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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
Por uma geografia politica da imagem e do discurso: poder simbólico e espaço urbano nas comemorações dos 450 anos da cidade de São Paulo.
Eduardo Donizeti Girotto 1
(1. Universidade de São Paulo)
INTRODUÇÃO:

A cidade de São Paulo, no momento atual, no qual vigora a lógica da sociedade do espetáculo, se tornou um evento da metrópole, uma mercadoria qualquer com um certo valor de troca. Para além da vivência, a cidade é consumida, na velocidade incessante da reprodução ampliada do capital, em sua esfera mundial.

Partindo deste pressuposto, este trabalho teve como objetivo analisar o fenômeno da transformação da cidade em mercadoria a partir das comemorações dos 450 anos da cidade de São Paulo. Nosso intuito era compreender que maneira foi um certo discurso e uma certa imagem da cidade que reapropriados por novos agentes sociais contribuiu de forma decisiva para a mercantilização da cidade e para a alienação do cidadão. 

METODOLOGIA:
Para o desenvolvimento desta pesquisa, realizamos trabalhos de campo, leituras, entrevistas não diretivas, análises de material histórico e geográfico, buscando reunir o máximo de fontes e perspectivas que nos possibilitassem um leitura mais aprimorada de nosso objeto de estudo. As discussões e a participação em grupos de estudos foi também uma importante base para que pudessemos partilhar as experiências encontradas.  
RESULTADOS:
De maneira geral, esta pesquisa nos possibilitou uma compreensão mais profunda do que vem a ser o fenômeno urbano na realidade, em suas múltiplas implicações. A maneira como a imagem e o discurso da cidade foram criados e recriados em diversos momentos e situações nos fez perceber a existência de inúmeras estratégias na cidade que partem da idéia da urbanização enquanto um grande negócio. A mercantilização da cidade é um momento no qual as múltiplas possibilidades que se encontravam implicadas nela se transformaram em resíduos, pano de fundo para que a lógica de reproduçao do capital possa se realizar. Essa mercantilização da cidade, por sua vez, não se dá sem o prejuízo daqueles que a habitam: a dissociação do sujeito, a alienação e em muitos casos a dilaceração são as marcas do habitar trágico da metrópole mercadoria.
CONCLUSÕES:
O debate sobre o urbano e a mercadoria devem ganhar importância central dentro das ciências sociais se quisermos entender um pouco melhor a maneira como se configuram as relações entre os homens e os lugares na atualidade. A cidade como mediação e como resultado das relações humanas deve ser redescoberta por debaixo dos outdoors, das luzes, da velocidade da mercadoria que tende a ofuscar a presença humana na cidade. Para além da aceitação do falso caos, as ciências sociais devem apontar possibilidades para que a vida humana possa de novo se realizar nas cidades, de forma a romper com lógica que é hoje dominante. 
Instituição de fomento: CNPQ
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Discurso; Imagem; Urbano.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006