Analisando a documentação produzida pelo DOPS/PR, constituída de livros, filmes, fotografias, jornais e assemelhados, além de extensos relatórios dos agentes policiais foi possível conceituar tanto os sujeitos políticos como os movimentos sociais a partir do estudo da lógica da suspeição. Por sua vez, esse caminho nos remeteu ao cotidiano da polícia política enquanto um aparelho repressor do Estado.

As regras instituídas pelo poder policial são reveladoras não apenas do aparato de exclusão permitido pelo Estado, como também são expressivas a tentativa desse Estado em legitimar a idéia de estar lutando contra "grupos perigosos" e suas "ideologias exóticas". Com a pesquisa foi possível recuperar as tramas, os medos, as mentiras, os recuos dos indivíduos enquanto cidadão transformado em "suspeito" ou "indesejável" e, posteriormente, criminoso, como foi possível também tomar contato com o aparato do poder policial e o universo da polícia.

Do ponto de vista do DOPS, sua atividade policial estava voltada em sustar qualquer propagação de idéia ou manifestação que pudesse violar o discurso ordenador e saneador, articulado pelo regime vigente. Assim sendo, formulou uma lógica vigilante, a "lógica da suspeição", procurando sempre que possível, controlar e coibir as atividades políticas e sociais, no caso camponeses e trabalhadores rurais.