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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 7. Química Orgânica

COMPARAÇÃO POR ESPECTROMETRIA DE MASSA E UV-VIS DE EXTRATOS ETANÓLICO E OLEOSO DE PRÓPOLIS

 

Daiane Finger 1
Lilian Buriol 1
Yohandra Reyes Torres 1
Marcos Roberto da Rosa 1
Alexandra Cristine Helena Frankland Sawaya 2
Marcos Nogueira Eberlin 2
(1. Departamento de Química/UNICENTRO Guarapuava-PR; 2. Instituto de Química/UNICAMP Campinas-SP)
INTRODUÇÃO:

A própolis é conhecida principalmente por suas propriedades antimicrobiana, antioxidante, antiinflamatória, imunodulatória, hipotensiva, cicatrizante, anestésica, anticariogênica, anti-HIV e anticâncer, o que faz da mesma uma substância com inúmeras aplicações em várias áreas como medicina, cosméticos, alimentos. Atualmente existem vários produtos comercializados contendo própolis, como xampus, cremes, balas, pasta de dente, etc. Dentre os produtos mais conhecidos está o extrato etanólico, o qual é utilizado na forma de gotas ou spray.

Os efeitos terapêuticos da própolis vêem sendo atribuídos aos diversos compostos fenólicos presentes em sua composição como flavonóides, ácidos fenólicos e seus ésteres, aldeídos fenólicos, álcoois e cetonas.

Tendo em vista aplicações em fármacos e alimentos, faz-se necessário um estudo dos extratos da própolis obtidos com diferentes solventes, pois muitas vezes a utilização do etanol dificulta o emprego da própolis em apresentações farmacêuticas secas e alimentos. Este trabalho teve por objetivo comparar qualitativamente os extratos etanólico e oleoso da própolis através das técnicas de espectrometria de massas e de absorção no UV-VIS.

 

METODOLOGIA:

-Preparação dos extratos: Amostras de própolis in-natura foram extraídas em solvente à temperatura ambiente com agitação magnética por 24h. Os solventes utilizados foram:

1-Etanol 95%

2-Solvente C (contendo óleo de canola, solventes A e B e agente solubilizante)

3-Óleo de Canola e agente solubilizante

Após o período de agitação as amostras foram centrifugadas e os sobrenadantes armazenados em geladeira.

-Análise por espectrometria de absorção no UV-VIS:

As soluções obtidas foram analisadas por espectrometria de absorção utilizando o Espectrofotômetro por reflectância da Ocean Optics modelo USB 2000 com lâmpada de tungstênio-halogênio operando na região de 350 a 1050nm.

-Análise por espectrometria de massas: utilizou-se um espectrômetro de massas Q-Trap da Applied Biosstems. As amostras foram analisadas por inserção direta no espectrômetro de massas com ionização por eletrospray em modo negativo. As amostras para a análise foram:

Amostra 1: óleo de canola puro (referência)

Amostra 2: Extrato oleoso de própolis obtido com óleo de canola

Amostra 3: Extrato etanólico de própolis obtido com etanol 95%

O extrato etanólico (amostra 3) foi seco utilizando-se de um roto-evaporador. Alguns microgramas do extrato foram dissolvidos em metanol/água (1:1 v/v). Com o óleo de canola usado como referência e o extrato oleoso de própolis (amostras 1 e 2) foram feitas partições com metanol/água (1:1 v/v). Às três amostras adicionou-se 0,1% de solução concentrada de hidróxido de amônia.

RESULTADOS:

Espectrometria no Visível: Para se comparar os espectros obtidos dos extratos foi tomado como referência o espectro do extrato etanólico. Os espectros dos extratos obtidos com o solvente C e com óleo de canola apresentam um pico em comum em aproximadamente 670nm, devido à presença de cromóforos ainda não identificados neste trabalho.

Contudo, esta banda é mais intensa para o extrato obtido com o solvente C mostrando que a presença dos solventes A e B e do agente solubilizante aumenta a eficiência da extração.

Espectrometria de massas: Ao comparar os três espectros obtidos percebe-se que o óleo de canola puro (amostra 1) apresenta poucos sinais, correspondentes aos principais ácidos graxos presentes na sua composição (ácido oléico e linoléico).

O extrato etanólico (amostra 3) da própolis apresenta espectro típico da própolis verde do Paraná rico em derivados de ácidos fenólicos. O espectro de massas do extrato oleoso (amostra 2) da própolis apresenta o mesmo perfil observado para o espectro de massas do extrato etanólico.

CONCLUSÕES:

A partir da análise dos espectros obtidos por Espectrometria no visível e tomando como base o pico em aproximadamente 670nm pode-se concluir que tanto o etanol quanto o solvente C são eficientes para extrair compostos da própolis. A extração com óleo de canola sem a presença de outros solventes mais polares é menos eficiente, pois a intensidade de absorção observada é menor, mas o máximo de absorção apresenta-se no mesmo comprimento de onda.

Já a análise por Espectrometria de massas nos confirma que o óleo de canola extrai os mesmos compostos que o etano 95% uma vez que ao comparar os espectros obtidos para o extrato oleoso e etanólico verificam-se muitos sinais comuns a ambos os espectros.

Portanto, pode-se concluir que o extrato oleoso da própolis apresenta qualitativamente os mesmos componentes que o extrato etanólico. A identificação e quantificação dos flavonóides e/ou ácidos fenólicos presentes nos extratos de própolis será realizada futuramente por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência ou por técnicas mais acessíveis como a determinação de flavonóides totais por espectrometria no ultravioleta através da complexação com cloreto de alumínio.

Instituição de fomento: Fundação Araucária
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Extratos própolis; Espectrometria de Massas; Espectrometria de absorção no UV-VIS.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006