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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica

DESENVOLVIMENTO DE BIOENSAIOS DAS ENZIMAS MIELOPEROXISASE E ELASTASE DE NEUTRÓFILOS PARA AVALIAR O EFEITO ANTI-INFLAMATÓRIO DE FLAVONÓIDES.

Joel Gonçalves de Souza  1
Alexandre Kanashiro  1
Luciana Mariko Kabeya  1
Ana Eliza Caleiro Seixas Azzolini  1
Yara Maria Lucisano Valim  1
(1. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-Universidade de São Paulo)
INTRODUÇÃO:

Os leucócitos polimorfonucleares (PMN) ou neutrófilos desempenham papel essencial na resposta imune inata. Para proteger o hospedeiro, os PMNs possuem um arsenal microbicida contra agentes invasores incluindo a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), e liberação de enzimas proteolíticas (desgranulação). Durante a ativação de neutrófilos muitas EROs são geradas pela enzima mieloperoxidase (MPO). Além disso, os grânulos citoplasmáticos dos PMNs contêm enzimas proteolíticas, dentre as quais a elastase apresenta um grande potencial no sentido de promover destruição tecidual em doenças inflamatórias crônicas ( ex. artrite reumatóide, lupus, psoríase, etc ).

Segundo a literatura, os PMN podem ser utilizados como complexos alvos no "screening" de extratos de plantas ou compostos isolados de fontes naturais para avaliar o seu potencial anti-inflamatório, através da avaliação da atividade(s) inibitória(s) de diversas funções neutrofílicas. Estas funções (produção de EROs; desgranulação) estão envolvidas na fisiopatologia de muitas doenças e, portanto, a modulação destas é de interesse estratégico no controle de diversas condições inflamatórias não-infecciosas mediadas por PMNs.

Este trabalho teve como objetivo desenvolver um bioensaio multi-alvo da enzima MPO que permita avaliar a atividade de produtos naturais na produção de EROs e um bioensaio com a enzima elastase neutrofílica humana para avaliar o efeito de compostos sobre a desgranulação de PMN.

METODOLOGIA:

  2.1 Isolamento de PMN: O sangue foi colhido por punção venosa de indivíduos saudáveis utilizando-se heparina de sódio como anticoagulante seguindo o protocolo estabelecido de acordo com as normas éticas vigentes.

     2.2.1 Obtenção da MPO: Os neutrófilos suspensos foram submetidos a ciclos de congelamento e descongelamento em freezer -70°C. O lisado foi centrifugado a 2.000 x g durante 6 min.

     2.2.2 Ensaio da enzima MPO: Avaliou-se a atividade da MPO através do ensaio de quimioluminescência dependente de luminol: 10μL de luminol (280μmol/L), 50μL do lisado 50μL, 200μL de H2O2 (5mmol/L) e 10μL do composto analisado ou 10μL de DMSO (controle). Realizo-se a leitura da QLlum produzida, em Luminômetro Autolumat LB953 (EG&G Berthold), durante 20 minutos a 37 ºC.
    
     2.3 Ensaio de Desgranulação: Alíquotas de 180μL contendo 2x105 PMNs foram adicionadas em microplaca. A cada poço da placa foram adicionados 10 μL de solução de citocalasina B (concentração final de 1,0µmol/L). Ao controle negativo adicionou-se 10μL de Hanks. Agitou-se a placa e aguardou-se 10 minutos. Em seguida adicionou-se 10μL de fMLP preparado ao controle positivo (concentração final de 1µmol/L) e 10μL de hanks ao controle negativo. Após 30 minutos, adicionou-se 50μL do oligopeptídeo SAAVNA(1mM). Realizou-se leituras em espectrofotômetro em 405nm a cada 10 minutos, sendo que os resultados que foram avaliados foram aqueles obtidos após 1 hora de reação.

RESULTADOS:

    

Os ensaios das enzimas mieloperoxidase e elastase foram padronizados e avaliou-se a atividade dos flavonóides quercetina, miricetina, galangina e kaempferol sobre a produção de EROs, bem como o efeito da quercetina sobre a desgranulação.

Os resultados mostram a seguinte ordem de atividade biológica sobre o sistema padronizado com a MPO: galangina < kaempferol < quercetina = miricetina. Observa-se que todos os compostos testados apresentam uma considerável atividade antioxidante e “scavenger” nas concentrações e condições experimentais empregadas. De acordo co a literatura, a quercetina e a miricetina tiveram um efeito mais expressivo em virtude de apresentarem um maior número de hidroxilas no anel B.

            Um aspecto importante que deve ser levado em consideração é a possibilidade de os flavonóides estarem atuando diretamente sobre a enzima MPO, inativando-a. Tal fato também causaria a inibição da QLlum de forma dependente da concentração dos compostos.

            Os resultados também evidenciaram que a quercetina apresentou um efeito inibitório sobre a desgranulação de PMNs mesmo em baixas concentrações. Possíveis efeitos citotóxicos do flavonóide sobre essas células podem ser excluídos, considerando as concentrações testadas.

 

CONCLUSÕES:

 

Ambos ensaios foram desenvolvidos e empregados para avaliação da atividade biológica de flavonóides com estruturas químicas relacionadas. Os resultados mostraram que os flavonóides testados no sistema com MPO apresentaram atividade antioxidante significativa. Com relação ao sistema com elastase, observou-se também um efeito inibitório dos flavonóides sobre a desgranulação. Portanto, tais ensaios podem ser empregados para estudar a atividade antiinflamatória de compostos naturais.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Neutrófilo; Elastase; Flavonóides.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006