Há um grande interesse, nestes últimos anos, no monitoramento periódico da qualidade do ar. O contínuo aumento das fontes poluidoras, sem o devido controle, têm contribuído na elevação dos níveis de poluição atmosférica tornando-se um problema ambiental dos mais significativos tanto nos países industrializados quanto nos em desenvolvimento. A qualidade do ar urbano, em algumas regiões, tem-se tornado uma ameaça para a saúde e bem estar das pessoas e do meio ambiente em geral. Diante disso, para direcionar as medidas preventivas ou corretivas e assegurar a melhoria e manutenção da qualidade do ar da região é importante a realização do inventário de fontes móveis. O presente trabalho tem como objetivo quantificar as emissões dos poluentes originários da frota veicular na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA).

O desenvolvimento do Inventário da RMPA é baseado nos métodos para elaboração de inventários de emissões veiculares da U.S. E.P.A. (United States Air Protection Agency). Os dados utilizados para os cálculos das emissões foram retirados do Relatório de qualidade do Ar do Estado de São Paulo 2004, do Appendix 42 – Compilation of Air Polluant Emission Factors – Móbile Sources e do Inventário de Emissões Atmosféricas Veiculares na Região Metropolitana de Porto Alegre em 2001. As informações sobre a frota veicular e sobre os combustíveis foram obtidas junto aos órgãos públicos responsáveis, Detran – RS e ANP, respectivamente. Foram calculadas as emissões de CO, NOx, SOx, R-CHO, HC e material particulado para as frotas com tecnologias à gasolina, álcool, diesel e GNV. O trabalho foi desenvolvido em duas etapas: levantamento e organização dos dados para obtenção do perfil da frota veicular e a execução de cálculos para obtenção dos valores das emissões atmosféricas.

A RMPA possui uma população de cerca de 3.827.266 habitantes (fonte: IBGE), com uma frota de, aproximadamente, 1.166.191 veículos (fonte: Detran-RS); esta, na sua maioria, é composta por automóveis e com maior predominância de veículos movidos à gasolina. Levando em consideração esta característica, foi feito um acompanhamento da evolução das emissões atmosféricas ano a ano a partir de pré-80 até 2004, cujos resultados mostraram a tendência à diminuição dos valores das emissões. Alguns valores obtidos foram: CO = 148,4; R-CHO = 0,113; NOx =  7,70; HC = 14,6, em 1000ton/ano, para a frota à gasolina. Comparado com o último levantamento realizado (ano de 2001), de maneira geral, não houve diferenças nas emissões atmosféricas, mesmo existindo diferenças no perfil da frota da região inventariada. Na ocasião da execução do levantamento de 2001, a RMPA contava com um município a menos e ainda não havia sido feita a reforma da frota veicular, ou seja, os veículos com tecnologias antigas ainda não haviam saído de circulação; em virtude disto todos os cálculos e o levantamento do perfil da frota tiveram que ser refeitos. Neste atual inventário foram obtidos os primeiros resultados para a RMPA das emissões da frota GNV, que teve um aumento significativo nos últimos anos e foi observado que as maiores emissões atmosféricas de SOx são devidas à frota de veículos a diesel, cerca 84.925 unidades.

As emissões totais mantêm a tendência de diminuição ao longo dos anos, devido às ações do PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), da otimização do desempenho dos motores, das melhorias no refino dos combustíveis que atribui aos mesmos uma melhor qualidade e da reforma da frota veicular. Tendo em vista que as medidas preventivas para a manutenção de uma boa qualidade de ar estão sendo tomadas, é imprescindível que seja feito, periodicamente, inventários de emissões para que se tenha uma visão geral de como está o ar nas regiões. No caso de existir alterações significativas nos níveis de emissões, será possível tomar as providências necessárias e, dessa forma, minimizar os malefícios oriundos dos poluentes e diminuir os riscos à população.