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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 6. Lingüística

A REPRESENTAÇÃO DA MODERNIDADE EM ENTREVISTAS POLÍTICAS DOS PRESIDENTES PÓS-REGIME DE EXCEÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA NAÇÃO MODERNA.

 

Ofélia Maria Imaculada 1
Antônio Luiz Assunção 2
(1. Acadêmica do curso de letras - Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ; 2. Orientador - Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ)
INTRODUÇÃO:

: Partindo do quadro teórico da Análise Crítica do Discurso (ACD), que assume como postulado teórico uma concepção de linguagem como prática social, determinante e determinada socialmente, o presente trabalho visou a compreender o processo de representação do Brasil e de sua inserção na modernidade, objetivando à constituição de uma representação de nação moderna para o país. Sob essa perspectiva, considerando-se os trabalhos de Fairclough (2001) e Van Dijk (1997/2003), buscou-se identificar a forma como os mecanismos lingüístico-discursivos atuaram no processo de representação do Brasil moderno e o modo como esses mecanismos contribuíram na construção da ordem consensual em torno dessas representações de nação, favorecendo a reprodução e manutenção das relações de poder no meio social. 

METODOLOGIA:
Tomou-se como corpus entrevistas dos ex-presidentes Fernando Collor de Melo e Fernando Henrique Cardoso e do atual presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva publicadas na revista Veja. Seguindo o enfoque tridimensional da ACD, a abordagem do corpus respeitou as três dimensões do discurso: o ponto-de-vista textual, descrição das propriedades formais dos textos como lugares de investimento ideológico; ponto-de-vista interacional, a interpretação dos textos enquanto objeto de interação que pressupõe a relação entre o sujeito produtor e os destinatários e finalmente o ponto-de-vista de ação social que busca situar o discurso no seu tempo e espaço históricos, atentando para o trabalho ideológico da linguagem e consequentemente para o seu uso político nos processos de representação.
RESULTADOS:
 A partir da análise dos mecanismos lingüístico-discursivos depreendidos da superfície textual das entrevistas presidenciais, observou-se que o discurso dos presidentes apresentou-se como um discurso da modernidade, à medida que buscava uma ruptura com o passado atrasado, instaurando o presente como a possibilidade de mudança e esperança num futuro melhor. A modernidade define-se sempre em relação ao atraso do passado em uma perspectiva de mudança que articula elementos como desenvolvimento e democracia. O Brasil é colocado como um país em processo de modernização e o governo como responsável por esse processo.
CONCLUSÕES:

 

 Com base nas estratégias textuais presentes nos discursos dos presidentes pós-regime militar, foi possível indicar a forma como foram construídas as representações de nação moderna e o modo como tais representações foram manipuladas de acordo com determinados valores ideológicos, favorecendo o domínio ideológico no e pelo discurso. O discurso dos presidentes, ao emergirem de posições de poder, buscaram, a partir do uso de estratégias discursivas, construir uma representação de nação que por ter se distanciado de seu passado pretende-se democrática e próspera. Emergindo dessa instituição de poser político representada na figura do presidente e, considerando-se que o discurso assegura o poder pela força de uma represenntação de mundo cosensual, observou-se que o modo como o discurso se apresentou fovoreceu a legitimação de uma representação de nação moderna para o país advinda do poder.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave:  Discurso; Representação; Modernidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006