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C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
OS NÚCLEOS CENTRAL E BASOLATERAL DA AMÍGDALA POSSUEM PAPÉIS DISTINTOS NA REGULAÇÃO DO COMPORTAMENTO EXPLORATÓRIO DE RATOS NO LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO.
Caio Margarido Moreira 1
Sueli Aparecida Masson 1
Milene Cristina de Carvalho 1
Marcus Lira Brandão 1
(1. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP)
INTRODUÇÃO:

Estudos comportamentais mostram que os núcleos central (NCe) e basolateral (NBL) da amígdala apresentam papéis distintos na regulação do medo condicionado e incondicionado. De fato, muitas evidências têm sugerido que enquanto o NCe é a principal saída de componentes autonômicos e somáticos da reação de medo através de projeções para outras estruturas límbicas, o NBL serve como um filtro para informações aversivas condicionadas e incondicionadas que ascendem a partir do tronco cerebral. Entretanto, ainda não está claro como esses núcleos amigdalóides agem na presença dos estímulos ameaçadores do teste do labirinto em cruz elevado (LCE) determinando o comportamento exploratório dos ratos a ele submetidos. Desse modo, os objetivos desse estudo são: realizar uma análise etofarmacológica de ratos que receberam salina ou muscimol nos núcleos central (NCe) ou basolateral (NBL) da amígdala e foram submetidos ao teste do LCE, e analisar o conteúdo tecidual das monoaminas dopamina (DA) e serotonina (5-HT) e seus metabólitos no córtex pré-frontal (Cpf), hipocampo dorsal (HD), núcleo accumbens (NAC) e estriado dorsal (ED) desses animais.

METODOLOGIA:

Ratos Wistar machos com peso de 250 g receberam o implante de uma cânula dirigida ao NCe ou NBL da amígdala. A agulha de microinjeção ultrapassou em 5 mm a cânula-guia para injetar um volume de 0,2 ul de muscimol (1 nmol) ou de salina durante 30 s. Após 15 min de habituação, os ratos foram expostos ao LCE durante 5 min e, em seguida, decapitados para a remoção do Cpf, HD, NAC e ED e posterior medida do conteúdo tecidual de DA, 5-HT e seus metabólitos através da técnica HPLC (Cromatografia líquida de alta pressão).

RESULTADOS:

Injeções de muscimol no NCe causam efeitos ansiolíticos como o aumento no número de entradas (1,25±0,49 ; 5,50±1,16) e tempo de permanência (14,38±7,18 ; 64,83±11,91) nos braços abertos do LCE, acompanhados pelo aumento do conteúdo de 5-HT no HD (0,331±0,053 ; 0,882±0,128) enquanto tais injeções no NBL causam efeitos pró-aversivos em medidas etológicas novas do LCE acompanhados pelo decréscimo de DA no NAC (8,65±2,31 ; 5,14±1,48). n=8 para todos os grupos.

CONCLUSÕES:

Os achados presentes nesse trabalho destacam as diferenças entre a reatividade dos núcleos central e basolateral da amígdala aos estímulos aversivos do labirinto em cruz elevado. O NBL está envolvido na detecção e identificação de estimulos aversivos, por outro lado, o NCe está ligado à ativação autonômica, somatomotora e do sistema de resposta comportamental, o que inclui o núcleo accumbens e o hipocampo dorsal como seus maiores alvos de eferência. Propõe-se que a associação do estresse psicológico à desregulação do sistema central de monoaminas na amígdala, no hipocampo dorsal e no núcleo accumbens influencia o desenvolvimento de psicopatologias da ansiedade. Portanto, esses achados presentes integram esses fatores e podem contribuir para o nosso compreendimento das bases neurológicas do medo e, por extensão, de alguns tipos de ansiedade.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Amígdala; Labirinto em cruz elevado; Medo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006