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E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza

DESENVOLVIMENTO INICIAL DE ESPÉCIES FLORESTAIS, COM FINS DE RESTAURAÇÃO DE MATAS CILIARES, EM DIFERENTES MICRO-REGIÕES DO ESTADO DE SERGIPE

Antônio Marcos da Silva Rezende 1
Thadeu Ismerim Silva Santos 2
Alexandro Guimarães Aragão 2
Sheila Valéria Álvares Carvalho 2
Genésio Tâmara Ribeiro 3
Robério Anastácio Ferreira 3
(1. Bolsista PIBIC/CNPq – DEA/Engenharia Florestal/UFS; 2. Engenharia florestal/UFS; 3. Prof. DEA/UFS)
INTRODUÇÃO:
À exploração dos recursos naturais, sempre fez parte do modelo de ocupação para estabelecimento das comunidades humanas. Sendo assim, a vegetação situada às margens dos cursos d'água é a mais severamente afetada. A definição das matas ciliares corresponde às formações vegetais que acompanham os cursos d’água ou lagos, cumprindo importantes funções na manutenção do regime hídrico da bacia hidrográfica, no sustento do fluxo gênico da fauna e da flora e na estabilidade dos ambientes. Dentre as principais conseqüências observadas dos desmatamentos destas áreas pode se citar: aumento progressivo de áreas improdutivas e degradadas; acelerado processo de erosão; diminuição de pescados e supressão da vegetação nativa; extinção de animais e, consequentemente, empobrecimento das populações ribeirinhas. Para restaurar vegetação ciliar vária métodos podem ser adotados, visto que fatores como umidade, temperatura, características físico-químicas do solo e luminosidade afetam diretamente o desenvolvimento inicial das mudas no campo. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento inicial de espécies florestais nativas, quanto às suas características de crescimento: altura (H), diâmetro do colo (DC) e taxa de crescimento relativo (TCR), em pequenas propriedades rurais, correlacionando as variáveis ambientais e os sistemas de manejo utilizados.
METODOLOGIA:
O trabalho foi desenvolvido em três micro-regiões do Estado de Sergipe, nos municípios de Santana do São Francisco, a 10o18’56”S e 36o52’58” W (Sítio I). Canhoba, a 10012’48”S e 36050’28”W (Sítio II). Malhador, a 10039’33”S e 37018’12”W (Sítio III). A escolha das espécies baseou-se na ocorrência natural nas três micro-regiões e, por apresentaram-se potenciais para restauração. As mudas foram produzidas no Horto Florestal (UFS), em saco de polietileno preto (14x21cm), substrato terra preta, areia e esterco bovino (3:1:1), com adubaçãon(5kg de Superfosfato Simples+500g KCl+300g de FTE-BR12 para cada m3) e adubação de cobertura quinzenalmente (60g de KCl+25g de sulfato de amônio) diluídos em 10L de água. O esquema de plantio foi em quincôncio, com espaçamentos de 3x3m para as espécies pioneiras, inserindo-se as espécies cliímax entre estas, correspondendo a 3x1,5m, e 3x3m convencional alternando pioneiras e clímax. As operações realizadas na implantação: combate às formigas; abertura de covas; adubação inicial na cova, (200g de superfosfato simples. Na manutenção foram feitas capinas manuais, adubação de cobertura (80g KCl+20g de sulfato de amônio por planta). Mensalmente, foram avaliadas as características de crescimento (H, DC, TCR) e sobrevivência. Os experimentos foram realizados em delineamento em blocos casualizados (DBC) com três blocos. Para análises dos resultados foi utilizado o programa SANEST e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%.
RESULTADOS:
Após 10 meses as espécies apresentaram resultados e comportamentos distintos nos três sítios. No sítio I, o angico (Anadenanthera macrocarpa) foi superior em H com média de 148,42cm e o mulungu (Erythrina velutina) foi superior em DC com média de 43,25mm. O jatobá (Hymenaea courbaril) foi inferior em H e DC. Para a TCR, a craibeira (Tabebuia caraíba) com H média de 126,83% e aroeira (Schinus terebenthifolius) DC médio de 258,56% foram superiores, enquanto o jatobá apresentou menor TCR em H e DC. O pau-ferro (Caesalpinia leiostachya) apresentou 0% e o jenipapo (Genipa americana) 88,84% de mortalidade. No Sitio II, o pau-ferro e jatobá com H de 260,75cm e 47,00cm foram as que apresentaram maiores e menores desenvolvimentos, respectivamente. O mulungu destacou-se com DC de 51mm. Para a TCR da H e DC, a aroeira apresentou 293,38% e 480,77%, respectivamente, sendo superior e o jatobá menor TCR para DC e H. Em relação à mortalidade, destaca-se o falso-ingá (Lonchocarpus sericeus) com 0% e o jatobá alta taxa com 75%. No Sítio III, o tamboril e o mulungu foram as que mais se desenvolveram em relação a H e DC 149,50cm e 43,04mm respectivamente. A espécie que menos se desenvolveu foi a canafistula para H, DC. A mortalidade foi outro fator significativo no sítio, onde o pau-pombo (Tapirira guianensis) apresentou 72,22% e o pau-ferro 0%. Em relação a fenológia, a espécie Schinus terebenthifolius apresentou floração apartir do oitavo mês do plantio.
CONCLUSÕES:

As espécies estudadas apresentaram melhor desenvolvimento nos parâmetros estudados altura e diâmetro do colo no sítio 2, exceto Tapirira guianensis e Enterolobium contortisiliquum que apresentaram alta mortalidade neste sítio. Para o sítio 1 as espécies Anadenanthera macrocarpa, Caesalpinia leiostachya, Tabebuia caraiba, Lonchocarpus sericeus e Schinus terebenthifolius, foram as que mais se destacaram no ambiente estudado, e apresentam-se potenciais para recomposição de áreas ciliares. No sítio 3 as espécies apresentaram comportamento semelhante no crescimento para os dois parâmetros avaliados nos dois espaçamentos. Considerando-se o desenvolvimento inicial após 10 meses do plantio, as espécies estudadas apresentam-se potenciais para serem utilizadas em programas de recomposição florestal, em ambientes de matas ciliares com características semelhantes às estudadas.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: matas; ciliares; recuperação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006