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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
DETERMINANTES DO BAIXO PESO AO NASCER EM MARINGÁ-PR SEGUNDO VARIÁVEIS DA CRIANÇA
Daniele Maria Pelissari 1
Taqueco Teruya Uchimura 1
Dorotéia Fátima Pelissari de Paula Soares 1
(1. Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá/ DEN-UEM)
INTRODUÇÃO:

Com o objetivo de obter informações relacionadas às condições da criança por ocasião do nascimento, sobre a gestação, o parto e sobre as características especiais da mãe, o Ministério da Saúde criou o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). O SINASC foi criado com base no registro de dados em documentos individualizado e padronizado, para tanto foi concebida a Declaração de Nascido Vivo (DN). Segundo a OMS (1950) “nascido vivo (NV) é todo o produto da concepção que, independentemente do período da gestação, depois de expulso ou extraído do corpo da mãe, respire ou apresente outro sinal de vida”. Os dados fornecidos pelo SINASC têm sido utilizados para conhecer o real número de NVs, com redução do sub-registro bem como para a avaliação dos fatores de risco na mortalidade infantil através da identificação do nascimento correspondente a cada óbito e para conhecer a distribuição dos nascimentos no espaço urbano para análise da heterogeneidade social e as desigualdades em saúde no Município.  Além disso, permite a implantação de um Sistema de Vigilância dos recém-nascidos com maior risco para morbi-mortalidade no primeiro ano de vida. O presente estudo teve como objetivo analisar os determinantes do baixo peso ao nascer das crianças nascidas em Maringá-PR, segundo as variáveis da criança.

METODOLOGIA:

O estudo foi realizado com os dados de nascidos vivos provenientes do SINASC, todos cedidos pela Coordenação de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Maringá-PR. Foram coletados os dados referentes às crianças residentes de gestação única, dos nascimentos ocorridos nos anos de 1996 a 2002 em Maringá. Este projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Maringá conforme Resolução nº 196/96. Foram realizados testes de diferenças das médias das variáveis da criança e em seguida teste de associação pelo qui-quadrado. Em todas as análises foi utilizado o nível de significância de 5%. As variáveis estudadas foram: peso ao nascer, sexo,  índice de Apgar no 1º e 5º minuto de vida e mês de nascimento.

RESULTADOS:

Para os sete anos estudados os nascimentos únicos somaram 30.383 das crianças residentes. Desses 265 (0,87%) apresentaram muito baixo peso (peso < 1500g), 1.545 (5,09%) tiveram peso entre 1.500 a 2.499g, totalizando 1.810 (5,96%) com peso < 2.500g. As variáveis que apresentaram associação estatisticamente significativa (p<0,001) com o baixo peso ao nascer foram o sexo e Apgar da criança sendo que o mês de nascimento não apresentou relação com o baixo peso ao nascer. Do total da população, 14.820 (48,78%) eram do sexo feminino. Observou-se ainda, uma maior freqüência de baixo peso ao nascer para o sexo feminino, o mesmo não ocorrendo com o peso normal, acrescentando-se que 967 (3,18%) das crianças do sexo feminino foram classificadas como sendo de baixo peso comparadas com 842 (2,77%) para o sexo oposto. O sexo feminino se apresentou como determinante do baixo peso ao nascer com RR=1,20 (IC 1,10 - 1,32). Para o Apgar no 1º minuto, somaram 4.071 (13,39%) para pontuação < a 7 e 25.973 (85,48%) para a pontuação > que 7. Para a avaliação feita ao 5º minuto, 765 (2,51%) eram < a 7 e 29373 (96,67%) > que 7. A variável Apgar no 1º minuto de vida < 7 apresentou-se como um determinante do baixo peso ao nascer com os resultado de RR= 3,75 (IC 3,43 - 4,11), o mesmo foi encontrado para o Apgar no 5º minuto com RR=6,61 (IC 6,01 - 7,28).

CONCLUSÕES:

Os resultados encontrados nesse estudo mostraram coerência com os de outros estudos realizados no Brasil e em outros países. A vinculação do banco de dados do SINASC permitiu a identificação de fatores associados à ocorrência do baixo peso ao nascer em Maringá. A utilização crítica das informações contidas nesse instrumento, pode fornecer subsídios para implementação de estratégias de redução da mortalidade infantil, para definir critérios a serem utilizados no monitoramento de recém nascido de risco e ainda, como fonte de indicadores para acompanhamento e avaliação de ações dirigidas à população materno-infantil. Os resultados encontrados orientarão os órgãos públicos de saúde no planejamento de ações destinadas à diminuição da mortalidade neonatal, especificamente para Maringá. Da mesma forma, poderão auxiliar os profissionais de saúde a fazerem prognósticos das chances de sobrevida neonatal,  diante da necessidade de se interromper uma gestação de alto risco e, ainda, de orientarem à família quanto ao risco de morte do recém nascido.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/ CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Recém nascido; Baixo peso ao nascer; Apgar.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006