A pesquisa buscou traçar um possível perfil da identidade cultural africana na pós-modernidade, a partir da leitura e análise de um corpus de dez contos de autoria africana escritos durante a década de 1980. Este trabalho investiga os possíveis fatores que estariam influindo na fragmentação das identidades culturais africanas na pós-modernidade.

Adotou-se o procedimento da análise crítico-comparativa, segundo a qual se procura verificar não apenas as semelhanças, mas também as diferenças entre os textos examinados. A pesquisa se baseou na perspectiva dos Estudos Culturais e se embasou nas reflexões teóricas sobre as identidades culturais e o pós-colonialismo em autores como Stuart Hall, Bill Ashcroft, Edward Said, entre outros. A hipótese que orienta o trabalho se encontra na afirmação de Stuart Hall de que as identidades culturais na pós-modernidade sofrem um processo de fragmentação agravado pelas condições impostas pelo capitalismo global.

Os autores dialogam de formas distintas e, por vezes, contraditórias com as tradições ancestrais e coloniais, ficando notória a influência e a hegemonia cultural do Ocidente na África contemporânea. Enfocadas através da migração e do deslocamento constante, essas representações simbólicas atestam, contudo, que não há uma forma única de inserção  na sociedade global, mas sim formas locais diferentemente mediadas. Nesse sentido, pode-se concluir que os autores analisados utilizam o meio literário como forma de denúncia social e reflexão sobre os paradoxos e dilemas trazidos pelo processo de globalização.