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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental

UTILIZAÇÃO DE ARGILA COMO SORVENTE DE EXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA PARA DETERMINAÇÃO DE CLORPIRIFÓS E PROFENOFÓS EM AMOSTRAS AMBIENTAIS

Talita Katiuska Takizawa Dias 1
Gláucia Maria Ferreira Pinto 1
(1. Faculdade de Química, CEATEC, PUC-Campinas)
INTRODUÇÃO:

A preocupação ambiental nunca foi tão intensa como nos últimos tempos. Porém, as tecnologias disponíveis para preparo de amostras ambientais em níveis de traços envolvem ainda recursos e métodos caros e trabalhosos, devido principalmente à necessidade de isolamento do poluente orgânico da matriz ambiental e a necessidade de transformar os níveis encontrados em concentrações possíveis de determinação analítica. A extração em fase sólida (SPE, solid phase extraction) tem sido uma alternativa de preparo de amostra muito utilizada devido às vantagens de consumo reduzido de solvente e facilidade de introduzir alterações. Porém, um dispositivo de SPE do tipo sílica C-18 (o mais utilizado) custa ao redor de R$ 30,00 a 60,00 por cartucho, geralmente devendo ser descartado após um único uso. No presente trabalho uma alternativa para preparo e determinação de amostras ambientais, contaminadas com poluentes orgânicos, foi desenvolvida. Foi utilizada argila natural como sorvente sólido e um procedimento alternativo para reter os pesticidas persistentes clorpirifós e profenofós, visando isolar e pré-concentrar os mesmos de amostras de água.

METODOLOGIA:

No procedimento 1g de argila re-suspendida com acetona, foi transferida para cadinho de Gooch com papel de filtro, e foi aplicado vácuo para assentar o leito de extração uniformemente. As etapas de ativação e pré-condicionamento foram realizadas pela adição de acetona (10 mL) e água ultra-pura (10mL), respectivamente. Após o preparo do sólido para extração, uma solução aquosa de 500 mL, contaminada com os pesticidas organofosforados clorpirifós e profenofós (C= 4,5 mg/L), foi aplicada. Após a passagem da amostra o sorvente foi limpo com 5mL de água ultra-pura e os pesticidas retidos foram dessorvidos utilizando solvente de extração. O método foi otimizado através dos parâmetros de ajuste de pH (com ácido clorídrico ou fosfórico), ajuste de força iônica (pela adição de cloreto de sódio), volume de solvente de extração, tipo de solvente e massa de adsorvente. A recuperação dos pesticidas (R= massa analisada / massa adicionada) foi determinada por cromatografia gasosa (CG), utilizando coluna cromatográfica DB-17 (50% fenil e 50% polimetilsiloxano) de 60 m x 0,250 mm x 0,5 mm. As temperaturas do método de análise foram: injetor 240°C, coluna 250°C e detector (ionização em chama, FID) 260°C, sendo o volume de injeção de 1uL. Os testes com argila foram comparados com extrações utilizando Celite, sílica e sílica recoberta com C-18.

RESULTADOS:

Na etapa de otimização os resultados mostraram que o ajuste do pH (com ácido clorídrico ou fosfórico) é importante e que a utilização de HCl conduziu a melhores resultados em pH=2,5; pois as recuperações foram 10-14% maiores. Os resultados foram otimizados com o ajuste da força iônica das amostras (pela adição de NaCl) e após testes com 1,5 g; 5,0 g e 10 g de NaCl os resultados mostraram que a  utilização de 10g de NaCl permitiu resultados 6% maiores. O volume e o tipo de solvente utilizados na extração também foram de grande importância, sendo que o emprego de acetona e metanol e a alteração do volume de 5 mL para 10 mL, mostrou que 10 mL de acetona permitiu a obtenção de resultados 23-30% maiores. A massa da argila também foi testada variando-se de 0,5 g para 1,0 g, sendo que 1,0 g permitiu que melhores recuperações fossem obtidas. Após todos os testes e alterações os melhores resultados atingiram recuperações de 100% para clorpirifós e 69% para profenofós, estando dentro dos valores de recuperação satisfatórios. Os testes com argila foram comparados com extrações utilizando celite, sílica e sílica recoberta com C-18 e os resultados para clorpirifós e profenofós foram: 37% e 10%; 19% e 6%; 129% e 112% respectivamente. 

CONCLUSÕES:

Com base em todos os testes realizados, foi possível concluir que os ajustes do pH e da força iônica são muito importantes, pois houve uma melhora significativa nos resultados obtidos. O tipo e volume de solvente de extração e a massa de adsorvente também demonstraram que estes parâmetros contribuem para obtenção de melhores recuperações utilizando argila com sólido de SPE. Após as alterações nas condições experimentais e otimização do método foi possível atingir 100% de recuperação para profenofós e 69% para clorpirifós (com boas precisões), o que representa resultados dentro de uma faixa aceitável para métodos envolvendo a pré-concentração e tratamento de amostras ambientais. Os resultados obtidos com argila foram comparados com outros sorventes, celite, sílica e sílica C-18 e os resultados foram baixos para celite e sílica (menores que 38%) e para sílica C-18 foram maiores que 100% (chegando a aproximadamente 130%), o que pode indicar alguma contaminação devido a menor seletividade do sorvente em relação a argila. Assim, a argila foi o adsorvente que forneceu os melhores resultados no preparo de amostras de águas ambientais contendo os pesticidas profenofós e clorpirifós, além de apresentar as vantagens de baixo custo, fácil aquisição e manipulação, portanto comprovando ser uma boa alternativa para a utilização em SPE de amostras ambientais contaminadas com os compostos em estudo.

Instituição de fomento: FAPIC(PUC-Campinas)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: SPE; amostras ambientais; pesticidas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006