A pesquisa investigou a relação entre o meio audiovisual enquanto documentação e representação da arquitetura, considerando a linguagem do vídeo como uma maneira adequada de mostrar a arquitetura e suas possíveis transformações no tempo. Foram estudados os vídeos que abordam a arquitetura sob os seguintes aspectos: 1) análise dos edifícios, 2) entrevistas com arquitetos, 3) vídeos técnicos de sistemas construtivos e 4) documentação de intervenções urbanas.

O vídeo, por ser de fácil registro e captação do meio urbano e da arquitetura, pela sua popularidade através das mídias como TV e cinema, torna sua produção e difusão mais acessível ao público. Entretanto, os estudos direcionados à compreensão da utilização do vídeo para a arquitetura são praticamente inexistentes. O vídeo é também um importante instrumento educacional, particularmente para o ensino em massa ou à distância, tornando necessário o estudo de suas possibilidades com essa finalidade.

Através desta pesquisa procuramos elaborar as diretrizes para a realização de vídeos voltados para a documentação da arquitetura e do urbanismo, orientando a sua produção, roteiro e edição. Tratou-se portanto de um trabalho de caráter multidisciplinar, pois estabelece uma ponte entre áreas de conhecimento afins, instrumentalizando tanto a pesquisa quanto o ensino de arquitetura, bem como a linguagem do vídeo.

A pesquisa foi realizada no material em vídeo existente na FAUUSP, no VIDEOFAU, e na Biblioteca da FAUUSP. O VIDEOFAU é um serviço apoio didático e subsídio às pesquisas na FAU e trabalha com a produção de documentários com temas relativos à Arquitetura, Urbanismo, Arte e Meio Ambiente. Na Biblioteca da FAUUSP, os vídeos integram o acervo multimídia, que inclui outras mídias, como cópias de projetos dos arquitetos mais importantes do Brasil, slides, Cd´s e Dv´s.

O acervo do VIDEOFAU possue 123 fitas e o da viodeoteca da FAU-USP apresenta 557 fitas, com mais de 640 vídeos, mas os dois acervos não registram duração, data, dados da produção, classificação ou discriminação por assuntos para uma identificação. A partir das 123 fitas na produção VIDEOFAU, agrupamos os vídeos por assuntos e imagens segundo as categorias, que passaram a orientar o trabalho: ENTREVISTA, DOCUMENTÁRIO, MATERIAIS E TÉCNICAS, INSTITUCIONAL e OUTROS.

Foi realizado também o levantamento quanto às consultas do vídeo do acervo da biblioteca da FAUUSP através da catalogação de todas as fichas, em papel, que registram a saída do material. Assim foram catalogadas 557 fichas, o que contabilizou 3552 saídas. Estes números correspondem aos anos de 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005, sendo que este último ano está representado somente pelo 1º semestre, pois o levantamento foi realizado em 04 de Junho de 2005.

Quanto ao vídeos classificados, o maior número de fitas foi do grupo ENTREVISTA, que apresenta entrevistas e palestras, em que a fala é o importante, a imagem assume aspecto secundário, circunstancial. Não há caráter didático explícito neste tipo.

O 2º foi o DOCUMENTÁRIO, que abrange todos os vídeos que procuram tratar os conteúdos de forma objetiva e didática, privilegiam as informações veiculadas através das imagens. Sua produção tem, em geral, caráter educativo. A expressão é dada através da diversidade de imagens e o modo como são tratados, pois procura apresentar imagens, desenhos e entrevistas, como um modo de explicação do tema. A imagem têm valor fundamental, pois é através dela que é permitido o reconhecimento e explicação da arquitetura.

O 3º é o MATERIAIS, relata os processos técnicos e construtivos dos edifícios, faz uso da imagem de maneira realística e completa. A fala é o principal transmissor da informção, levando a imagem tornar-se um acessório.

O 4º é o INSTITUCIONAL, são gravações de palestras e eventos na própria FAU-USP e tem caráter documental. O 5º é o OUTROS, são os vídeos que não entraram em nenhuma classificação.

Quanto ao levantamento de empréstimos da viodeoteca da FAU-USP, foram encontradas 3552 saídas, resultando a média de 382 por ano. Constata-se também que do acervo, muitos vídeos jamais foram retirados. O gênero DOCUMENTÁRIO foi o mais assistido, pois apresenta as características que mais expressam as informações de uma forma lógica e clara.

Esses resultados afirmaram a importância da imagem, pois através dela foi possível reconhecer as categorias e classificá-las e, o mais importante, são elas que caracterizam a transmissão da identidade do objeto arquitetônico.

O tipo DOCUMENTÁRIO apresentou o maior número de fitas e empréstimos, manifestando o maior interesse para o conhecimento e o ensino da arquitetura. O seu predomínio se deve, aparentemente, ao tratamento dos assuntos de maneira clara e direta, exigindo uma lógica na exposição. Isso torna o processo de produção mais rigoroso, pois é baseado no controle das ordens das imagens no filme e dos processos construtivos e históricos.

Para que o documentário de arquitetura seja realizado, é necessário elaborar um roteiro que vá além de um percurso a ser realizado pela edificação, pois o que se quer comunicar não é uma visita a uma construção, mas todas as suas características. Para transmitir as informações, é importante também a utilização de outras formas de linguagem além da simples filmagem, pois a construção totalmente edificada não é capaz de mostrar os processos envolvidos, já que estes foram incorporados ao objeto à medida em que foram finalizados. O uso de artifícios gráficos torna-se um importante elemento para que se possa compreender o que está além da visualização direta do objeto.

Estas são as diretrizes de produção de vídeos para a documentação da arquitetura e do urbanismo, que orientam a sua realização e mostram uma forma de apresentar os objetos.