IMPRIMIR VOLTAR
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
PRODUÇÃO E RENDA BRUTA DA CENOURA ‘BRASÍLIA’ E DA ALFACE ‘CRESPA GRAND RAPIDS’, EM CULTIVO SOLTEIRO E CONSORCIADO

Jose Carlos Pezzoni Filho 1
Néstor Antonio Heredia Zárate 2
Maria do Carmo Vieira 2
João Dimas Graciano 3
Artur Renan Giuliani 4
Jerusa Rech 5
(1. Bolsista de Iniciação Cientifica Convênio CNPq/UFMS; 2. Departamento de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ; 3. Departamento de Ciências Agrárias, Doutorando em Agronomia – UFMS; 4. Bolsista de Iniciação Cientifica Convênio CNPq/FUNDECT; 5. Aluno Voluntário)
INTRODUÇÃO:

A consorciação de culturas é descrita como um sistema intermediário entre o monocultivo e as condições naturais de vegetação, onde diversas espécies co-existem em tempo e espaço, formando um sistema equilibrado ecologicamente. A cenoura (Daucus carota) é uma das hortaliças mais consumidas no Brasil, e em 2003, a produção no Brasil foi de aproximadamente 758 mil toneladas em uma área de cerca de 27 mil hectares (FAO, 2003). A alface (Lactuca sativa) é uma hortaliça popular no mundo inteiro e é cultivada tradicionalmente no território brasileiro (Filgueira, 2000). No Mato Grosso do Sul, em 1996, a área cultivada com alface foi de 203 ha e no município de Dourados foi a hortaliça folhosa de maior área, de 65 ha (Diagnóstico, 1998). No cultivo da cenoura e da alface, hortaliças de importante expressão econômica e nutricional, as cultivares e os arranjos espaciais são importantes fatores de manejo que podem ser manipulados para melhorar o uso de recursos e a eficiência da prática do consórcio em hortaliças (Bezerra Neto et al., 2003). Daí, o presente trabalho ter tido como objetivo estudar a produtividade e a renda bruta da cenoura e da alface, conduzidas em cultivo solteiro, com três e quatro linhas no canteiro, ou consorciadas, nas condições ambiente de Dourados - MS.                                                                           

METODOLOGIA:

O trabalho foi desenvolvido na horta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Dourados - MS, entre 10-3-2004 e 9-6-2004, em Latossolo Vermelho distroférrico, de textura argilosa. Foram estudadas a cenoura ‘Brasília’ e a alface ‘Crespa Grand Rapids’, em cultivo solteiro com três (C3 e A3) e quatro (C4 e A4) linhas por canteiro, e consorciado (C3A4 e C4A3), arranjados no delineamento experimental de blocos casualizados, com cinco repetições. A propagação da cenoura e da alface foi por sementes, no sistema de semeadura direta. A colheita da alface foi realizada após 62 dias da semeadura e foram avaliadas a altura e o diâmetro das “cabeças”, as massas frescas e os números de plantas de tamanho comercial. A colheita da cenoura efetuou-se aos 90 dias da semeadura quando avaliaram - se a altura e as massas frescas das folhas e das raízes, comerciais e não-comerciais; além do número de raízes. O consórcio foi avaliado utilizando a expressão da razão de área equivalente (RAE). A validação do consórcio foi realizada mediante a determinação da renda bruta. 

RESULTADOS:

 Os maiores valores de diâmetro (25,51 cm), massas frescas (5,92 t ha-1) e número (109.440) de “cabeças” de alface por hectare foram obtidos no cultivo solteiro e a maior altura de plantas (19,81 cm) foi no consorciado. Na cenoura, a forma de cultivo influenciou significativamente as produções de folha, massa e número de raízes comerciais grandes e número de raízes não-comerciais. Já, o número de fileiras no canteiro influenciou as produções de folha, número de raízes comerciais grandes e massa e número de raízes comerciais pequenas. Os resultados obtidos mostraram que o cultivo solteiro foi melhor que o consorciado. Ao relacionar o número de fileiras observou - se que, o uso de quatro fileiras no canteiro foi melhor que três fileiras. A RAE para o consórcio cenoura e alface, considerando as produtividades de massa fresca da cenoura e o número de “cabeças” comerciais de alface, foi de 1,52 para o consórcio C3A4 e de 1,75 para o consórcio C4A3. Esses resultados mostram que os consórcios foram efetivos. Ao relacionar a renda bruta, observou-se que para o produtor o consórcio C3A4 (cenoura sob três fileiras no canteiro e alface sob quatro fileiras) foi o melhor, já que poderia ter induzido incrementos monetários por hectare de 253,21% (R$ 31.908,50) ou de 2,19% (R$ 956,00), quando relacionado com a renda da cenoura ou da alface sob quatro fileiras no canteiro em cultivo solteiro, respectivamente.

CONCLUSÕES:

Pelos resultados obtidos, concluiu-se que os consórcios cenoura e alface foram viáveis. Com os valores obtidos para a RAE e para a renda bruta, conclui-se que o consórcio com maior RAE nem sempre é o que induz a maior renda bruta para o agricultor. Isto porque, o consórcio C4A3 apesar de ter induzido a obtenção da maior RAE poderia ter induzido perda de R$ 1.044,00 para o produtor de alface que cultive utilizando quatro fileiras de plantas no canteiro.

Considerando a renda bruta, para os produtores de cenoura e de alface o consórcio cenoura com três fileiras e alface com quatro fileiras deve ser recomendado.

 

Instituição de fomento: CNPq (bolsas concedidas) e FUNDECT-MS (apoio financeiro)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Consorciação; Produtividade; Renda.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006