IMPRIMIR VOLTAR
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E CAULE DA AMORA BRANCA Rubus brasiliensis MARTIUS
Daliane Viana da Silva 1
Eliane Ferrarini 1
Jadna Catafesta 1
Juliana Ferla 1
Raul Riveros 1
(1. Departamento de Física e Química, Universidade de Caxias do Sul/UCS)
INTRODUÇÃO:

Rubus brasiliensis Martius, popularmente conhecida como amora branca, destaca-se por seu uso na medicina popular na região da serra gaúcha. Estudos farmacológicos sistemáticos sobre a infusão (fração volátil, óleo essencial) e de frações dos extratos obtidos por polaridade crescente de Rubus brasiliensis têm demonstrado propriedades anticonvulsiva, hipnótica e relaxante da fração hexânica. Também demonstrado o efeito analgésico de sua fração butanólica, e o efeito ansiolítico induzido em testes realizados em ratos. Neste trabalho é realizado o estudo químico das partes aéreas (folhas e caule) da amora branca (R. brasiliensis Martius), com o objetivo de isolar e caracterizar os componentes majoritários presentes nos extratos, realizando também o estudo da atividade antimicrobiana dos extratos.

METODOLOGIA:

As partes aéreas R. brasiliensis Martius foram coletadas no município de Caxias do Sul, em março de 2005, no período da floração. As folhas e caule foram separados e secos à sombra, moídos e submetidos à extração em extrator tipo Soxhlet por 48 horas com solventes de polaridade crescente (hexano, diclorometano e etanol), obtendo-se os extratos: hexânico, diclorometânico e etanólico. Com parte das folhas obteve-se a fração volátil (óleo essencial) através de hidrostilação em um aparato tipo Clevenger. A separação cromatográfica dos extratos foi realizada em coluna de sílica gel e as frações obtidas foram analisadas em cromatografia de camada delgada e utilizando-se variados tipos de reagentes reveladores específicos. As frações foram purificadas com cromatografia de microcoluna, cromatografia de camada delgada e recristalização. A identificação dos compostos purificados é feita por espectroscopia de Infravermelho (IV), Ultravioleta (UV), RMN1H e RMN13C. O óleo foi analisado por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas CG/MS. Os extratos brutos tiveram sua atividade antimicrobiana avaliada de acordo com técnica de difusão em disco em meio Muller-Hinton com bactérias ATCC: Bacillus cereus, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosas, Salmonella anatum, Serratia marcescens e Staphylococcus aureus.

RESULTADOS:

Apartir do óleo essencial, foram identificados 43 componentes através de CG/MS, sendo o ácido dodecanóico e ácido hexadecanóico os componentes majoritários . A partir do extrato hexânico das folhas, purificou-se compostos com aspecto amorfo, coloração esbranquiçada e pontos de fusão baixo. Através dos espectros de IV e RMN1H observa-se que as estruturas em sua maioria correspondem a cadeias alifáticas, característico de ceras. No extrato etanólico das folhas observa-se que os componentes purificados possuem estruturas tipo terpênica. O parâmetro de análise da avaliação da atividade antimicrobiana baseia-se na capacidade dos compostos de inibirem o crescimento das bactérias, através do halo de inibição formado. Foi observado que as bactérias Bacillus cereus e Proteus vulgaris demonstraram sensibilidade de crescimento ao extrato hexânico bruto. Apresentaram certa sensibilidade ao extrato etanólico bruto: Klebsiella pneumoniae e Proteus vulgaris, e a cultura de S.aureus , apresentou maior halo de inibição.

CONCLUSÕES:

Alguns dos compostos do extrato etanólico apresentam estrutura tipo terpênica, estas estruturas apresentam propriedades biológicas conhecidas, como bactericidas e fungicidas. Os testes realizados para comprovar a atividade antimicrobiana dos extratos hexânico e etanólico das folhas resultaram positivos para algumas espécies, como S.aureus que frente ao extrato etanólico sofreu inibição de forma significativa. Para verificar as ações biológicas ou atividades farmacológicas, bem como avaliar sua eventual toxicidade, o conhecimento da estrutura química dos componentes purificados é parte importante no trabalho. No entanto, as estruturas dos compostos purificados dos extratos hexânico e etanólico das folhas não foram totalmente elucidadas, outras análises como de RMN13C e espectroscopia de massa estão em estudo. Os extratos obtidos a partir do caule apresentaram baixo rendimento o que dificultou o processo de fracionamento.

Instituição de fomento: UCS e FAPERGS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave:  amora-branca; ansiolítica; atividade antimicrobiana.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006