IMPRIMIR VOLTAR
B. Engenharias - 1. Engenharia - 12. Engenharia Química

ESTUDO SOBRE COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS EM CAMPINAS - SP

Tassia Lopes Junqueira 1
Édler Lins de Albuquerque 2
Edson Tomaz 3
(1. Aluna de graduação, Faculdade de Engenharia Química, FEQ/UNICAMP.; 2. Doutorando, Departamento de Processos Químicos, Faculdade de Engenharia Quím; 3. Prof. Dr., Departamento de Processos Químicos, Faculdade de Engenharia Quími)
INTRODUÇÃO:

Os Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) podem ser definidos como todos os compostos contendo carbono e que  participam de reações fotoquímicas na atmosfera, excluindo carbono elementar, monóxido e dióxido de carbono dentre outros. Estes compostos constituem uma classe de poluentes do ar emitidos na atmosfera predominantemente pela frota veicular (combustão de combustíveis fósseis e perdas evaporativas) e por processos industriais. Ultimamente, os COVs vêm sendo mais estudados devido aos problemas que podem acarretar ao meio ambiente, dentre os quais destacam-se a toxicidade intrínseca que alguns desses compostos apresentam aos seres vivos, além de outros prejuízos oriundos da formação fotoquímica de substâncias oxidantes. Sendo assim, como efeito indireto dos COVs, têm-se especialmente a formação de ozônio troposférico.  Uma vez que no Brasil não existem padrões de qualidade do ar para COVs e são escassos os dados de concentrações destes em atmosferas urbanas, este trabalho visou determinar as concentrações destes compostos no centro da cidade de Campinas (estação de avaliação da qualidade do ar da CETESB). Esta cidade destaca-se por sua população de aproximadamente 970 mil habitantes, contribuindo com 17% da produção industrial do Estado de São Paulo.

METODOLOGIA:
A coleta de COVs utilizou a técnica de adsorção em sólidos adsorventes. Empregou-se tubos de adsorção (PerkinElmer) empacotados com a resina Tenax TA e condicionados por um dessorvedor térmico automático. Foram realizadas duas estratégias complementares de amostragem: ativa e passiva. A amostragem ativa consistiu na sucção do ar para dentro dos tubos através de bombas diafragmas portáteis movidas à bateria, durante um período de uma hora (das 8:30 às 9:30h), acompanhando-se a variação de vazão em função do tempo. A coleta passiva, também denominada difusiva, foi realizada por meio da exposição do tubo ao ar ambiente por 14 dias consecutivos, permitindo que os compostos fossem transportados por difusão e, posteriormente, adsorvidos na resina. Após a amostragem, os tubos foram analisados em cromatógrafo gasoso com detecção por ionização em chama, sendo a injeção da amostra feita através de um dessorvedor térmico automático (PerkinElmer - ATD-400). Foram quantificados hidrocarbonetos, dentre estes n-alcanos, i-alcanos, aromáticos e um composto clorado.
RESULTADOS:
Na coleta ativa, os COVs encontrados em maior concentração foram: tolueno, m,p-xileno, n-hexano, metilciclopentano, benzeno, n-heptano e n-nonano. Na coleta passiva, os seguintes compostos apresentaram maiores níveis atmosféricos: tolueno, m,p-xileno, n-nonano, n-hexano, estireno, etilbenzeno e metilciclopentano. Em geral, as concentrações obtidas por cada técnica de coleta foram semelhantes, sendo, para a maioria dos compostos, mais elevadas na amostragem ativa, uma vez que esta foi realizada em um horário no qual o fluxo de veículos é intenso. As concentrações não apresentaram variações significativas nas diferentes estações do ano. Acredita-se que isto se deu devido à proximidade das fontes de emissão em relação ao local de coleta. Foram encontradas boas correlações entre os compostos analisados nas amostras coletadas por amostragem ativa, indicando que estes provêm de uma mesma fonte de emissão, possivelmente a frota veicular, visto que estes compostos são comumente encontrados dentre os poluentes originados na queima de combustíveis veiculares. Este fato foi mais difícil de ser verificado nos resultados da amostragem passiva, pois, em função do longo período de amostragem, as concentrações de cada COV sofreram variações distintas devido uma maior influência de reações fotoquímicas e demais processos de remoção atmosféricos. Por isso, as correlações lineares observadas não foram tão bem estabelecidas quanto no caso da amostragem ativa.
CONCLUSÕES:
O projeto desenvolvido quantificou alguns dos COVs presentes em maiores níveis na atmosfera urbana de Campinas, assim como determinou as concentrações de 22 compostos amostrados através de metodologias distintas de amostragem, discutindo a aplicação de cada uma. Ressalta-se ainda sua importância por ser este o primeiro estudo neste local, ou seja, trata-se das primeiras informações a respeito da concentração de COVs em Campinas. Relacionaram-se as concentrações registradas às possíveis fontes de emissão. Os resultados da amostragem ativa sugerem que a frota veicular é a fonte mais significativa de emissão de COVs na atmosfera estudada, durante o horário de coleta. Os resultados obtidos para a amostragem passiva mostraram-se bastante precisos, além disso este método revelou diversas vantagens para este tipo de estudo, tais como a facilidade de manuseio dos amostradores e a ausência de demanda energética durante a coleta de amostras. Espera-se, adicionalmente, que, com mais informações sobre COVs, possam ser discutidas e aprovadas regulamentações que englobem a emissão de tais compostos visando a melhoria da qualidade de ar, principalmente em grandes centros urbanos.
Instituição de fomento: CNPQ/PIBIC
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Compostos orgânicos voláteis ; Emissões Veiculares ; Campinas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006