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F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 5. Gestão de Pessoas

AVALIAÇÃO DE ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM GRADUANDOS BANCÁRIOS : UM ESTUDO DE CASO

Cristiane Moreira Tacio 1
Edna Maria Querido de Oliveira Chamon 1
(1. Economia, Contabilidade e Administração - Univ. de Taubaté / ECA-UNITAU)
INTRODUÇÃO:

Vivemos em mundo caracterizado pela velocidade das mudanças, as pressões no trabalho pela eficiência e competitividade e a presença crescente de riscos em nosso cotidiano. Esses fenômenos acarretam diversas conseqüências à vida das pessoas, e entre elas o estresse.

 

Por volta de 1926, o médico Hans Selye observou em certos pacientes, submetidos a situações que lhes causavam angústia e tristeza, algumas reações semelhantes e chamou esse conjunto de reações de Síndrome Geral de Adaptação. Mais tarde, em 1965, Selye definiu como sendo estresse esse conjunto de reações que o organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço para adaptação.

 

Buscando minimizar essas situações de angústia e tristeza, o indivíduo desenvolve estratégias de enfrentamento, que nada mais são do que formas de reequilibrar os indivíduos contra os sentimentos gerados nas situações de conflito. Na vida profissional, esse processo estabiliza as relações do indivíduo com o trabalho e lhe permite continuar a realizar suas tarefas.

 

A atividade bancária, pela sua natureza, é estressante. Isso se dá não só pelas transformações tecnológicas e organizacionais que o setor tem passado, como também pela competitividade acirrada do setor. Essa situação tem gerado insegurança generalizada, pelas ameaças de desemprego e pressões no ambiente de trabalho.

 

Assim, este trabalho buscou identificar o nível de estresse e as estratégias de enfrentamento de funcionários bancários.

 

 

METODOLOGIA:

Foram pesquisados 54 indivíduos bancários, universitários do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração, da Universidade de Taubaté. Foram utilizadas as Escalas Toulousaine de Estresse (ETS) e Escala Toulosaine de Coping (ETC), o que permitiu avaliar o nível de estresse e as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos bancários universitários.

 

A ETS é estruturada na forma de um questionário com 30 itens do tipo Likert, com cinco níveis. O estresse é avaliado em quatro dimensões: manifestações físicas, perturbações psicológicas, perturbações psicofisiológicas e temporalidade.

 

A ETC é também estruturada com 54 itens do tipo Likert, com cinco níveis. A ETC identifica quatro estratégias de enfrentamento: duas positivas, o controle e o apoio social; e duas negativas, a recusa e o isolamento.

 

RESULTADOS:

Os resultados da análise das respostas aos questionários mostram uma amostra equilibrada em termos de gênero (51% mulheres, 49% homens). A maioria dos sujeitos são jovens, cerca de 76% com idade entre 20 e 30 anos, sendo a média de 24,5 anos.

 

A análise dos dados mostra que a média de estresse global da amostra foi de 82,6, ultrapassando a média nacional, que é de 77,3 pontos. De um modo geral, os valores de estresses em todas as quatro dimensões são superiores aos obtidos nos estudos sobre a população brasileira.

 

Evidenciou-se que 64% dos sujeitos apresentam elevado estresse físico, manifestado por sintomas como dores intestinais, tremores, choro, taquicardia, boca seca ou dificuldade para respirar, sendo os solteiros mais atingidos por esse tipo de estresse.

 

No que diz respeito às estratégias de enfrentamento, as mais utilizadas pelos sujeitos da pesquisa são o isolamento e a recusa, o que implica em estratégias de fuga, insensibilidade e dificuldade de expressar sentimentos. Para essas estratégias, as médias obtidas superam as médias brasileiras. No caso das estratégias de controle e apoio social, ocorre o inverso.

 

CONCLUSÕES:

Como pode-se perceber as estratégias de enfrentamento com maiores índices encontradas na amostra estudada foram o isolamento e a recusa. Isso demonstra que os meios destes indivíduos de se relacionar com os problemas (agentes estressores) estão ligados a aspectos negativos que seriam não compartilhar com os outros os problemas, recusar em aceitar que se encontram com problemas.

 

Atualmente as organizações incluindo os bancos estão buscando resultados econômicos baseados em números e na qualidade dos serviços prestados. A competitividade interbancária faz com que os bancos diversifiquem seus produtos, isso gera insegurança nos bancários já que necessitam aprender conceitos específicos de finanças, habilidade no relacionamento com os clientes, saber lidar com vendas e tarefas não prescritas. Tendo em vista que em muitos bancos número de funcionários é menor, o bancário se vê sobrecarregado para poder atender a demanda diária e não perder de vista os objetivos da empresa que são as metas.

 

Dessa forma, não apenas os níveis de estresse medidos na amostra de bancários são maiores que a média nacional, apontando para uma população particularmente afetada pelo estresse, como também as estratégias de enfrentamento utilizadas são ligadas majoritariamente a alguma forma de fuga e negação dos problemas.

 

 

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: ESTRESSE OCUPACIONAL; ESTRATEGIAS DE ENFRENTAMENTO; BANCARIOS.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006