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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana
URBANIZAÇÃO NO PANTANAL: FORMAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DA CIDADE DE POCONÉ - MT
Lucimberg Camargo Dias 1
Marinete Covezzi 2
(1. Graduando em Ciências Sociais /Depto. de Sociologia e C. Política/ICHS/UFMT; 2. Profª. Drª. (Orientadora) Depto. de Sociologia e Ciência Política/ICHS/UFMT)
INTRODUÇÃO:

Este estudo está integrado no subprojeto “Cidades do Entorno da RPPN-SESC Pantanal: caracterização sócio-econômica e dinâmica dos impactos ambientais” - CNPq/PELD/UFMT; tendo como objetivo a realização de estudos sobre a estrutura urbana da cidade de Poconé - MT, sobretudo o processo de urbanização, infra-estrutura, saneamento urbano e dinâmica populacional. Busca-se também conhecer o processo de ocupação da região e formação da cidade, com ênfase nas principais atividades econômicas, uso dos recursos naturais e os impactos ambientais provocados no ecossistema pantanal.

METODOLOGIA:

Na realização desta pesquisa foram utilizados dados qualitativos e quantitativos. Os dados quantitativos têm por base os censos demográficos do IBGE e Anuário Estatístico de Mato Grosso. Também foram levantados dados na Prefeitura Municipal de Poconé e secretarias do município. Os dados qualitativos foram obtidos a partir de registros orais de entrevistas e questionários aplicados aos moradores da cidade. Utilizou-se, além disso, dados da historiografia regional, que tratam do processo de ocupação e da formação econômica de Mato Grosso e uma revisão da literatura sobre os temas estudados, urbanização e problemas ambientais urbanos.

RESULTADOS:

Poconé é uma cidade histórica situada no pantanal mato-grossense. Teve origem no final do século XVIII, com a atividade de mineração do ouro. O processo de urbanização recente de Poconé se relaciona às políticas de desenvolvimento regional implantadas entre as décadas de 1970 e 1980 no Estado de Mato Grosso. Na década de 1980 o município passou por um rápido processo de urbanização provocado pela atividade de extração do ouro. Em 1990, problemas ambientais provocados pela mineração geraram o fim da atividade mineira na área urbana. Poconé deixou de ser um pólo de atração populacional e o crescimento registrado entre os anos de 1980 a 1991 (27,5%) quando a população chegou a 47.007 mil habitantes, não se repetiu entre 1991 e 2000, com redução para 30.773 habitantes. Quanto aos equipamentos urbanos, a cidade possui apenas um hospital com 84 leitos e 8 médicos credenciados. Os dados sobre atendimento educacional demonstram que a taxa de alfabetização do município é de 78,02%. A taxa bruta de freqüência à escola é de 84,08%.Os dados sobre saneamento demonstram que apenas 77,52% das residências da cidade recebem água tratada. O percentual de pessoas que vivem em domicílios com banheiro e água encanada em 2000 era de apenas 47,28%, e 81,41% dos domicílios são atendidos com energia elétrica. A pior situação refere-se à rede de esgoto, que atende apenas 1% das residências. O IDH do município é de 0,679, o que lhe confere 121ª posição no ranking do estado, o sexto pior índice.

CONCLUSÕES:

O processo de urbanização rápido ocorrido nas últimas décadas gerou cidades sem infra-estrutura e disponibilidade de serviços urbanos para atender a população que migrou para a cidade, resultando numa ocupação do solo, por uma parcela da população mais pobre, de forma irregular e ilegal, muitas vezes em áreas de riscos. Para entender o processo de urbanização do município de Poconé é necessário fazer referência às políticas desenvolvimentistas implantadas a partir de 1970 na região, que tiveram pouca preocupação em estabelecer políticas públicas de fixação de uma parcela considerável da população que vivia na área rural, em pequenas propriedades, ou como trabalhadores rurais. Uma parte considerável dessa população, com a modernização da agricultura e da pecuária e o fim das atividades de mineração do ouro se dirigiu para a periferia das áreas urbanas, local em que vive sem infra-estrutura, saneamento, atendimento de equipamentos coletivos urbanos, como atendimento à saúde e escolas. Uma parcela considerável (quase 30%) vive sem emprego e/ou renda, resultando em um cenário de contrastes, gerado pela distribuição desigual de renda e acesso aos meios de produção. Poconé, assim como as grandes cidades brasileiras, necessita de investimentos em infra-estrutura básica para transpor o abismo social de integração e qualidade de vida. Além de políticas públicas de recuperação da renda e da qualidade de vida urbana.

Instituição de fomento: CNPq/PELD/UFMT
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Poconé - MT; Urbanização; Impactos ambientais.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006