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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 9. Psicologia Experimental

Temporização da focalização atentiva em tarefas de detecção simples com o uso de figuras ilusórias.

Vanessa Mendonça Costa  1
Joaquim Carlos Rossini  1
(1. Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia / IPUFU)
INTRODUÇÃO:

Vários modelos cognitivos mostraram que a atenção visual humana apresenta uma capacidade de seleção baseada na localização espacial ocupada pelos objetos no campo visual (Posner, Snyder, & Davidson, 1980; Eriksen & St. James, 1986; Castiello & Umiltà, 1990). Neste sentido, o foco atentivo pode ser metaforicamente comparado ao zoom de uma poderosa lente de aumento (Eriksen & Yeh, 1985) com a capacidade de ajustar o seu tamanho de acordo com a exigência da tarefa de seleção da informação. Tal efeito é conhecido como “cue effect” ou efeito da dica. Uma característica importante deste efeito é que o processamento da informação é mais eficiente dentro dos limites do foco atentiva do que fora dele. O presente estudo investigou se a delimitação de uma área específica no campo visual por uma figura ilusória de kanizsa pode mobilizar os recursos da atenção em momentos precoces do processamento da informação visual. Para tanto foi utilizado um paradigma de detecção simples onde os participantes eram solicitados a detectar um alvo apresentado dentro ou fora de uma figura ilusória. Na nossa hipótese, caso a figura ilusória (DI Dica Ilusória) apresente uma contribuição significativa para a mobilização dos recursos atentivos, o desempenho dos participantes deve ser melhor quando o alvo for apresentado dentro da área delimitada pela figura ilusória (foco da atenção) do que fora dos seus limites.

METODOLOGIA:

Participaram deste experimento vinte e um sujeitos (n=21), de ambos os sexos, sem nenhuma experiência na tarefa, com visão normal ou corrigida. A tarefa do participante era pressionar, o mais rápido possível, o botão esquerdo do mouse assim que o ponto alvo fosse apresentado. Nas provas em que o alvo não foi apresentado os participantes foram instruídos a não efetuar nenhuma resposta. No início da sessão os participantes foram questionados sobre a existência ou não de um retângulo ilusório (mais claro que o fundo da tela). Todos os participantes relataram à presença da forma ilusória. Os estímulos visuais eram controlados e apresentados pelo programa utilitário SuperLab Pro (Cedrus, 2001) que também efetuou o registro do tempo de reação dos participantes em cada condição experimental. Em 83 % das provas o estímulo alvo (um ponto) foi apresentado dentro ou fora da DI. Em 17 % das provas o alvo não foi apresentado e o participante não deveria apresentar nenhuma resposta. O alvo era apresentado em cinco posições possíveis dentro e fora da DI. A figura ilusória era formada pela apresentação simultânea de um arranjo de quatro estímulos indutores que produziam a percepção subjetiva de um retângulo (figura de Kanizsa) (1,7° x 0,7° de ângulo visual). A DI era apresentada na horizontal ou na vertical, sempre na mesma posição no centro da tela por cinco intervalos de exposição (SOA: Stimulus Onset Asynchrony) antes da apresentação do alvo (50, 100, 150, 200, 250 ms).

RESULTADOS:

Foram analisados três fatores: posição do estímulo alvo (horizontal e vertical), posição do alvo em relação a DI (dentro e fora) e SOA (50, 100, 150, 200, 250 ms). Os TRs foram analisados através de uma ANOVA para medidas repetidas que não confirmou uma diferença significativa para o fator  Orientação do estímulo no campo visual (horizontal e vertical) (F (1,20)= 0,5 p > 0,05. Houve uma diferença significativa para o fator Posição do estímulo (Dentro e Fora) (F (1,20)= 20,29 p < 0,001. A análise confirmou uma diferença significativa entre os níveis do fator SOA (F (4,80)= 18,64 p < 0,001. Não houve nenhuma interação significativa entre os fatores. A análise com o teste post hoc Newman-Keuls (α = 0,05) confirmou um processamento significativamente mais rápido  do estímulo apresentado dentro da DI com o SOA de 50 ms  (p < 0,001). Esta análise também mostrou uma tendência de processamento mais eficiente dentro da DI com o SOA 200 ms (p>0,07) não significativo no valor alfa adotado.

CONCLUSÕES:

Há uma diferença significativa no processamento da informação apresentada dentro da DI. De maneira geral os participantes foram mais eficientes na tarefa de detecção do alvo quando este era apresentado dentro da área delimitada pela figura ilusória. Este resultado sugere que a figura ilusória pode mobilizar recursos da atenção em uma etapa precoce do processamento da informação visual.

 

Instituição de fomento: CNPq / UFU
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Figura Ilusória; Atenção Visual; Processamento da Informação Visual..
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006