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G. Ciências Humanas - 5. História - 4. História e Filosofia da Ciência

A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA CONFERÊNCIA DE GENEBRA

Bruno Jorge Barboza da Silva 1
(1. Coordenação de história da ciência, Museu de Astronomia e Ciências Afins / MAST)
INTRODUÇÃO:
Este trabalho apresenta os resultados obtidos em toda a etapa de levantamento e interpretação dos dados do projeto de pesquisa. O projeto tem por objetivo a análise de todos os aspectos da 1º Conferência Sobre os Usos Pacíficos da Energia Atômica, a Conferência de Genebra. Da organização da conferência e do desempenho da delegação brasileira em todo o período em que durou sua jornada. A conferência foi realizada em Genebra por iniciativa da Organização das Nações Unidas em 1955. Em plena Guerra Fria, a energia nuclear, suas aplicações e seus efeitos eram um foco de tensão e preocupação. Em meio a este cenário, o Brasil se junta a eminentes potências científicas como França, EUA, URSS, Canadá, Reino Unido e Índia para compor a comissão executiva da conferência, que ficou conhecida como o maior evento científico da época. Este trabalho se torna importante, pois ajuda a compreender a trajetória da energia nuclear no Brasil e sua interação com o resto do mundo.
METODOLOGIA:
As principais fontes de informação para a pesquisa são o conjunto de 16 volumes dos anais da Conferência de Genebra, que foram localizados na biblioteca do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e no acervo do professor José Leite Lopes, nos arquivos do CNPq localizados no Museu de Astronomia e Ciências Afins e no arquivo histórico do Itamaraty.  Para a sistematização das informações quantitativas, foi construído um banco de dados digital contendo as informações referentes aos trabalhos publicados durante a conferência. Com base nestas informações foram elaborados quadros onde consta a análise da conferência, destacando: temas predominantes, distribuição dos trabalhos por país, etc. A análise qualitativa dos dados visou identificar a participação dos países centrais e aqueles considerados da periferia com a finalidade de caracterizar a participação e o estágio de desenvolvimento da energia nuclear no Brasil, com relação aos dois grupos de países.
RESULTADOS:
A partir da base de dados e dos arquivos do CNPq foi possível além de medir o desempenho das nações envolvidas identificar os variados interesses do Brasil na jornada à conferência. Além da apresentação de 13 trabalhos, e da ativa participação na organização e gerência da conferência, a delegação brasileira visita institutos de pesquisa pela América do Norte e por toda Europa, recebe a visita de empresas especializadas em tecnologia nuclear, visita instituições financeiras vislumbrando o financiamento dos equipamentos que poderiam ser comprados, além de uma visita a uma industria de enriquecimento de urânio.
CONCLUSÕES:
A partir dos dados obtidos, pode-se concluir que as intenções do Brasil na Conferência foram além da difusão do conhecimento. Era de interesse da comissão brasileira aproveitar o evento para praticar sua política, criar e fortalecer contatos, visitar todos quantos possíveis os institutos de durante sua viagem, assim como negociar compra de equipamentos e matéria prima para produção da energia atômica, além da participação nos eventos da conferência. Nota-se que a participação privilegiada do Brasil se deu pela sua capacidade de extração de minerais físseis em sua forma bruta muito mais do que sua participação acadêmica. Os resultados deste trabalho serão publicados em periódico de história da ciência futuramente.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: energia nuclear; 1º Conferência Sobre Usos Pacíficos da Energia Atômica; história da energia nuclear.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006