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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 8. Mineralogia e Petrologia

CARACTERIZAÇÃO DE CONCENTRADOS DE MINERAIS PESADOS DA REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA, COM VISTA À PROSPECÇÃO DE DIAMANTE

Aline Tavares Maciel Coelho Silva  1
José Carlos Gaspar 1
(1. Instituto de Geociências da Universidade de Brasília / IG-UnB)
INTRODUÇÃO:

A Província Ígnea do Alto Paranaíba (PIAP) é caracterizada por magmatismo máfico-ultramáfico e alcalino, responsável pela presença de kimberlito, que é uma rocha originada por um magma que ascende do manto e alcança a superfície em horas. Durante sua ascensão para a superfície pode carregar consigo muitos xenólitos e xenocristais, o mais importante é diamante. É observado na exploração de diamantes que muitos minerais podem ser usados como indicadores e rastreadores da fonte de diamante, são olivina, ortopiroxênio, clinopiroxênio, granada, ilmenita e cromita. Mas, o ortopiroxênio reage com o magma kimberlítico, e a olivina e o clinopiroxênio não sobrevivem ao intemperismo, a granada, a ilmenita e a cromita tornam-se os indicadores de diamante mais úteis.

METODOLOGIA:

As amostras de concentrados de minerais pesados foram concedidas por uma empresa que atua na região. As etapas realizadas foram: 1)Preparação dos concentrados: os concentrados foram obtidos utilizando-se várias técnicas, lavados em água e uma fração foi separada para análise mineralógica; 2)Separação Mineral: os minerais foram separados com uso de lupa binocular, e classificados por grupos composicionais; 3)Montagem de Seções: os grãos de cada amostra foram montados com cola em seções polidas e metalizados; 4)Análises de Microssonda Eletrônica: as análises foram realizadas no Laboratório de Microssonda Eletrônica do Instituto de Geociências das Unb. Condições analíticas foram 20 kv 20 mA.

            Após o processo de aquisição, os dados foram comparados com modelos existentes na literatura. Para análise da ilmenita foi usado o modelo de Wyatt et al (2004), e para a análise da granada foi usado o modelo de Grütter et al (2004).

RESULTADOS:

É importante analisar se a ilmenita é kimberlítica, pois se a fonte não for, desconsidera-se a hipótese de ter um kimberlito próximo. Diagramas MgO-TiO2 foram feitos para discriminar a origem da ilmenita. As análises caem no lado rico em MgO e no lado direito do arco chamado linha de referência kimberlítica. Portanto, as ilmenitas da PIAP são kimberlíticas. A relação MgO-Cr2O3 reforça o resultado anterior, devido o alto conteúdo de Cr2O3.

            As granadas inclusas no diamante podem ser eclogíticas ou peridotíticas. A metodologia usada para classificação usa diagramas para ilustrar a relação entre granadas e diamante. Devido às diferenças existentes entre as granadas elas foram divididas em várias classes. Os diagramas CaO-Cr2O3 mostram que os dados caem no campo G9 de classificação das granadas. Porém, para serem assim classificadas têm que estar de acordo com as seguintes condições: Cr2O3(%peso):>1.0 a <20.0; Ca_INT(%peso):>3.375 a <5.4 e MgNUM:>0.70 a <0.90. As granadas da PIAP se enquadram nesses limites, então são do tipo G9. As granadas G9 possuem fraca relação com diamantes. Portanto, as granadas da PIAP não estão relacionadas com diamante. Porém, os histogramas de MnO-freqüência de ocorrência das granadas, mostram que o valor de MnO é menor que 0.36 (% peso). Para granadas contidas em kimberlitos que contém diamante, o valor de MnO é menor que 0.36 % em peso. Os histogramas de freqüência obtidos revelam que há relação destas granadas com o campo de estabilidade do diamante.

CONCLUSÕES:
A análise das ilmenitas da região permite concluir que há corpos kimberlíticos próximos. A relação CaO-Cr2O3 para as granadas indica que os corpos kimberlíticos não amostraram o campo de estabilidade do diamante, no manto superior, mas a análise de MnO-frequência de ocorrência revela que há relação com o campo de estabilidade do diamante. No entanto, os dados referentes ao MnO são muito recentes e merecem menos confiança que a relação CaO-Cr2O3. Novos estudos são necessários para que uma conclusão com maior grau de confiança possa ser atingida.
Instituição de fomento: CnPQ
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: kimberlito; diamante; mineral indicador.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006