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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil
CARACTERÍSTICAS DOS LACTENTES MENORES DE UM ANO NASCIDOS EM JOINVILLE, SC
Gabrielli Baschung Socha 1
Selma Cristina Franco  1
Maria Beatriz Reinert Nascimento  1
Marco Antonio Mouras Reis 1
(1. Universidade da Região de Joinville / UNIVILLE Departamento de Medicina)
INTRODUÇÃO:

O estímulo ao aleitamento materno é reconhecido como uma estratégia fundamental para a promoção da saúde materno-infantil. Um dos fatores que podem interferir com esta prática alimentar é o perfil do lactente. O objetivo deste estudo é conhecer as características dos lactentes menores de um ano nascidos no município de Joinville. Realizou-se um inquérito populacional, utilizando metodologia proposta pela OMS, que preconiza a coleta de dados na Campanha Nacional de Vacinação. Foram selecionadas sistematicamente e entrevistadas 1470 acompanhantes de crianças menores de um ano no município de Joinville em agosto de 2005. Os resultados apontam uma distribuição eqüitativa quanto ao sexo, 57,1% são menores de 6 meses de idade, 7,6% tiveram baixo peso ao nascer e 45,2% nasceram por parto cesariana. Conclui-se que estas características são semelhantes a outros estudos brasileiros, entretanto, os lactentes de baixo peso ao nascer e os que tiveram parto cesariana são grupos de risco para desmame precoce, merecendo maior atenção dos profissionais de saúde.   

METODOLOGIA:

Realizou-se um estudo transversal, tipo inquérito populacional, durante a Campanha Nacional de Vacinação, em agosto de 2005, entre acompanhantes de crianças menores de um ano de idade que compareceram aos postos de vacinação do município de Joinville.

            Esta metodologia é a preconizada pela OMS, já tendo sido validada em levantamentos populacionais realizados anteriormente em municípios brasileiros. No município em questão, esta estratégia é considerada adequada devido à alta cobertura obtida em campanhas em anos anteriores, atingindo 93% e 96% das crianças menores de um ano, em cada uma das etapas da Campanha de Vacinação de 2004. .

            Baseado nos dados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) de Joinville em 2003 e nas projeções populacionais realizadas no município, estima-se que a população infantil menor de um ano de idade seja cerca de 7.000 crianças (SMS Joinville, Divisão de Vigilância à Saúde, 2004). Considerando que as crianças não se distribuem uniformemente nos postos de vacinação (conglomerados), a amostra foi selecionada mediante sorteio em dois estágios, com probabilidade proporcional ao tamanho dos conglomerados. No primeiro estágio, foram sorteados os postos de vacinação e, no segundo, as crianças em cada posto, de forma sistemática.

            Os pesquisadores recrutaram e treinaram 74 alunos de cursos técnico e superior da área da saúde bem como 133 profissionais das unidades básicas de saúde  existentes no município para atuarem como entrevistadores, aplicando um questionário com perguntas fechadas, em sua maioria, contendo questões sobre hábitos alimentares da criança e algumas características maternas (idade, escolaridade, paridade e tipo de trabalho). Foi solicitado consentimento aos participantes do estudo.

            Os dados foram armazenados no programa AMAMUNIC 2.0 e posteriormente importados para o Excel e EPIINFO 6.04.  

RESULTADOS:

Foram entrevistados 1470 acompanhantes de crianças menores de um ano de idade, o que correspondeu a 21% das crianças desta faixa etária do município. Destes, 1415 (96,3%) nasceram no município de Joinville, sendo que 1034 (73,1%) nasceram na Maternidade Darcy Vargas, 223 (15,7%) no Hospital Dona Helena, 147 (10,4%) no Centro Hospitalar Unimed e 8 (0,6%) no Hospital Bethesda.

            Verifica-se uma distribuição eqüitativa quanto ao sexo dos lactentes participantes do estudo e 57,1% menores de 6 meses. Este achado é semelhante ao encontrado por Vieira et al (2004) em Feira de Santana, no qual 49,9% eram do sexo masculino e 52,8% menores de 6 meses.

 

            Portanto, a preferência da mãe, na amamentação, por um ou outro sexo, deve estar relacionada a aspectos culturais e fatores psicológicos.

            Esta pesquisa mostrou que 7,6% dos recém nascidos são de baixo peso, semelhante ao estudo de Feira de Santana com 7,3% (VIEIRA et al, 2004).

            O nascimento de um recém-nascido de baixo peso (RNBP) diminui significativamente a chance de uma mulher iniciar a amamentação. ADAIR e POPKIN (1996), pesquisando o AM entre crianças filipinas, registraram que nascer com peso menor ou igual a 2500g aumenta em 67% a chance de não ser aleitado ao peito.

           Com relação ao tipo de parto, encontrou-se um alto percentual de cesária (45,2%), bastante acima do preconizado pela OMS que é 15%. Entretanto, no contexto brasileiro, apesar de alta, esta incidência situa-se dentro de uma ampla faixa de variação encontrada em estudos realizados em diferentes regiões do país, ou seja entre 33% e 83,7% (MORAES & GOLDENBERG, 2001).            Diversos autores não encontraram influência do tipo de parto na amamentação.       

                        Em pesquisa realizada com 4912 crianças brasileiras, a incidência do aleitamento natural é similar entre as nascidas por parto vaginal e operatório eletivo, mas é descrito que aquelas nascidas de parto cesáreo de urgência são amamentadas por um período significativamente mais curto (VICTORA et al., 1990).

 

CONCLUSÕES:

As características dos lactentes em Joinville são semelhantes a outros estudos brasileiros, entretanto, os lactentes de baixo peso ao nascer e os que tiveram parto cesariana são grupos de risco para desmame precoce, merecendo maior atenção dos profissionais de saúde.  

A proporção de parto cesária é elevada segundo referências preconizadas internacionalmente, porém encontra-se dentro do esperado em nosso país.

Instituição de fomento: Univille
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Aleitamento materno; Saúde materno-infantil; Saúde pública.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006