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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
ANATOMIA, HISTOQUÍMICA E ULTRA-ESTRUTURA DAS LESÕES LEPRÓTICAS CAULINARES EM Citrus sinensis (L.) OSBECK PÊRA
João Paulo Rodrigues Marques 1
Beatriz Appezzato-da-Glória 1
Renata Takassugui Gomes 2
Elliot Watanabe Kitajima 2
Juliana de Freitas-Ástua 3
(1. Escola Superiro de Agricultura Luiz de Queiroz, Depto. Ciências Biológicas. ; 2. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, NAP/MEPA; 3. Embrapa Milho e Sorgo/ Centro APTA Citros Sylvio Moreira, Cordeirópolis, SP)
INTRODUÇÃO:
A doença leprose, transmitida pelo ácaro Brevipalpus phoenicis Geiykes, é considerada uma das mais importantes enfermidades dos Citrus no Brasil devido aos prejuízos econômicos por ela causados, podendo atingir valores da ordem de US$ 100 milhões com o controle do ácaro vetor. Tal enfermidade possui etiologia viral e pode afetar toda a planta com lesões não sistêmicas nos caules, nas folhas e nos frutos, que podem acarretar na queda prematura das folhas e frutos, definhamento dos ramos e, em  casos severos de infecção pode causar a morte da planta. O presente trabalho teve por objetivo descrever estruturalmente e histoquimicamente as principais alterações observadas nos caules lesionados, visando a compreensão do fato que leva ao definhamento do ramo, e verificar possíveis alterações na produção de diferentes compostos químicos.  
METODOLOGIA:

Análises morfo-anatômicas. As diferentes amostras de caules de Citrus sinensis (L) Osbeck ‘Pêra’, apresentando lesões em estágios distintos foram coletadas e fixadas em solução de Karnovsky (Karnovsky, 1965). Para melhor fixação, as amostras foram levadas a uma bomba de vácuo para a retirada do ar contido nos espaços intercelulares. Após a fixação, as amostras foram desidratadas em série etílica e infiltradas com a resina metacrilato da Leica, seccionadas de 5 a 7 mm de espessura. As amostras foram então coradas com azul de toluidina (Sakai, 1973) para as análises histológicas usuais, com Sudan black B (Pearse, 1962) para detectar substâncias de natureza lipídica; sulfato

azul do Nilo (Nile blue) (Cain, 1947) para distinguir diferencialmente os lipídios em ácidos ou neutros; cloreto férrico (Johansen, 1940) para verificar a formação de compostos de natureza fenólica; cloreto de zinco iodado (Jensen, 1962) para detectar amido nos tecidos estudados; Aniline blue black (Fisher, 1968) para identificar a presença de compostos de natureza protéica e vermelho de rutênio (Chamberlain, 1932, modificado) para a detecção compostos de natureza péctica. Depois de coradas, as lâminas histológicas foram montadas em resina sintética “Entellan” e as imagens foram capturadas em microscópio e processadas em computador para confecção das ilustrações.

 

Técnica utilizada para microscopia eletrônica de varredura (MEV). Nas análises morfo-anatômicas, os caules apresentando ou não sintomas da doença, foram coletados e já fixados em solução de Karnovsky (Karnovsky, 1965). Para melhor fixação, as amostras foram levadas a uma bomba de vácuo para a retirada do ar contido nos espaços intercelulares. Após a fixação, as amostras foram lavadas com tampão fosfato, e postas em contato com glicerina 30%, com finalidade de se evitar a formação de cristais de gelo. Após a glicerina, as amostras foram mergulhadas em nitrogênio líquido, fraturadas (criofratura), e lavadas em água destilada. As amostras resultantes da criofratura foram desidratadas em serie cetônica (10, 30, 50 , 70, 90 e 100%),  secadas ao método do ponto crítico de CO2 (Horridge & Tamm, 1969), montadas sobre suportes de alumínio e cobertas com uma camada de ouro de 30 a 40 nm. As observações e as elétron-micrografias foram feitas ao microscópio eletrônico de varredura modelo LEO VP 435, operado a 20 kV, com as escalas das elétron-micrografias diretamente impressas nas mesmas.
RESULTADOS:
Como observado, as lesões nos ramos podem ser distinguidas morfologicamente como sendo lesões tipo pústula (cloróticas e necróticas) e lesões deprimidas (necróticas apenas). As lesões cloróticas apresentam as células epidérmicas e as células corticais com conteúdo de natureza lipídica. As células corticais, na região lesionada, também podem apresentar-se hipertrofiadas. Nas lesões tipo pústulas necróticas as fendas são freqüentes. Tal característica morfológica se dá com o rompimento nas camadas de células da epiderme e do córtex as quais apresentam comumente conteúdo lipídico. Nestas lesões o parênquima cortical e o tecido floemático apresenta hiperplasia. Também as células do floema apresentam-se colapsadas, podendo atingir amplas faixas. Nota-se nestas lesões, junto ao câmbio vascular, a presença de ductos traumáticos secretores de mucilagem. Tal composto também é freqüentemente observado no lume dos elementos de vaso do xilema. Nas lesões deprimidas nota-se que há um anelamento completo do caule, e que as células corticais nesta lesão apresentam-se com conteúdo de natureza lipídica. O floema apresenta-se com hiperplasia e colapso celular. Os ductos traumáticos neste tipo de lesão são freqüentes. Também foi observado em todas as lesões que o amido presente nas células é consumido.
CONCLUSÕES:
Com observado, os ramos apresentam estágios distintos de sintomas das lesões, os quais provavelmente sigam uma ordem morfo-anatômica plausível na evolução e no estabelecimento destas nos ramos. As maiores alterações anatômicas foram observadas nas lesões necróticas, onde o córtex apresenta-se com células hipertrofiadas ou em hiperplasia. Este estado das células parenquimáticas corticais, provavelmente acabem por gerar uma pressão interna nos demais tecidos, dentre os quais o floema, causando o colapso das paredes celulares do tecido floemático e, como as células epidérmicas e corticais apresentam-se necrosadas, a pressão exercida nestas camadas leva ao seu rompimento, característica conhecida como fenda. Como o floema possui células com intensa atividade hiperplásica, isto leva ao agravamento do colapso das células deste tecido, podendo algumas camadas de células apresentar este sintoma, quando o tecido é visto em secção longitudinal. A presença de ductos traumáticos secretores de mucilagem, e deste composto no lume dos elementos de vaso do xilema situados próximos à área lesionada, poderiam estar correlacionados com o comprometimento do transporte de seiva nestes tecidos. Sugere-se que o amido consumido poderia estar relacionado com a síntese de mucilagem ou com o suprimento energético para as células que apresentam-se em intensa atividade de divisão celular.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: ANATOMIA; Citrus sinensis; LESÕES LEPRÓTICAS CAULINARES .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006