O bloco denominado Tratamento da Informação, existente nos Parâmetros Curriculares Nacionais sugere algumas habilidades relacionadas à Estatística que podem ser desenvolvidas nos alunos da Educação Básica e enfatiza que estes alunos devem ser capazes de interpretar corretamente as informações dispostas de forma organizada, produzir textos a partir delas e, também, construir formas de organizar e expor informações. Para atingir tais resultados, uma sugestão é contextualizar o conteúdo com o cotidiano do aluno, utilizando temas geradores, nos quais seja possível discutir, analisar e interpretar dados reais do seu dia-a-dia. Para isso, é possível seguir as sugestões do Quantitative Literacy Project e, de forma interdisciplinar, adequá-las à realidade das escolas brasileiras, traçando paralelos com os Temas Transversais. Alguns pesquisadores já sugerem que a alfabetização quantitativa pode ser considerada como a habilidade para entender e avaliar criticamente resultados que permeiam nossas vidas, conjugada com a habilidade para apreciar contribuições que o pensamento estatístico pode fazer nas decisões pública e privada, profissional e pessoal.

Para o desenvolvimento dessa pesquisa, o primeiro passo foi realizar um levantamento de material teórico, paralelamente às reuniões regulares agendadas pelo EPEMAT – Estudos e Pesquisas em Educação Matemática, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Com os encaminhamentos nessas reuniões, foi possível planejar atividades que buscam levar os estudantes da Educação Básica a aprenderem conteúdos de Estatística e também a repensar seu papel perante a sociedade, exercendo sua cidadania. Em vista disso, estamos desenvolvendo seqüências didáticas que trazem para a sala de aula temas atuais e interdisciplinares, como: lixo, água, sexualidade e populações indígenas do Brasil.

A vinculação dos conteúdos matemáticos e estatísticos a outras áreas do conhecimento tende a criar um ambiente favorável de reflexão nos alunos, com isso, as atividades propostas em forma de seqüências didáticas, que buscam relacionar o cotidiano do aluno com os conceitos estatísticos a serem desenvolvidos pelo professor, conforme sugestão dos Parâmetros Curriculares Nacionais, agregam várias áreas do conhecimento e, podem motivar os alunos da Educação Básica e criar um ambiente propício à aprendizagem.

Apesar das várias vantagens existentes, trabalhar com temas geradores para se ensinar os conteúdos estatísticos, na prática, não é muito simples, pois exige, muitas vezes, uma mudança na postura, nas concepções, nas crenças e nas atitudes do professor de Matemática. Tendo isso em vista, podemos afirmar que, neste caso, as conseqüências recaem diretamente na aprendizagem do aluno. Com isso, dada a dificuldade dos professores que atuam nesses níveis trabalharem com conteúdos de Estatística, também acreditamos que a produção de seqüências didáticas possa ser uma forma de fornecer-lhes subsídios teóricos e metodológicos para melhorar a sua atuação em sala de aula. Além do mais, não é possível esperarmos que o aluno chegue às séries finais da Educação Básica para iniciarmos conteúdos essenciais para o desenvolvimento de sua visão de mundo. Há a necessidade de uma pedagogia de ensino baseada na investigação e na reflexão. Ela constitui na sala de aula, um cenário forte para o ensino de uma Matemática crítica, no qual o conhecimento será centrado na investigação, na indagação e na reflexão do que se aprende, para que se aprende, onde é dada a mesma importância à aprendizagem de conceitos, habilidades e as aplicações.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica