O mel é utilizado como alimento pelo homem desde a pré-história, por vários séculos foi retirado dos enxames de forma extrativista e predatória, muitas vezes causando danos ao meio ambiente, destruindo as colméias. Entretanto, com o tempo o homem foi desenvolvendo mecanismos de proteção dos enxames, instalando colméias racionais e manejando de forma que houvesse maior produção de mel sem causar prejuízo para as abelhas. É comum encontrar variações na composição física e química do mel, tendo em vista variados fatores que interferem na sua qualidade, como condições climáticas, estado de maturação, espécie de abelha, processamento e armazenamento, além do tipo de florada. As análises físico-químicas do mel são de fundamental importância na sua caracterização e para criação de padrões, segundo os fatores edafoclimáticos e florísticos da região, como também na fiscalização, de méis importados e no controle da qualidade do mel produzido internamente. Desta forma, é necessário que haja um controle analítico para avaliação da sua qualidade para que seja comercializado. Neste trabalho verificou-se, com base em características físico-químicas, como se agrupam as amostras de méis comercializados na região de Vitória da Conquista.

As amostras foram obtidas da Casa do Mel (UESB) e associação dos apicultores do sudoeste da Bahia, identificadas quanto à origem e data de coleta: Amostra 1 (Barra do Choça/2003), amostra 2 (Barra do Choça/2005), amostra 3 (Vitória da Conquista/2005), amostra 4 (Vitória da Conquista/2004), amostra 5 (Vitória da Conquista/2005), amostra 6 (Vitória da Conquista/2005), amostra 7 (Anagé/2005), amostra 8 (Guanambi/2004) e amostra 9 (Casa do Mel/2005). As análises dos méis foram realizadas no Laboratório de Química Analítica e Ambiental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus Vitória da Conquista, utilizando-se refratômetro para leitura da umidade e teor de açúcares (Brix), condutivímetro para sólidos dissolvidos e teor cinza, acidez total pelo método de titulação usando NaOH 0,05M sendo utilizado uma titulação de retorno com HCl 0,05M e pH através do pHmetro.

Os resultados das análises foram obtidos pelo método estatístico, calibração multivariado, utilizando o programa SPSS 12.0 for Windows sendo agrupados em dois dendogramas, no primeiro dendograma podem-se distinguir três famílias. Na primeira família agrupam as amostras provenientes da região Vitória da Conquista/Barra do Choça. Nesta distinguem-se também duas sub-famílias agrupadas pelo ano de colheita do mel. A segunda família é composta das amostras provenientes de Guanambi e da Casa do Mel da UESB. A terceira está agrupada os méis da Região de Vitória da Conquista/Anagé na safra de 2005. Para o segundo dendograma relacionam-se as variáveis (CE, cinzas, pH, Brix, umidade e acidez). Pode-se observar uma correlação positiva entre a acidez e umidade, uma vez que o aumento do teor de água favorece o desenvolvimento de microrganismos responsáveis pela fermentação do mel, com isso aumentando a acidez. A condutividade elétrica avalia os teores de cinza, por isso notou-se a correlação entre estes dois, que são importantes parâmetros para avaliar a origem do mel.

A partir das análises realizadas e o uso do método estatístico, calibração multivariada é possível determinar a provável origem do mel de acordo com os agrupamentos obtidos. Desta forma, é possível identificar a localidade dos méis comercializados na região de Vitória da Conquista podendo-se realizar um controle da sua qualidade.