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D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População

ANÁLISE DO RISCO NUTRICIONAL EM IDOSOS

Adélia Rosane Müller 1
Francisca Maria Assmann Wichmann 1
Fabiano Bender Panta 2
Lisianne Brittes Benitez 3
Nestor Pedro Roos 2
(1. Universidade de Santa Cruz do Sul (Depto de Educação Física e Saúde/UNISC); 2. Universidade de Santa Cruz do Sul (Depto de Enfermagem e Odontologia/UNISC); 3. Universidade de Santa Cruz do Sul (Depto de Biologia e Farmácia/UNISC))
INTRODUÇÃO:

O aumento no número de idosos observado nas últimas décadas tem gerado grande interesse em relação às alterações fisiológicas que afetam a conformação física e o declínio da capacidade funcional dos vários órgãos e sistemas. O conhecimento do estado nutricional dos indivíduos de 60 anos ou mais poderá servir para a proposição de estratégias de promoção, prevenção e tratamento de alguns problemas da saúde, visando à melhoria da sua qualidade de vida. Buscamos através de um Estudo Multidimensional analisar o estado nutricional, o risco cardiovascular dos idosos em relação à antropometria. Com os valores do Ìndice de Massa Corporal (IMC), que é um dos indicadores utilizados em estudos epidemiológicos, associado à Circunferência Abdominal (CA) para identificação de indivíduos em risco nutricional para as doenças cardiovasculares. O mesmo vem sendo usado inclusive em idosos com idade mais avançada e são apontados como mais vantajosos pela facilidade de cálculo, pouca correlação com a estatura e boa correlação com o percentual de gordura, além de apresentar relação com a morbi-mortalidade.

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo, utilizando-se uma metodologia quantitativa. A amostra foi sorteada aleatoriamente e é composta por 217 sujeitos com idade igual ou acima de 60 anos. A amostra foi calculada através da fórmula para amostras probabilísticas com margem de erro de 5% no total de 1098 idosos. Foram aplicados formulários padronizados na residência dos idosos. As variáveis foram: o peso corporal declarado, estatura, IMC e CA. O IMC foi calculado a partir da divisão da massa corporal em quilogramas pela estatura elevada ao quadrado (kg/m2) e avaliados conforme os pontos de corte recomendados pelo Ministério da Saúde (MS, 2004). Com base no IMC foram considerados baixo peso o IMC <22 e sobrepeso o IMC >27 kg/m2. Para verificação do risco de desenvolvimento de complicações associadas à obesidade, através da Circunferência Abdominal, baseou-se nos valores sugeridos por sexo pela Organização Mundial da Saúde, em 1998 que considera, para mulheres CA > 80 cm risco aumentado e > 88 cm risco muito aumentado e para homens CA > 94 cm risco aumentado e > 102 cm risco muito aumentado. Com relação à estratégia analítica foram realizadas estatísticas descritivas tais como freqüências e médias para as diferenças de peso e estatura, IMC e CA entre os sexos. Todas as análises foram realizadas através do software SPSS for Windows versão 13.0.

RESULTADOS:
Do total de 217 idosos avaliados, a maioria é do sexo feminino com 84,6% e 15,4% do sexo masculino. A média de idade para ambos os sexos encontra-se próxima a 69 anos. O peso médio e a estatura média dos homens e das mulheres ficaram em 70,80kg e 161 cm respectivamente. Observamos que 50,5% dos indivíduos são eutróficos, 34,1% estão com sobrepeso e 15,4% estão com obesidade.  Considerando a classificação segundo sexo observa-se que o sobrepeso e a obesidade prevalece no sexo feminino com 34,8% e 16% respectivamente. Quando avaliada a circunferência abdominal (CA), constatamos que 81,9% da amostra encontra-se em risco para doenças cardiovasculares, prevalecendo o sexo feminino com 71,6%. Verificamos também o ganho e a perda de peso nos últimos meses, 29,6% dos entrevistados declararam ganho de peso e 24,1% declararam perda de peso. Neste contexto o conhecimento do estado nutricional dos indivíduos de 60 anos ou mais poderá servir para estratégias de prevenção, tratamento e promoção da saúde, a fim de contribuir para melhoria da qualidade de vida desta faixa etária. Além disso, os dados apresentados poderão ser usados para facilitar a comparação e interpretação de medidas antropométricas de idosos brasileiros.
CONCLUSÕES:

De modo geral, os resultados obtidos confirmam outros estudos, demonstrando a prevalência de sobrepeso e conseqüente aumento no risco de desenvolvimento de doenças crônico degenerativas no grupo estudado, entre elas, as doenças cardiovasculares. Sabe-se que alguns destes fatores de risco podem ser modificados mediante mudança de hábitos alimentares e estilo de vida, o que revela a necessidade de adoção de políticas públicas e implementação de programas de intervenção, que permitam o diagnóstico precoce dessas doenças, assim como de programas preventivos. A realidade brasileira requer estudos mais elaborados e análises de tendências em vista da extrema heterogeneidade sócio-econômica do país que ainda pode ser forte determinante dos agravos nutricionais encontrados em idosos. As altas prevalências de magreza e sobrepeso revelam as contradições do perfil nutricional desta população. Como ambas as alterações estão intimamente ligadas a doenças neste grupo, seja como fator de risco ou conseqüência, é importante aprofundar informações nutricionais para estabelecer práticas de monitoramento e direcionar intervenções mais adequadas a suas especificidades.

Instituição de fomento: Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Estado Nutricional; Idosos; Risco Nutricional.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006