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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal

MORFO-ANATOMIA COMPARATIVA DAS ESTRUTURAS DE REPRODUÇÃO DE Piper arboreum AUBLET E Piper gaudichaudianum KUNTH (PIPERACEAE)

Maísa de Carvalho Iwazaki  1, 2
Jonathas Henrique Georg de Oliveira  1, 2
Luiz Antonio de Souza  1
(1. Universidade Estadual de Maringá; 2. Mestranda (o) UNESP - Botucatu)
INTRODUÇÃO:
A família Piperaceae compreende poucos gêneros com cerca de 2000 espécies, quase todas incluídas no gênero Piper. No Brasil ocorrem 5 gêneros e aproximadamente 500 espécies, amplamente distribuídas na Mata Atlântica, desde o Nordeste brasileiro até o Sul do país. Piper arboreum é uma planta que se apresenta como arbusto ou como árvore de pequeno porte, podendo atingir 7 metros de altura; Piper gaudichaudianum, popularmente conhecida como pariparoba, é um arbusto de 1-3 metros de altura e possui propriedades medicinais de ações antiinflamatórias e analgésicas. Devido a rusticidade dessas plantas, elas se tornam potenciais para projetos de restauração ambiental, proporcionando cobertura vegetal em solos pobres. Baseado nisso e na escassez de estudos morfo-anatômicos desta família, este trabalho objetivou a análise da morfologia e da anatomia das flores, dos frutos, das sementes e, no caso de Piper arboreum, da estrutura responsável pela reprodução vegetativa.
METODOLOGIA:
Foram coletados flores, frutos e sementes em diferentes estágios de desenvolvimento de Piper arboreum Aublet e Piper gaudichaudianum Kunth no Horto Florestal Dr. Luiz Teixeira Mendes, localizado no município de Maringá, Paraná. A estrutura que confere capacidade de reprodução vegetativa observada em Piper arboreum também foi coletada e analisada. As exsicatas das espécies estão depositadas no Herbário da Universidade Estadual de Maringá (HUM) sob os registros: Piper arboreum Aublet – BRASIL. Paraná. Maringá, Horto Florestal, A. L. M. Albiero 8821 (HUM); e Piper gaudichaudianum Kunth – BRASIL. Paraná. Maringá, Horto Florestal, A. L. M. Albiero 9616 e 8973 (HUM). Todo o material de estudo foi fixado em FAA 50, secionados transversal e longitudinalmente à mão livre ou em micrótomo rotativo. As seções microtômicas foram obtidas de material emblocado em parafina e coradas com Hematoxilina e Safranina, e os cortes à mão livre foram corados com solução de azul de Astra e Safranina, segundo técnicas usuais. Além disso, foram realizados testes histoquímicos para evidenciar diversos compostos. Desenhos e imagens digitalizadas foram usados para documentar o presente trabalho.
RESULTADOS:

As flores monoclinas, aclamídeas, unipistiladas e tetraestaminadas encontram-se dispostas em inflorescências do tipo espiga e são protegidas por uma bráctea. O eixo da inflorescência apresenta estrutura caulinar. Em Piper arboreum, o eixo da infrutescência se mantém semelhante ao eixo da inflorescência, no entanto, em Piper gaudichaudianum, o córtex aumenta de espessura devido a divisões celulares peri e anticlinais, seguidas de um alongamento radial. Nessa região também verificou-se grande acúmulo de amido. O gineceu apresenta 2-4 lobos e estilete fendilhado em Piper arboreum e 3 lobos com estilete sólido em Piper gaudichaudianum. A epiderme externa ovariana pouco se altera com o desenvolvimento do fruto, se tornando o exocarpo. No mesofilo, observa-se 2-3 estratos celulares que iniciam divisões periclinais, formando, no mesocarpo, um meristema ventral, que chega a formar apenas 2-3 camadas de células, dividindo o mesocarpo em interno e externo. A epiderme interna ovariana é glabra nas duas espécies, com células secretoras e amplas apenas em Piper arboreum, e o endocarpo se comprime conforme o desenvolvimento do fruto, mas não foi observado esclerificação durante o amadurecimento do fruto e da semente. O óvulo é reto ou ortótropo, crassinucelado e bitegumentado. A semente é endotégmica, perispérmica e apresenta reserva amilácea. O embrião, de ambas as espécies, apresenta-se muito reduzido e há resíduos de endosperma na região micropilar.

CONCLUSÕES:
A análise anatômica das duas espécies mostrou que os eixos das inflorescências de ambas têm estrutura caulinar; verificou-se a ocorrência de endoderme somente no eixo de Piper gaudichaudianum. Piper arboreum pode apresentar variação no número de lobos estigmáticos, podendo ter 2-4 lobos, mas sem alteração no número de carpelos. Em relação ao tipo de fruto, Piper arboreum apresenta fruto do tipo baga, diferindo do considerado padrão para a família Piperaceae, que é drupa. Por outro lado, o fruto de Piper gaudichaudianum é múltiplo, levando-se em conta que participam de sua formação as pequenas bagas e o córtex carnoso do eixo da infrutescência. Piper arboreum apresenta reprodução vegetativa, que ocorre mediante órgão de natureza caulinar (estolão).
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq-UEM
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Reprodução; Anatomia; Piperaceae.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006