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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 6. Psicologia do Desenvolvimento Humano
MEDOS E ANSIEDADES DE PAIS FRENTE AO DESENVOLVIMENTO DE SEUS FILHOS ADOLESCENTES
Juliana Risonho de Almeida 1
Mirian Angulo 1
(1. Universidade Metodista de São Paulo/ UMESP)
INTRODUÇÃO:
A maior parte dos estudos em Psicologia que versam sobre a família focam-se na relação entre a mãe e seus filhos, atendo-se aos sentimentos maternos e reações frente aos filhos. Mas o pai dos últimos anos tem mudado muito e, neste sentido, deixou de ser apenas um provedor para ter uma atuação mais participativa no desenvolvimento dos filhos e, quando estes crescem, os pais se deparam com muitos sentimentos, receios e expectativas.A relevância no tema mostrou-se com base em leituras à cerca da necessidade de se ter a presença do pai na vida dos adolescentes. Partindo deste pressuposto o presente estudo teve como objetivo descrever quais são os sentimentos, receios, expectativas de pais de adolescentes no que se refere ao crescimento de seus filhos.
METODOLOGIA:
Utilizamos o método clinico de abordagem Psicanalítica sob enfoque da teoria Kleiniana. Trata-se um estudo qualitativo que teve a participação de três pais de adolescentes residentes na cidade de Mauá, no ABC Paulista. Realizamos uma entrevista individual em horário e local previamente marcado sendo a mesma semi dirigida e de técnica diretiva. Após as entrevistas levantamos categorias de analise que nos remeteram a sub-categorias que foram analisadas através da teoria Kleiniana acrescidas dos estudos de Mauricio Knobel, Arminda Aberastury, Eduardo Salas, (todos precursores de Melanie Klein). As categorias de analise foram: 1-) Sentimentos e reações emocionais frente a adolescência dos filhos, 2-) Sentimentos dos pais em relação ao processo de educação dos filhos, 3-) Relação destes pais com seus próprios pais internalizados.
RESULTADOS:

Verificamos que os pais sentem-se inseguros e temerosos diante do mundo externo, recorrendo a mecanismos defensivos tais como: controle onipotente, projeção, negação etc. Ficam ambivalentes em relação à educação de seus filhos no que diz respeito à liberdade x autoridade reportando-se aos seus próprios pais, tanto os pais reais como os internalizados. Há também expectativas destes pais em relação aos seus filhos (idealização) e ainda, através do retorno de seus próprios pais em suas vidas, de algum modo identificam-se com seus filhos.Conclusão: evidenciamos que estes pais sentem-se inseguros e temerosos diante do mundo externo da violência. Tal fato faz com que se sintam impotentes e talvez por isso recorram à mecanismos defensivos tais como o controle onipotente, fantasiando assim, que se seus filhos estiverem junto deles, estarão a salvo dos perigos do mundo. Compreendemos a ansiedade e o medo como atitudes puramente instintivas (como proteger sua “prole”) muito embora em muitos momentos tais atitudes pareçam responder a uma expectativa idealizada. 

CONCLUSÕES:
Os pais relataram que têm proximidade de seus filhos diferente da que tinham com seus próprios pais,  e atribuem um valor muito grande a isso, talvez se sintam não tão próximos de seus pais e por isso tentam amparar-se em seus filhos. Tal fato parece gerar mais um conflito: o medo do desenvolvimento/crescimento dos mesmos, pois ao se desenvolverem, irão embora, e os deixarão novamente sós e desamparados. Verificamos que o desejo dos pais em quebrar regras, oferecendo maior liberdade na educação dos filhos, pode ser um modo de se contraporem às normas e sanções impostas por seus próprios pais durante a infância e adolescência. Tal dinâmica pode representar um desejo adolescente, mas ao mesmo tempo um temor em quebrar regras, pois temem um revide dos pais internalizados.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Desenvolvimento; Paternidade; Adolescência.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006