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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial

REPRESENTAÇÕES CULTURAIS NA EDUCAÇÃO DE SURDOS: UM DEBATE ENTRE LÍNGUA, CULTURA E IDENTIDADE.

Graciele Marjana Kraemer 1
Márcia Lise Lunardi 1
(1. Universidade Federal de Santa Maria /UFSM)
INTRODUÇÃO:

O presente trabalho aborda estudos que problematizam as práticas de educação em um sentido amplo, apontando conexões com as dinâmicas culturais e a produção de identidades dos sujeitos surdos. Nesse sentido, insere-se na temática dos Estudos Surdos em Educação, na tentativa de entender, como que em meio à “explosão” de políticas de inclusão, a comunidade surda advoga o direito de ser educada em um espaço entendido como espaço da diferença. Este trabalho apresenta uma tentativa de descaracterizar a surdez, os surdos, a língua de sinais, como um problema e de analisar as representações e os discursos hegemônicos que envolvem estes sujeitos, para isso, procura descaracterizar a surdez como um tema de audiologia e compreendendo-a como referente à epistemologia. Especificando mais essa temática, encontramos um contundente debate sobre qual o melhor lugar e quais as melhores condições de se pensar uma educação para indivíduos surdos onde, para além de adaptações de diferentes ordens, requer a problematização do privilégio de formas específicas de comunicação em detrimento de outras, bem como, as diferentes maneiras de se conceber as possibilidades do aprender e do se constituir sujeito. Assim, buscamos investigar e analisar as diferentes representações acerca da educação dos sujeitos surdos, da língua de sinais, do currículo escolar, da constituição das identidades dos alunos surdos que circulam no espaço de formação de professores da Universidade Federal de Santa Maria.

METODOLOGIA:

Para uma movimentação por este terreno investigativo, tornou-se necessário buscar elementos teóricos que possam, na medida do possível, dar as condições, as ferramentas para trabalhar com o sujeito da pesquisa. Neste sentido, como andaime teórico nos fundamentamos nas produções dos Estudos Culturais, da vertente pós-estruturalista, e que permitem uma aproximação com o pensamento do filosofo Michel Foucault. Ainda no desenvolvimento metodológico, o projeto fundamenta-se num questionário semi-estruturado, estabelecendo assim uma abordagem quali-quantitativa. O cenário para a realização da investigação abrange os cursos de formação de professores da Universidade Federal de Santa Maria, que possuem em sua grade curricular a disciplina de Fundamentos da Educação Especial, e os alunos do último ano do curso de Educação Especial – Deficientes da Audiocomunicação.

RESULTADOS:

Não podemos separar a noção de cultura da de grupo e classes sociais, pois ela é o espaço onde se dá a luta pela manutenção ou superação das divisões sociais. Talvez seja por isso, por exemplo que podemos falar de uma cultura surda. É no interior desse espaço que os sujeitos surdos passam a se identificar como sujeitos culturais, pois as identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam de acordo com a maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. Assim, destacamos que este estudo permitiu desencadear inquietações nos sujeitos que buscam trabalhar num contexto demarcado pelas fronteiras do respeito à diferença, buscando analisar os discursos que narram a língua, cultura e identidade dos sujeitos surdos.

CONCLUSÕES:

Certamente, a inclusão dos sujeitos denominados com necessidades educacionais especiais se constitui em uma temática que vem pautando as discussões das políticas públicas e dos contextos educacionais, visto que a relação da surdez com as sociedades culturalmente ouvintes é constituída pelas barreiras de comunicação e participação. Assim, o campo da surdez, comparado com uma situação de pobreza, reclama a falta de acesso a uma educação de qualidade, condições dignas de vida, informações adequadas e ao respeito a sua língua, cultura e identidade. Os surdos, assim como outros grupos culturalmente diferentes, encontram-se subordinados e subjugados a outros grupos sociais que se delegam o poder de representar a si e aos outros. No que se refere ao estudo das representações culturais, percebemos que os discursos que narram os sujeitos surdos estão mudando de lugar, no entanto, ainda presenciamos o atravessamento de uma cultura falocêntrica e etnocêntrica nos projetos que envolvem o campo da educação de surdos.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Educação de Surdos; Representação; Cultura.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006