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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais

AnÁlise da Potencialidade da produção de biodiesel utilizando óleos vegetais e gorduras residuais

Geovânia Silva de Sousa  1
Mônica de Moura Pires 2
Jaênes Miranda Alves 3
(1. Curso de Ciências Econômicas do DCEC/UESC, bolsista do programa PIBIC/CNPq; 2. Prof., Dr., Orientadora, Departamento de Ciências Econômicas - DCEC/UESC; 3. Prof., Dr., Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas - DCET/UESC)
INTRODUÇÃO:

A energia tornou-se, no cenário atual, um produto indispensável para o desenvolvimento dos países, haja vista a sua necessidade para gerar produção e, consequentemente desenvolvimento socioeconômico. Entretanto, do total de energia consumida em todo o mundo, aproximadamente 85% provêm de fonte fóssil, sendo esta esgotável. Com isso surge a necessidade de pesquisar e desenvolver novas fontes alternativas de energia, tal como o biodiesel com a finalidade de aumentar a oferta energética e gerar sustentabilidade ambiental. Partindo-se desse direcionamento, buscou-se neste trabalho analisar a potencialidade do biodiesel, em escala de produção contínua, a partir do uso de óleos vegetais, especificamente mamona e dendê; e gorduras residuais (OGR) obtidas de frituras de alimentos como fontes de matéria-prima.

METODOLOGIA:
Inicialmente foram coletados dados, tendo como fontes de pesquisa IBGE e FAO, para produção, área plantada, área colhida, exportação e importação de mamona e dendê. Posteriormente, calculou-se a taxa geométrica de crescimento das variáveis acima descritas, para verificar o comportamento ao longo do período e a potencialidade da produção dessas oleaginosas. Para elaboração do orçamento da firma (HESS et al., 1992), tomou-se como referência inicial os dados da Planta Piloto instalada na UESC, a partir de então se estruturou os coeficientes técnicos e níveis de preço para cada matéria-prima e insumo, o que possibilitou a determinação do custo de produção da firma. Os custos totais foram classificados em fixos e variáveis. A partir da determinação do custo médio do biodiesel, agregou-se o percentual de 10%, definido como margem de comercialização, chegando-se assim ao preço do produto na bomba. De posse dessa informação calculou-se a receita e a lucratividade do negócio. A partir dos níveis de custo e receita construiu-se o fluxo de caixa, que permitiu o cálculo dos indicadores econômicos (CONTADOR, 1988): Valor Presente Líquido (VLP), Taxa Interna de Retorno (TIR) e a relação Benefício/Custo (B/C), para analisar a viabilidade de investimentos da natureza proposta neste trabalho. Utilizou-se uma taxa de desconto de 14,5% (Banco do Nordeste do Brasil) e considerou-se um fluxo de caixa para 15 anos, vida média dos equipamentos utilizados na unidade de produção.
RESULTADOS:
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de mamona e o segundo de dendê. Porém, a TGC dessas oleaginosas ao longo dos últimos 10 anos mostra uma estagnação da sua produção, níveis de produtividade praticamente não se alteraram havendo, muitas vezes, importação, especialmente, mamona para suprir o déficit de oferta. No entanto, o país possui condições edafoclimáticas favoráveis para expansão de seus cultivos, o que é relevante frente a um novo mercado-destino. Conforme dados necessita-se de um investimento inicial de R$ 152.303,80. O custo total de produção do biodiesel empregando OGR apresentou-se menor comparativamente à mamona e dendê e o custo médio (R$/L) de OGR, mamona e dendê foram de R$ 1,05, R$ 1,43 e R$ 1,49; respectivamente. O B100 (biodiesel puro) apresenta valores próximos ao preço do diesel (R$ 1,67) - Itabuna. Considerando o disposto na legislação brasileira que autorizou a mistura B2 (98% de diesel e 2% de biodiesel), o preço desse combustível comparado ao diesel, praticamente não se altera, o que em certa medida implica que não haverá alteração de preço para o consumidor final, e por outro lado, deverá impactar positivamente diversos elos da cadeia de produção de biodiesel pela geração de emprego e renda. Os indicadores econômicos evidenciaram viabilidade de unidades nos moldes da existente na UESC, pois o VPL foi positivo, a TIR foi superior à taxa de atratividade e a relação B/C foi maior que a unidade.
CONCLUSÕES:
De acordo com a TGC verifica-se que há necessidade de expansão dos cultivos das oleaginosas analisadas a fim de atender à nova demanda, o que deverá ter impacto sobre a economia. Para tanto, tornam-se necessárias regras claras de incentivo à produção de oleaginosas, bem como de biodiesel. O custo de produção do biodiesel a partir da mamona e do dendê, como matérias-primas, é superior, comparativamente, ao de OGR. No entanto, essa deve ser uma matéria-prima empregada de forma residual, pois a logística de coleta implica em certas limitações de uso, nas condições atuais. Ademais, a sazonalidade da produção das oleaginosas deve levar ao emprego de um “mix” de matérias-primas nas unidades de processamento para que se consiga produzir biodiesel ao longo de todo o ano. De acordo com os indicadores econômicos, empreendimentos dessa natureza, sob determinadas condições, é viável, o que demonstra que a Bahia tem potencial para instalação de plantas nos moldes das instaladas na UESC, especialmente porque é um dos principais produtores nacionais das oleaginosas estudadas.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: biocombustíveis; viabilidade econômica; oleaginosas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006