A obesidade é um problema de saúde pública no Brasil, com sua prevalência crescendo em níveis epidêmicos, associado a um elevado risco de morbidade e mortalidade. É definida como uma síndrome multifatorial, a qual é constituída de alterações funcionais, de composição bioquímica, do metabolismo, da estrutura corporal, caracterizadas pela expansão do acúmulo subcutâneo de gordura com o aumento do peso corporal. Sua etiologia está ligada a predisposição genética, aspectos emocionais, nutricionais e os aspectos ligados ao maior ou menor gasto de calorias. O tratamento da obesidade envolve vários fatores (reeducação alimentar, aumento da atividade física, entre outros), sendo que, em certos casos, o tratamento não medicamentoso nem sempre é eficaz. Dentre os medicamentos utilizados para o tratamento da obesidade estão as substâncias anorexígenas centrais, os moderadores de apetite. Eles agem no sistema nervoso central, devendo ser prescritos somente nos casos em que o Índice de Massa Corporal (IMC) é superior a 30 Kg/m² ou 25 Kg/m² em associação com comorbidade. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil evidencia-se pelo consumo exagerado de anorexígenos entre outras substâncias na guerra contra a obesidade.

O estudo foi baseado no levantamento das quantidades (g) dos medicamentos anorexígenos sujeitos a controle especial (anfepramona ou dietilpropiona, femproporex, mazindol) dispensados em aproximadamente 14 (catorze) farmácias e 44 (quarenta e quatro) drogarias no município de Santa Cruz do Sul – RS, com cerca de 116 mil habitantes, mediante os balanços do ano de 2004 previstos na Portaria 344/1998, os quais são entregues pelos mesmos estabelecimentos farmacêuticos à Vigilância Sanitária (VISA) do município.

No  ano de 2004, em Santa Cruz do Sul-RS, foram dispensados nas farmácias 3280,535 g de anfepramona, 1932,344 g de femproporex e 18,52 g de mazindol e nas drogarias, 848 g de anfepramona, 376,75 g de femproporex e 5,12 g de mazindol. Tendo-se em vista que, o município possui 44 drogarias e estas dispensaram no ano de 2004, cerca de 1229,87 g de anorexígenos centrais enquanto que, catorze farmácias do município manipularam e dispensaram aproximadamente 5231,4 g destas substâncias.

De acordo com os resultados obtidos, evidencia-se a significativa quantidade das substâncias anorexígenas manipuladas, considerando-se ainda que, o município possui um maior número de drogarias em relação ao número de farmácias. Considerando que os anorexígenos constituem uma alternativa terapêutica de baixo custo, acessível às camadas de baixa renda da população, onde mais cresce a prevalência da obesidade. Entretanto, esses medicamentos necessitam de prescrição médica, dipensação com orientação farmacêutica, principalmente a respeito dos riscos potenciais do uso indiscriminado e, ainda, fiscalização intensiva dos órgãos competentes, em relação aos prescritores e estabelecimentos que manipulam e dispensam as mesmas substâncias, com o objetivo de coibir o abuso na prescrição e comercialização destes medicamentos.