IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 4. Desnutrição e Desenvolvimento Fisiológico

A DESNUTRIÇÃO PROTÉICO ENERGÉTICA MODIFICA O ESTROMA MEDULAR: POSSÍVEL MECANISMO ENVOLVIDO

Marco Aurélio Ramirez Vinolo 1
Amanda Rabello Crisma 1
Karina Nakajima 1
Dulce Schimiegel 1
Marcelo Macedo Rogero 2
Primavera Borelli 1
(1. Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas FCF-USP; 2. Departamento de Alimentos FCF-USP)
INTRODUÇÃO:

As células hemopoéticas e o estroma da medula óssea (MO) estão intrinsecamente ligados e constituem o tecido responsável pela produção das células do sangue. A desnutrição protéico-energética (DPE) é uma das principais causas de imunodepressão. Temos relatado em camundongos desnutridos, pancitopenia, hipoplasia medular e comprometimento de componentes da resposta imune. Neste trabalho avaliamos, in vitro, os efeitos da DPE sobre o componente estromal da MO.

METODOLOGIA:

Camundongos Black C57/6J, machos, adultos, separados em grupos controle (C) e desnutrido (D) receberam, respectivamente, ração com 20% e 2% de proteína (caseína). Após a perda de cerca de 20% do peso inicial dos animais do grupo D, os animais dos grupos C e D foram anestesiados e coletaram-se as células da MO por lavagem da cavidade femoral. Após quantificação, procedeu-se ao ensaio de cultura de longa duração da medula óssea (LTBMC). Na LTBMC avaliou-se a produção de GM-CSF e TNF-α e a capacidade do estroma em suportar a hemopoese, após irradiação (5 Gy) para eliminar a hemopoese endógena, e co-cultura com células tronco hemopoéticas (CD34+) obtidas de animais C por separação em coluna magnética. Além disso, realizou-se o ensaio de CFU-F (unidades formadoras de colônias fibroblásticas), que estima o número de células tronco mesenquimais. Os resultados foram analisados pelo teste t pareado(* p≤0,05).

RESULTADOS:

Os animais D apresentaram menor celularidade na MO em relação aos C. O estroma obtido de animais D apresentou menor capacidade de suportar a hemopoese, o que foi demonstrado pelo menor número de "clusters", colônias e áreas de "cobblestone" após co-cultura com células CD34+. Em relação à produção de citocinas pelo estroma, observou-se concentrações significativamente maiores de TNF-α em culturas de animais D em comparação com a de animais C (437,6 ± 45,0 e 323,1 ± 26,6 pg/mL, respectivamente), enquanto não houve diferença nas concentrações de GM-CSF entre os animais C e D (18,6 ± 7,2 e 11,6 ± 4,9 pg/mL, respectivamente).O número total de CFU-F não diferiu entre os grupos C e D (49,7 ± 2,9 e 47,7 ± 2,2 CFU-Fs, respectivamente), o que indica que a alteração da capacidade de suporte da hemopoese não é decorrente de uma redução no número de células primitivas do estroma, mas sim de alterações qualitativas dessas células, como a maior produção de TNF-α.

CONCLUSÕES:

Os resultados deste estudo indicam que a DPE altera aspectos funcionais das células estromais não hemopoéticas da MO, como a produção de TNF-α, que, segundo alguns autores, possui ação inibitória sobre a hemopoese. Desse modo, sugerimos que a DPE modifica o microambiente da medula óssea, o que pode favorecer a hipoplasia medular, ao mesmo tempo em que promove o aumento da susceptibilidade a infecções observada em humanos e em animais.

Instituição de fomento: CNPq , FAPESP, PRÓ-REITORIA DE PESQUISA-USP
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Desnutrição Protéico Energética; HEMATOPOESE; Medula óssea.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006