IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 1. Anatomia Patológica e Patologia Clínica

ANÁLISE IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS LESÕES NEURAIS CUTÂNEAS EM CRIANÇAS PORTADORAS DE HANSENÍASE

Marcel Trindade Cruz 1
Ricardo Fakhouri  1
(1. Departamento de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (DME-UFS))
INTRODUÇÃO:

A Hanseníase é uma infecção crônica causada por Mycobacterium leprae, afetando tecidos cutâneos e nervos periféricos. Pode provocar incapacidades físicas ou mesmo deformidades. A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente, e a mais provável porta de entrada no organismo passível de ser infectado são as vias aéreas superiores. A pele erodida, eventualmente, pode ser a porta de entrada da infecção. Manifesta-se por lesões cutâneas anestésicas e distúrbios neuríticos. Pode atingir todas as idades e ambos os sexos, apresentando duas formas polares, virchowiana e tuberculóide, e várias intermediárias, dependendo da resistência do hospedeiro. O diagnóstico precoce é dificultado por diversas condições mas, o neurotropismo da doença permite achado de fragmentos de filetes nervosos no interior dos granulomas, através da análise imuno-histoquímica utilizando-se a proteína S100, como marcador imunohistoquímico das células nervosas de Schwann. A Finalidade da pesquisa foi analisar imuno-histopatologicamente as lesões neurais cutâneas em crianças portadoras de hanseníase demonstrando, assim, as características principais do dano neural provocado pela doença em suas diferentes formas.

METODOLOGIA:

Foram recuperados os casos de hanseníase em crianças de 0 a 15 anos notificados no Serviço de Patologia da Universidade Federal de Sergipe entre os anos de 1997 e 2003. Foi realizada a confecção de lâminas das biópsias cutâneas com as técnicas de hematoxilina e eosina e de imuno-histoquímica com antiproteína S-100, marcador neural. Compararam-se os achados das duas técnicas para avaliar aquela que melhor caracterizava a lesão provocada pelas diversas formas de hanseníase. Caracterizaram-se os diferentes padrões de lesão neural pelas características histopatológicas. Foi possível avaliar com grande acuidade o grau de comprometimento destes pedaços de tecidos.

RESULTADOS:
Das 56 lâminas analisadas, observou-se comprometimento em aproximadamente 69,0% dos fragmentos nervosos. A variedade da doença com maior proporção de filetes nervosos lesados foi a virchowiana, com 87,8% de comprometimento dos filetes nervosos. O padrão de envolvimento dos nervos mais encontrado foi o infiltrado, com 39,8% do total de fragmentos nervosos analisados, seguido, respectivamente, pelos padrões intacto e fragmentado. O padrão de envolvimento dos nervos do tipo ausente não foi encontrado nas lesões. A forma tuberculóide foi a mais lesiva para os nervos dérmicos, com 76,9% de incidência do padrão fragmentado. As lesões mais graves de envolvimento neural ocorreram com padrão fragmentado, em quase 30% dos casos analisados.
CONCLUSÕES:
O comprometimento de filetes nervosos cutâneos tem elevada incidêcnia em crianças. As lesões graves de envolvimento neural ocorrem com o padrão fragmentado, mais encontrado na forma tuberculóide.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Hanseníase; Proteína S100; Filetes nervosos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006