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C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal

CARACTERIZAÇÃO DAS ESTERASES NO APARELHO REPRODUTOR E CORPO GORDUROSO EM ADULTOS DE Diatraea saccharalis (LEPIDOPTERA; CRAMBIDAE)

Andreya de Oliveira Batista 1
Maria Claudia Colla Ruvolo-Takasusuki 1
Hélio Conte 1
(1. Universidade Estadual de Maringá)
INTRODUÇÃO:

Os danos causados pelos insetos às plantas são variáveis e dependendo da espécie, da densidade populacional da praga e do estágio de desenvolvimento, poderá haver maior ou menor prejuízo qualitativo e quantitativo. O Brasil por ser uma região tropical, as pragas são favorecidas, apesar dos percentuais de perdas serem variáveis de região para região. A cana–de–açúcar consiste em uma cultura muito prejudicada pelos ataques ocasionados por insetos pragas, e, embora o país seja um dos maiores produtores desta cultura, a produção não atingiu os níveis esperados devido às perdas causadas por estes ataques. A Diatraea saccharalis é a principal praga da cana-de-açúcar, chamada vulgarmente de broca-da-cana. O adulto é uma mariposa com asas anteriores de coloração amarelo-palha e asas posteriores esbranquiçadas. Quando este inseto passa para o estágio pupal, inicia-se o processo de metamorfose permitindo que o animal adquira morfologia e fisiologia da forma adulta. É neste período que os folículos se fundem formando um único testículo revestido por uma membrana fina. Neste sentido são poucos os trabalhos que estudam o controle desses processos em nível enzimático para este tipo de inseto. As esterases constituem um grupo de enzimas muito estudado em virtude da ampla variabilidade genética, distribuição tecidual e temporal diferenciada, podendo dessa maneira contribuir para o desenvolvimento de novos métodos de controle desta praga agrícola. Assim, esse trabalho teve o objetivo de caracterizar as esterases presentes no aparelho reprodutor e corpo gorduroso em adultos de D. saccharalis

METODOLOGIA:

Larvas de D. saccharalis fornecidas pelo Laboratório Agrícola da Usina Santa Terezinha, distrito de Iguatemi, município de Maringá-Pr, foram mantidas em tubos de vidro contendo dieta artificial. Os recipientes de criação permaneceram no Laboratório do Departamento de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá em condições de temperatura regulada a ± 24º C, umidade relativa de 70± 10% e fotofase de 14 horas. Quando as larvas de D. saccharalis entram na fase de pupa, as mesmas eram sexadas e separadas em recipientes plásticos e observadas todos os dias para coleta de adultos de um dia, dois dias, três dias e quatro dias, quando possível, após emergirem. Foram montados dois experimentos, que consistiram em analises de corpo gorduroso e aparelho reprodutor de adultos machos e fêmeas acasalados e não acasalados de um dia ao quarto dia, quando possível. Após a coleta os indivíduos eram congelados a -20ºC. Adultos machos e fêmeas acasalados e não acasalados de D. saccharalis tiveram seus aparelhos reprodutores e o corpo gorduroso retirados, homogeneizados, colocados para centrifugar em uma centrifuga refrigerada, a uma temperatura de 2ºC, com uma rotação de 25000 rpm por um tempo de 15 minutos e submetidos a eletroforese em sentido vertical em géis de poliacrilamida a 10% e coloração com α e β-naftil-acetato juntos de acordo com as técnicas para análise de isoesterases.

RESULTADOS:

Verificou-se que o tempo de sobrevida de machos e fêmeas durante a fase adulta varia, sendo que adultos machos acasalados e não acasalados deste inseto vivem 3 dias, enquanto que, adultos fêmeas acasalados e não acasalados vivem 4 dias. Foi verificada pouca atividade esterásica no corpo gorduroso de adultos, sendo possível identificar somente as EST-8 e EST-9. Através das análises realizadas com extratos dos aparelhos reprodutores de  fêmeas adultas acasaladas e não acasaladas foram detectadas apenas as esterases 4, 5, 7, 8 e 9. No entanto, nos machos não acasalados e acasalados foram observadas as esterases 4, 7, 8 e 9. A EST-5 foi detectada apenas nas fêmeas (acasaladas e não acasaladas), parece que essa isoesterase é sexo-específica.

CONCLUSÕES:

O corpo gorduroso apresentou apenas duas regiões de atividade esterásica em ambos os sexos. O aparelho reprodutor de fêmeas acasaladas e não acasaladas apresentou expressão diferencial das esterases em relação aos machos, pois, a EST-5 foi detectada apenas nas fêmeas. A EST-5 provavelmente apresenta algum papel no processo de maturação dos órgãos reprodutivos das fêmeas, sendo uma enzima sexo-específica. São necessários estudos mais detalhados, como em nível molecular, para se afirmar com exatidão o significado funcional dessa enzima em D. saccharalis.

Instituição de fomento: CNPq/ PIBIC
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Diatraea saccharalis; esterases; aparelho reprodutor, corpo gorduroso .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006