma camada basal vítrea, uma faixa com diáclases horizontais e uma zona de diáclases verticais LEINZ, V. & AMARAL, S.E.{Geologia Geral (1989) 399 p.]. As quedas são formadas quando o córrego corta o derrame na faixa com diáclases verticais, removendo os blocos da rocha, que são separados seguindo os planos das fraturas, permitindo a evolução vertical da cachoeira. Foram descritos 35 corredeiras, 49 depressões, 6 cascatas e 13 quedas d’água. A partir do conhecimento da distribuição espacial das unidades morfológicas, o canal foi dividido em 9 trechos de acordo  a associação espacial dos habitats, delimitando trechos com menor ou maior ação alterações antrópicas.
CONCLUSÕES:

Diante da atual distribuição das unidades morfológicas, e a alteração proveniente do aprofundamento do canal, destacamos a alteração do curso do canal e o aprofundamento do seu leito em alguns trechos como um dos impactos mais expressivos na cabeceira do córrego. Isso se justifica pela ocorrência de depressões formadas por entulhos lançados no canal e corredeiras longas com material de fundo fino derivadas da canalização do canal na área de brejo. Outra alteração que se apresenta ao longo de curso analisado é o aumento extraordinário da vazão durante as precipitações, devido a impermeabilização da  bacia. Este fato aumenta o transporte do material de fundo e de suas margens, modificando constantemente as características e a distribuição das unidades morfológicas. Assim concluímos que os trechos mais alterados são a cabeceira e os três últimos trechos. Na cabeceira a ação antrópica diretamente no canal criou trechos retilíneos com material de fundo incompatível com a velocidade do fluxo. Nos três últimos trechos a concentração de água durante as chuvas altera constantemente a distribuição e características físicas das unidades morfológicas, dificultando a manutenção da vida aquática no canal. Dessa forma, concluímos que os hábitats aquáticos do córrego Guavirá são instáveis, alertando para a necessidade de projetos de estabilização do acréscimo de vazão durante os eventos chuvosos.

Instituição de fomento: PIBIC/Unioeste/PRPPG
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Habitats fluviais; Unidades morfológicas; Instabilidade do canal.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006