A escrita vem registrando acontecimentos históricos, políticos, sociais, econômicos, científicos através da expressão dos autores nos mais diversos tempos. E o acesso a esses registros tem sido compartilhado cada vez mais e em maior escala através das leituras. De nada serviriam esses textos se não houvesse uma leitura deles. Daí a perceber-se a interdependência da escrita com a leitura. Assim, lê-se aquilo que está escrito e o que se escreve é para ser lido.

Reconhecendo a importância da leitura, a pesquisa analisa a compreensão leitora de alunos do 1° semestre e do 7° semestre do Curso de Letras da UNISC. Aqueles são os que chegam à academia depois de recém terem concluído o Ensino Médio. Já esses vêm freqüentando um curso que objetiva formar leitores competentes em compreender o que lêem. Afinal, esses alunos logo serão professores voltados a tratar da leitura em suas salas de aula.

Dessa forma, o trabalho faz uma revisão bibliográfica sobre a leitura e segue partindo de um estudo de caso que analisa a compreensão leitora dos alunos do 1° e do 7° semestre através do questionamento referente a um texto lido pelos alunos. O questionário é baseado em níveis e indicadores de compreensão em leitura.

A partir desses níveis, buscou-se traçar a realidade dos alunos do Curso de Letras Português, Letras Inglês e Letras Espanhol da Universidade de Santa Cruz do Sul, no ano de 2005, através de uma investigação realizada na linha de pesquisa “Leitura, literatura e produção”.

A pesquisa investiga a compreensão em leitura dos alunos dos cursos de Letras-Português, Inglês e Espanhol, baseada nos níveis de literalidade, retenção, organização, inferência, interpretação, valoração e criação. O corpus foi dividido em dois grupos: um composto por alunos que ingressaram no curso no primeiro semestre de 2005, e outro composto por alunos que estavam na graduação no período do 7° semestre do curso, de modo a estarem prestes a se graduar.

Formaram-se dois grupos de 20 alunos, um do 1° semestre e outro do 7° e foram distribuídas 20 cópias do mesmo texto e questionários entre os 40 alunos.Eles tiveram 15 dias para respondê-lo. Foi esclarecido que as respostas seriam parte de um trabalho de conclusão do curso de Letras.

Também foi especificado que a participação se daria de forma voluntária, sem identificação do aluno. As respostas foram entregues diretamente para a pesquisadora, ou também num envelope que estava junto ao Departamento do curso. 

As respostas recebidas foram analisadas conforme o que se esperava que tivesse sido compreendido depois da leitura. Cada questão respondida pelos alunos correspondia a níveis em compreensão de leitura a serem buscados. Dessa forma, cada resposta demonstrava a compreensão ou não do leitor naquele nível.

E por fim, foi feita uma análise entre cada grupo de alunos, além de uma comparação entre eles, a fim de se estabelecer o grau de crescimento na habilidade de leitura relacionada ao início e conclusão do curso.

Os resultados apontam que no nível da literalidade houve um equilíbrio. A percentagem entre os alunos do 1° semestre corresponde a 70% e a dos alunos do 7° semestre é de 62%.

            Também o nível de retenção não revelou grande distinção entre alunos do 1° e do 7° semestre. Ambos os grupos demonstraram um nível de habilidade semelhante, 70% entre os alunos do 1° semestre frente a 62% dos alunos do 7°.

            A competência testada em nível de organização revelou um resultado surpreendente: 0% dos alunos do 1° semestre demonstraram habilidade, enquanto apenas 18% dos alunos do 7° semestre revelaram ser competentes em nível de organização.

            Em nível de inferência, a percentagem entre os alunos do 1° semestre é de 58% e a referente ao 7° semestre corresponde a 62%. O nível da interpretação se caracterizou por ter sido um grau de competência parelha e baixa. Apenas 47% dos alunos do 1° semestre mostraram domínio nessa habilidade. Entre os alunos do 7° semestre, esse percentual representou 54%.

            Também em nível de valoração o desempenho dos alunos foi semelhante. Entre os alunos do 1° semestre, esse valor chegou a 55% enquanto entre os alunos do 7° semestre o valor soma 59%.

            No nível de criação surge uma distinção de valores entre os alunos do 1° e do 7° semestre. O desempenho dos alunos do 1° semestre corresponde a 40%, enquanto 75% dos alunos do 7° semestre demonstraram domínio nesse nível, que no trabalho é entendido como o reflexo de maior proficiência na habilidade de ler.

O trabalho analisa a competência leitora dos alunos do 1° e do 7° semestre do curso de letras da UNISC a partir da leitura de um texto. O que se constatou foi que os alunos do 7° semestre obtiveram um desempenho semelhante aos do 1°, recém chegados do Ensino Médio.

Na análise das questões isoladas, o que se percebe é uma heterogeneidade nas habilidades entre os alunos, independente do semestre. Não há um domínio sobre a leitura e sim, uma dificuldade em ler.

Quanto à compreensão em leitura de acordo com cada nível e indicador, o desempenho dos dois grupos de alunos se manteve equiparado. A maior distinção entre eles foi dada no último nível, o de criação, verificando maior domínio entre os alunos do 7° semestre.

Embora o desempenho dos alunos tenha sido baixo, essa também é uma característica de outros países, conforme os resultados dos Estudos Internacionais de Literacia, um projeto que analisa a capacidade de utilização na vida quotidiana das competências de leitura, escrita e cálculo.

Percebe-se que muitos dos inquiridos na pesquisa situam-se em níveis de literacia baixos ou muito baixos. A partir desses dados se constata que, em diversos lugares do mundo, a compreensão leitora fica aquém do que se deseja para uma sociedade comunicativamente competente.

Pode-se perceber que o problema é generalizado, o que leva a se considerar estudos continuados sobre leitura, com o objetivo de tentar, senão solucionar, pelo menos amenizar o problema.