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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 7. Química Orgânica

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO CALDO DE CULTIVO E DE EXTRATOS OBTIDOS DO MICÉLIO DE Pleurotus ostreatus DSM 1833

Jamile Rosa Rampinelli  1
Regina Maria Miranda Gern  2
Sandra Aparecida Furlan  3
Elisabeth Wisbeck  4
(1. Departamento de Química Industrial/ UNIVILLE; 2. Departamento de Ciências Biológicas/ UNIVILLE; 3. Departamento de Engenharia Ambiental/ UNIVILLE; 4. Departamento de Química Industrial/ UNIVILLE)
INTRODUÇÃO:
Fármacos antimicrobianos têm sido empregados profilaticamente e com objetivos terapêuticos. Entretanto, a recente emergência de cepas resistentes a muitos fármacos tem tornado o tratamento complexo. Assim, a atividade antimicrobiana de vários polissacarídeos, produzidos principalmente por fungos, vem sendo avaliada em termos de eficiência clínica, como alternativa terapêutica. Os fungos do gênero Pleurotus apresentam propriedades nutricionais e terapêuticas, tais como atividade hipoglicêmica, antitrombótica, antitumoral, antiflamatória e antimicrobiana, além de possuir capacidade de modular o sistema imunológico.  Vários trabalhos têm sido conduzidos com o intuito de comprovar o efeito inibitório de extratos obtidos de corpos frutíferos e do micélio de fungos do gênero Pleurotus contra o crescimento de vários microrganismos. Uma vez que a composição dos corpos frutíferos e do micélio fúngico é dependente do substrato utilizado e também da linhagem fúngica, propôs-se avaliar neste trabalho a atividade antimicrobiana de Pleurotus ostreatus DSM 1833 cultivado em um meio de cultivo alternativo.
METODOLOGIA:
Pleurotus ostreatus foi cultivado durante 14 dias em um meio contendo glicose e água de maceração de milho, dissolvidos em extrato de trigo. Dois extratos, infusão aquosa do micélio (EA) e suspensão dos polissacarídeos presentes no micélio (PS), e o caldo de cultivo isento de células (CF) foram avaliados quanto a sua atividade antimicrobiana contra os microrganismos Escherichia coli, Bacillus subtilis e Candida albicans. Tubos de ensaio contendo o meio de cultivo adequado para cada microrganismo, duas vezes concentrado foram adicionados dos extratos EA, PS ou CF, na proporção de 1:1. A mistura foi inoculada com uma suspensão de células de cada microrganismo teste e incubada de acordo com a condição ideal de cada microrganismo. Paralelamente, também foram elaborados cultivos controle, isentos de extratos. A atividade antimicrobiana foi avaliada por meio da medida de inibição do crescimento celular dos microrganismos teste, detectada mediante a leitura da absorvância em espectrofotômetro. A atividade antimicrobiana foi verificada quando os valores de absorvância dos cultivos teste, contendo extratos, foram significativamente inferiores aos valores de absorvância dos cultivos controle. Os experimentos foram realizados em quadruplicata.
RESULTADOS:

O caldo de cultivo só apresentou atividade contra E. coli (95,13%) e pode-se sugerir que o seu efeito antimicrobiano pode estar associado à presença de ácido benzóico, álcool benzílico, anisaldeído e terpenos, conhecidos pelas suas propriedades antimicrobianas. Os polissacarídeos extraídos do micélio de P. ostreatus apresentaram um pequeno efeito inibitório sobre E. coli (12,58%) quando comparado ao caldo de cultivo bruto (95,13%), sugerindo que os compostos antimicrobianos presentes no caldo de cultivo tenham outra natureza química que não carboidratos. Efeito mais significativo dos polissacarídeos extraídos do micélio foi obtido contra C. albicans (35,3%) e B. subtilis (31,14%). Compostos bioativos presentes na infusão aquosa do micélio de P. ostreatus foram capazes de inibir razoavelmente o crescimento de B. subtilis (32,1%) e C. albicans (57,5%).

CONCLUSÕES:

Os resultados obtidos neste trabalho indicam o caldo de cultivo e a infusão aquosa do micélio de P. ostreatus como os mais indicados para inibir o crescimento de E. coli e C. albicans, respectivamente. Os polissacarídeos extraídos do micélio de P. ostreatus inibiram parcialmente o crescimento de E. coli (12,58%) e C. allbicans (35,3%). O crescimento de B. subtilis foi parcialmente inibido pela infusão aquosa do micélio (32,1%). Concentrações mínimas para a inibição devem ser avaliadas em experimentos futuros.

Instituição de fomento: FAP/ UNIVILLE
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Antimicrobianos; biomassa micelial; Pleurotus ostreatus.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006