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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia

GIRINOS DO PLANALTO DE ARAUCÁRIAS

Camila Both 1
Ígor Luís Kaefer 1
Sonia Zanini Cechin 2
Mirco Solé 3
(1. Curso de Ciências Biológicas / UFSM; 2. Prof. Dra., Depto. de Biologia / UFSM; 3. Prof. Dr., Lab. de Pesquisas Biológicas / Uni-Tübingen)
INTRODUÇÃO:

No Rio Grande do Sul, o conhecimento da anurofauna tem aumentado nas últimas décadas. O número de espécies de anfíbios anuros registradas para o Estado aumentou de 62 espécies para 79 nas últimas décadas.  A maioria dos estudos realizados é de caráter taxonômico, entretanto, ainda não se conhece suficientemente a respeito da taxonomia, sistemática e padrões de ocorrência dos anfíbios anuros locais, e sabe-se menos ainda acerca de história natural das espécies. O Planalto das Araucárias é a região que teve a sua anurofauna melhor estudada no Estado, tendo sido pesquisada intensamente nos últimos dez anos. Ainda assim, nenhum estudo abordando larvas de anuros foi realizado até o momento. Para a região, são conhecidas 39 espécies de anuros, sendo que 34 delas ocorrem no Centro de Pesquisa e Conservação da Natureza Pró-Mata, localizado no município de São Francisco de Paula. Visando melhorar o conhecimento relativo aos girinos da região, nós estudamos a morfologia externa de 27 espécies presentes no Pró-Mata.

METODOLOGIA:
Espécimes adultos foram coletados no Centro de Pesquisa e Conservação da Natureza Pró-Mata, 29°27’ - 29°35’ S e 50°08’ – 50°15’ W, entre os anos de 1994 e 1999. Para a obtenção de girinos, foram coletados casais em amplexo, das diferentes espécies, e mantidos em cativeiro até a realização das respectivas desovas. As desovas permaneceram em laboratório até a eclosão dos girinos, que eram então transferidos para poças artificiais, de dimensões 100 x 100 x 40 cm, construídas no campo, próximas ao sítio de coleta. As poças foram preenchidas com água dois dias antes de receberem girinos, para evitar eventuais predadores. Exemplares das diferentes espécies, em diferentes estágios, foram coletados, fixados em álcool 70%, e depositados em coleções do Museu de Ciência e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e do Museu de História Natural da Cidade de Stuttgart, Alemanha. Ao todo, foram analisadas 27 espécies de girinos pertencentes às famílias Bufonidae, Hylidae, Leptodactilydae e Microhylidae. As análises foram feitas com o auxílio de lupa binocular e as ilustrações com o auxílio de câmera clara acoplada à lupa. Ao analisar a morfologia externa de cada exemplar foram registrados dados morfométricos de nove medidas e dados diagnósticos, como coloração e local de inserção de nadadeiras
RESULTADOS:
Foi possível observar e comparar a diversidade morfológica de 27 espécies: Bufo ictericus (Bufonidae); Aplastodiscus perviridis, Dendropsophus microps, D. minutus, Hypsiboas bischoffi, H. faber, H. leptolineatus, H. marginatus, H. pulchellus, Phrynohyas cf. imitatrix, Pseudis cardosoi, Scinax catharinae, S. granulatus, S. perereca, S. squalirostris, (Hylidae); Hylodes meridionalis, Leptodactylus ocellatus, L. plaumani, Physalaemus cuvieri, P. lisei, P. nanus, P. aff. gracilis, Odontophrynus americanus, Proceratophrys bigibbosa, P. brauni (Leptodactylidae), Elachistocleis bicolor, E. erytrogaster (Microhylidae). Sendo que 9 destes girinos não possuem descrições, avaliáveis, em periódicos científicos até o momento: H. leptolineatus, S. catharinae, H. meridionalis, L. plaumani, P. lisei, P. nanus, P. aff. gracilis, P. brauni e P. bigibbosa. Os girinos mais distintos são os microhylídeos, que apresentam partes bucais muito distintas, sem queratodontes, e espiráculo próximo ao tubo anal. Os girinos de bufonídeos apresentam coloração preta, bastante intensa, que possibilita a sua distinção dos demais. Dentre os hylídeos, os diferentes gêneros são facilmente distinguíveis, entretanto diferenciações congenéricas, como em algumas espécies do gênero Scinax, podem ser difíceis. Com leptodactylídeos o mesmo é verificado, sendo os girinos do gênero Physalaemus de difícil identificação.
CONCLUSÕES:
Observando os caracteres morfologia e analisando dados métricos das espécies presentes no Pró-Mata, constatamos ser possível a identificação destas apenas com o auxílio de uma lupa binocular. Entretanto, a distinção de algumas espécies, principalmente as congenéricas, pertencentes às famílias Hylidae e Leptodactylidae é de difícil realização. Em muitos casos as diferenças são mínimas, como a disposição de papilas no disco oral, o que pode dificultar a diferenciação. O grande número de morfologias larvais desconhecidas, provenientes apenas desta localidade, reflete a escassez de estudos deste tipo. Os dados obtidos servirão para que futuros estudos sejam realizados com girinos na região do planalto de araucárias.
Instituição de fomento: PIBIC / CNPQ
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Girinos; Morfologia; Sul do Brasil.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006