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C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 1. Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores
FLEBOTOMÍNEOS (Diptera, Psychodidae)EM ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ, ESTADO DO PARANÁ, BRASIL
Adelina Maria Kühl 1
João Balduino Kühl 1
Ueslei Teodoro 1
(1. Universidade Estadual de Maringá)
INTRODUÇÃO:
As leishmanioses são endêmicas nas regiões tropicais da América, África e Índia e nas subtropicais do Sudoeste da Ásia e no Mediterrâneo. Os agentes etiológicos destas parasitoses são protozoários do gênero Leishmania Ross, que têm como reservatórios mamíferos silvestres, e são transmitidos para o homem e os animais domésticos pela picada de flebotomíneos (vetores). A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença polimórfica da pele e das mucosas, com presença de lesões ulcerosas indolores, únicas ou múltiplas, lesões nodulares, ou lesões nasofaríngeas. A partir de 1980 a LTA tem recrudescido no Brasil, atingindo 552.059 casos, de 1980 a 2003. Na Região Sul, neste período, foram notificados 12.304 casos, dos quais 12.220 (99,3%) ocorreram no Estado do Paraná. A LTA no Brasil até a década de 40 estava associada à derrubada de florestas para o plantio, à construção de estradas de rodagem, ferrovias, hidrelétricas e implantação de povoados, favorecendo o contato do homem com os reservatórios dos parasitos. Nas áreas de colonização mais antigas a adaptação de flebotomíneos e reservatórios silvestres, favorece a formação do ciclo deste parasito no peridomicílio, em zonas rurais e na periferia de centros urbanos. Nas áreas urbanas a LTA tem sido freqüentemente notificada, carecendo de investigações que esclareçam melhor a biologia, o comportamento dos flebotomíneos e a epidemiologia dessa doença.
METODOLOGIA:
A pesquisa sobre flebotomíneos foi feita no Cemitério Parque, na zona urbana de Maringá, compreendendo uma área de 14,5 hectares, sendo 4,8 de mata residual e 9,7 de campo de sepultamento. As coletas de flebotomíneos foram feitas com 6 armadilhas de Falcão (A1, A2, A3, A4, A5 e A6), instaladas a 1 metro do nível do solo, em domicílios, abrigos de animais domésticos e na mata residual. As armadilhas foram instaladas da seguinte forma: A1 - interior da mata, no fundo do escritório da administração; A2 - interior da mata, próximo às moradias, no lado interno do muro que as separa do cemitério; A3 - próximo à residência do vigilante noturno do cemitério; A4 - no ponto médio de uma trilha no interior da mata; A5 - próximo a uma residência de funcionários, onde havia dois cães; A6 - no interior de uma mata ciliar, nos fundos do cemitério, próximo a uma casa inabitada, com alguns cães e ao lado de um viveiro de mudas. As coletas foram feitas duas vezes ao mês, das 20 às 24 horas, de agosto de 2004 a julho de 2005. Os flebotomíneos coletados foram mortos com clorofórmio e acondicionados em pequenas caixas de papelão para posterior identificação, conforme Forattini (1973), no Laboratório de Parasitologia da Universidade Estadual de Maringá.
RESULTADOS:
Foram coletados 216 flebotomíneos no total, dos quais 84 (38,9%) eram fêmeas e 132 (61,1%) eram machos. As espécies coletadas foram Brumptomyia brumpti (Larrousse), Brumptomyia cunhai (Mangabeira), Evandromyia cortelezzii (Brèthes), Expapillata firmatoi (Barretto, Martins & Pellegrino), Lutzomyia borgmeieri (Martins, Falcão e Silva), Micropygomyia ferreirana (Barretto, Martins & Pellegrino), Migonemyia migonei (França), Nyssomyia neivai (Pinto), Nyssomyia whitmani (Antunes & Coutinho), Pintomyia monticola (Costa Lima) e Pintomyia pessoai (Coutinho & Barretto). As espécies dominantes foram N. whitmani e M. migonei com 56,9% e 14,3%, respectivamente. Em seguida vem Pintomyia monticola com 8,8% do total de flebotomíneos coletados. A maior quantidade de flebotomíneos (92 exemplares) foi coletada na A4 (mata), totalizando 42,6% dos flebotomíneos, seguida pela A1 (mata) com 89 (41,2%) e pela A2 (mata) com 21 (9,7%) insetos. Nas armadilhas A5 (residência) e A6 (viveiro de mudas de árvores) foram coletados 14 flebotomíneos, representando 6,4% do total capturado. Na A3 não foram coletados flebotomíneos. O mês com maior incidência de flebotomíneos foi junho, quando foram coletados 61 (28,2%) exemplares, seguido de agosto com 55 (25,5%) e março com 21 (9,7%). A A5 foi à única armadilha em que se coletaram flebotomíneos próximo a uma residência.
CONCLUSÕES:
Foram coletados 216 flebotomíneos, totalizando 11 espécies. O número de machos coletados foi maior que o de fêmeas. A espécie dominante foi N. whitmani. Coletaram-se mais flebotomíneos no interior da mata do que próximo ao domicílio e outras edificações. Nos meses de agosto de 2004 e junho de 2005 coletou-se o maior número de flebotomíneos.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Flebotomíneos; Vetores; Área Urbana.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006