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E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 3. Recursos Pesqueiros de Águas Interiores

REPRODUÇÃO DO DOURADO, Salminus brasiliensis, NAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO LITORAL SUL DE SANTA CATARINA

Maurício Oliveira  1
Juan Ramon Esquivel Garcia 1
Carlos Henrique Orssatto 1
Betina Muelbert Esquivel 1
(1. Curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Sul de Santa Catarina/UNISUL)
INTRODUÇÃO:
O dourado, Salminus brasiliensis, pertence à ordem Characiformes e a família Characidae; é predominantemente piscívoro, habitando preferencialmente, ambientes lóticos e encachoeirados. É uma espécie nativa da bacia do Prata e do São Francisco. Sua população vem sofrendo declínio em conseqüência de fatores que interferem no seu comportamento migratório como: desmatamento marginal dos rios, a poluição e a construção de hidrelétricas. Em muitos casos repovoamento de rios e de reservatórios são necessários. Desta maneira, o estudo da reprodução em cativeiro é fundamental para a produção de alevinos em larga escala. Este trabalho tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento de tecnologia de reprodução induzida do dourado, nas condições climáticas do sul de Santa Catarina.
METODOLOGIA:
No início de janeiro foram selecionados machos e fêmeas de dourado aptos para a desova, mantidos em cativeiro, na estação de Piscicultura Panamá em Paulo Lopes/SC. Os machos através de uma pressão na região genital, ocorrendo liberação de sêmen foram levados para laboratório. As fêmeas, com a papila genital inchada e avermelhada e o abdômen abaulado também foram selecionadas. Seis fêmeas (1 a 5,5 kg) e 13 machos (peso médio 0,7 kg) permaneceram em tanques escuros de 1.000 L, com renovação de água. A indução das fêmeas seguiu o protocolo de três doses (duas prévias + definitiva) da seguinte maneira: 0,25 mg EPC (extrato pituitário de carpa)/kg peixe, com intervalo de 12 horas para a segunda dose de 0,5 mg EPC/kg  e a terceira dose, 10 vezes mais concentrada, de 5 mg EPC/kg. Os machos sofreram apenas indução no horário da terceira dose das fêmeas na concentração de 2,5 mg EPC/kg. A partir desta terceira dose a temperatura foi anotada a cada hora para o cálculo da hora/grau (o somatório da temperatura a cada hora). A hora grau é utilizada para a determinação do momento aproximado da desova ou pelo menos da previsão deste momento. O momento da desova é percebido através da constatação da presença de pequenas quantidades de ovos no tanque de manutenção dos reprodutores próximo ao horário previsto. Para alimentação inicial das larvas de dourado foi realizada uma desova paralela de curimbatá, cujas larvas desempenham papel de forrageira.
RESULTADOS:
A desova ocorreu com 125 horas graus e as fêmeas foram retiradas, envolvidas em uma toalha e os óvulos coletados em um recipiente. Os óvulos pesaram 1.130 gramas. O sêmen foi retirado dos machos através de pressão sobre a papila genital e acondicionado em becker para adição aos óvulos. Com o auxílio de uma espátula misturaram-se bem os gametas, adicionou-se água e por aproximadamente 2 minutos procedeu-se a mistura e colocação de água sucessivas, com eventuais retiradas de água para recolocação de mais água limpa. As incubadoras verticais (200 L) do tipo funil com fluxo ascendente de água foram preparadas para o recebimento dos ovos (limpas, desinfetadas e já com certa quantidade de água) que foram lentamente despejados e seu fluxo regulado de acordo com a observação visual de lenta movimentação dos ovos no fundo da incubadora (~ 3litros/minuto). Foi feita a contagem da taxa de fecundação após 12 horas. A quantidade de ovos por incubadora foi de aproximadamente 280g/200L. A taxa de fecundação variou de 40 a 65% . As larvas eclodiram em aproximadamente 24 horas (temperatura de 25oC). O comportamento da larva na incubadora foi praticamente imóvel nos primeiros 2 dias, por isso a necessidade do fluxo de água contínuo e ascendente.
CONCLUSÕES:
Esta espécie apresentou resultado satisfatório aos protocolos de indução submetidos. As informações de hora grau, taxas de fecundação e tempo de eclosão são importantes para o desenvolvimento de tecnologia de reprodução do dourado com fins de produção massiva de alevinos. O período reprodutivo nas condições climáticas de Paulo Lopes sugere ser o início do verão.
Instituição de fomento: Universidade do Sul de Santa Catarina
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: reprodução; cativeiro; Salminus brasiliensis.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006