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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências

MORFOLOGIA E DINÂMICA DO FLUXO DE CANAIS EM CONFLUÊNCIAS.

Rafaela Harumi Fujita 1
Vanessa Cristina dos Santos 1
José Cândido Stevaux 2, 3
(1. Acadêmica do curso de Geografia/Universidade Estadual de Maringá- UEM; 2. Departamento de Geografia/ Universidade Estadual de Maringá- UEM; 3. Universidade de Guarulhos- UNG)
INTRODUÇÃO:

A maior parte dos sedimentos do sistema fluvial são originados pelo intemperismo das rochas e transportados pelos cursos fluviais através da velocidade do fluxo fluvial. A quantidade e qualidade dos materiais transportados por uma corrente estão relacionadas com sua velocidade e com a rugosidade do fundo, os quais determinam a dinâmica das partículas distribuídas na massa líquida.

A morfologia dos rios aluviais depende da interação entre fluxo fluvial e os materiais transportados, que proporcionam além dos diferentes padrões de canais e planícies de inundação, uma grande variedade morfológica. Entre estas formas encontra a barra arenosa. A literatura fluvial reconhece vários tipos de barras dentre elas as barras de desembocadura. Este ambiente é caracterizado por condições hidrodinâmicas complexas associadas à convergência de fluxos distintos e velocidade crítica de acumulação de sedimentos. A mistura dos fluxos fluviais distintos, tanto na carga sedimentar quanto nas características físico-químicas da água, propiciam num local com características peculiares de grande importância à ecologia fluvial.

Este trabalho estuda a dinâmica, morfologia e parâmetros limnológicos de uma barra que se desenvolve na desembocadura do córrego São Pedro no rio Paraná. A área de estudo está localizada na bacia hidrográfica do rio Paraná, próxima à cidade de Porto Rico, a margem esquerda do alto rio Paraná (22º50’S e 53º13’W) a 32,5 km a jusante da usina hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta .

 

METODOLOGIA:

Foram realizadas três campanhas de campo em maio/2004 e julho e agosto/2005, sendo realizados levantamentos batimétricos utilizando uma ecossonda modelo Furuno GP 1650-F, acoplada a um Sistema de Posicionamento Global (GPS); ambos equipamentos conectados a um computador portátil e ao software de navegação Fugawi3. Os sinais recebidos pela ecossonda e pelo GPS foram armazenandos em forma de tabelas e resultaram em um conjunto de pontos batimétricos georreferenciados a partir dos quais é possível a geração de mapas batimétricos utilizando o software Surfer 8.0.

Os dados de velocidade e direção de fluxo na primeira e segunda campanha foram obtidos através do molinete Hidromec. Na terceira campanha, utilizou-se um correntômetro acústico de efeito Doppler (ADCP) para quantificar a velocidade e a estrutura 3-D do fluxo de água.

Foram coletadas amostras do leito, com amostrador do tipo Petersen modificado, amostras de água, utilizando garrafa de Van Dorn, para sedimento e matéria orgânica em suspensão. A medição de alguns parâmetros físico-químicos da água (pH, temperatura, oxigênio dissolvido e condutividade elétrica) foram realizadas em campo através de potenciômetros digitais da marca Digimed.

Posteriormente foram processadas análises granulométricas através do método de pipetagem e peneiramento; e sedimento e teor de matéria orgânica em suspensão por meio de filtração e queima dos filtros por um período de 4 horas em mufla com temperatura de 470ºC.

RESULTADOS:

Durante o período de estudo podem ser descritas duas situações distintas em relação ao nível fluviométrico do rio Paraná: períodos de águas altas nos meses de março, maio e junho de 2004 e nos meses de janeiro a março de 2005; e períodos de águas baixas entre julho a dezembro de 2004 e abril a julho de 2005, não ultrapassando a cota de 3,5m.

A vazão média registrada em agosto, com o auxílio do ADCP na seção foi de 5530,42 m\s³ , foram observadas na região da confluência menores velocidades de fluxo 0,70 m\s e direções reversas em relação ao fluxo principal, 252,04۫ azimute.

A barra formada na foz do córrego São Pedro é representada por uma rampa arenosa que se inicia na entrada do tributário e se alonga para jusante aproximadamente 1800 m, possui uma alta declividade, com profundidades de que variam de 0,8m a 13m na calha do rio Paraná. Em períodos de águas altas, a barra é retrabalhada e em águas baixas ocorre a deposição crítica e o seu afloramento à superfície da água.

Durante o período de estudos foi observada variação espacial e temporal das medidas dos fatores abióticos. Observou-se que na região da confluência e dentro do córrego, os valores dos parâmetros limnológicos foram semelhantes, isto devido a variação do ciclo hidrológico do rio Paraná. O material de fundo é composto principalmente por areia média a fina exceto nos pontos localizados no córrego e a sua montante onde ocorreu areias argilosa e a presença de matéria orgânica.

 

CONCLUSÕES:

A morfologia e a dinâmica do fluxo na barra formada na confluência entre o rio Paraná e o córrego São Pedro é controlada pela geometria da confluência e pelo ciclo hidrológico do rio Paraná, que consequentemente altera as características limnológicas e hidro-sedimentares do ambiente.

Devido a essas peculiariadades, este ambiente é de grande relevância para a ecologia fluvial e por isso é necessário que haja controle e manejo da área para sua preservação.

 

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: confluências; barra; dinâmica de fluxo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006