A percepção ambiental é hoje uma das investigações que permite maior aproximação da realidade local de uma população. Oferece suporte ao diagnóstico de anseios e rejeições de um determinado grupo, o que para o desenvolvimento turístico é fundamental se detectar (BONALUME, 2002)[1]. Situado no norte do Estado do Rio de Janeiro, o Município de Campos dos Goytacazes se destaca por sua extensão territorial de 4036 km², o que o dotou de uma diversidade paisagística e potencialidades naturais de usos diversos. O objetivo ora proposto é caracterizar o potencial turístico desse Município de modo a se compor um programa de desenvolvimento apoiado em atividades de turismo cultural e ecológico. O turismo cultural e ecológico deriva de processos sociais capazes de mobilizar a economia local, se estendendo a níveis regionais e globais. Além disso, as necessidades desses processos promovem a proteção e recuperação de recursos naturais, bem como de estruturas rural e urbana, o que em linhas gerais vêm a contribuir com o processo de desenvolvimento local.

Para Najara (2005)[2] “Perceber é mais do que compreender é sentir as necessidades, é despertar para o acontecimento. Os estudos de percepção são uma importante contribuição na complexa ação de ajuda ao meio ambiente. Estamos falando de uma necessidade de não apenas de uma visualização dos problemas, mais do que isso, deles serem sentidos e interpretados, para que assim possam ser solucionados ou mitigados”.

O Turismo é um dos fenômenos mais marcantes da atualidade sendo um dos segmentos que mais cresce no mundo, propicia a geração de emprego, renda e todo um fluxo de serviços e pessoas. Destaca-se, portanto que esse segmento econômico agrega possibilidades de desenvolvimento para uma região, mais como qualquer outra atividade econômica gera vários problemas de cunhos ambientais e sócio-culturais, visto que o turismo implica na utilização de lugares, espaços, “recursos”, que se não forem bem planejados com organização e uma eficaz infra-estrutura pode gerar graves problemas para a localidade em que está sendo desenvolvido.

Sendo assim, qualquer proposta de Desenvolvimento Local necessita antes de tudo do diagnóstico do imaginário da população local, através do que será possível se disponibilizar à comunidade ferramentas que possibilitem um “novo olhar” ao seu local. A Educação Ambiental por sua vez proporciona os instrumentos necessários a essa visão ecológica e preservacionista esperada. Dessa forma as etapas a seguir compõem o programa experimental:

Ø      Utilização do Geoprocessamento (Arcview 3.2a) para a produção de mapas temáticos através dos quais é possível se delimitar áreas de risco a erosão, deslizamentos, inundação entre outros usos potenciais conforme aspectos da geomorfologia, cobertura vegetal e solos;

Ø      Levantamento fotográfico da paisagem para registro das condições iniciais do projeto e posterior desenvolvimento;

Ø      Aplicação dos Questionários de percepção ambiental e solicitação de um desenho representativo da região.

A análise dos desenhos possibilitou se detectar a importância dos recursos hídricos em dois distritos com 33% de referencias do mar, lagoas e rios. Tal fato revela ainda os fortes traços de espaço vivido, na importância dos barcos e da principal atividade econômica local, a pesca. Nos outros dois distritos onde a paisagem rural é muito marcante o desenhos também revelaram a relação dos alunos com o local, destacando morros, açudes, gado e plantações de cana. Da mesma forma no mais urbano sua representação no imaginário da comunidade foi destacado, mesmo existindo uma lagoa de cerca de 14km², que durante o período de verão é o principal local de laser. Essa lagoa foi citada apenas cinco vezes como lugar bonito, num universo de 583 questionários. E os desenhos revelaram um forte vínculo com a paisagem urbana, destacando praças, clubes e ruas.

Assim observa-se que através do diagnostico de Percepção Ambiental é possível se obter um banco de dados que dará suporte aos Programas de Educação Ambiental, e com isso preservar e recuperar paisagens, podendo também incentivar o Turismo Sustentável para desenvolver as localidades, gerando renda para as mesmas.