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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

CONFIGURAÇÕES  ESPACIAIS  DO PROCESSO ELEITORAL NO ESTADO DE SERGIPE: DE 1985 A 2002.

Patricia de Oliveira Carvalho 1, 2, 3
Georgia Monique Rocha Xavier 1, 2, 3
Alexandrina Luz Conceição 1, 2, 3
(1. Departamento de Geografia/Universidade Federal de Sergipe/UFS; 2. Departamento de Geografia/Universidade Federal de Sergipe/UFS; 3. Departamento de Geografia/Universidade Federal de Sergipe/UFS)
INTRODUÇÃO:

INTRODUÇÃO: Este projeto foi desenvolvido com o objetivo de identificar e analisar o sistema de redes local/global das incidências partidárias no espaço sergipano, conforme número de votantes por escolha partidária, durante os pleitos eleitorais: estaduais e municipais no período de 1985 a 2002. O período em questão teve como ponto de partida a transição da ditadura militar, identificado como processo de redemocratização. Até a eleição de 1990 não houve nenhuma alteração na hegemonia do poder, a preferência do voto manteve-se sob o controle ideológico de uma elite política. O que se pode observar é que, nacionalmente a territorialização do voto, será espacializada a partir do domínio primeiramente dos partidos considerados conservadores: PDS, PFL, PDC, PTR e PL, em segundo os moderados: PMDB, PMB e PTB e em seguida os progressistas coligados: PT, PDT, PCB, PC do B e PSB que tiveram sua hegemonia territorial nas grandes capitais. A acão de votar constitui um exercício de poder, um ato de decisão representativa de um grupo que se externaliza no domínio e no controle do lugar e ou da região. A dinâmica das coligações e da estrutura do poder político no contexto nacional, constitui forma de desvendamento das estratégias do processo eleitoral sergipano, sinalizando os movimentos de controle e domínio da hegemonia econômica, política ideológica.

METODOLOGIA:

METODOLOGIA: Inicialmente foi realizada pesquisa documental, em arquivos e bibliotecas. A consulta em jornais foi realizada no Instituto Histórico Geográfico de Sergipe (IHGS) tendo como ponto de aprofundamento o contexto histórico do recorte estabelecido entre o ano de 1985 a 2002, com o acompanhamento sistemático da revisão bibliográfica sobre o tema. Em seguida, foram realizados de forma conjunta com a pesquisadora (Geórgia Xavier) levantamentos de dados disponibilizados pelo Tribunal Regional Eleitoral/SE – uso do sistema SIAPRE. Após levantamento dos dados foram construídas tabelas. A partir do estudo analítico das tabelas foram construídos cartogramas simples para análise da espacialização que permitiu estabelecer as correlações entre os indicadores das representações (político eleito/partido de filiação/coligações partidárias/votos obtidos por município/número de votantes por preferência partidária/incidência nos diferentes pleitos eleitorais/incidência na localidade/agrupamentos por definição do voto. Após intensivos estudos que permitiram a análise espacial da territorialização do controle e domínio do voto e dos agrupamentos do poder, conforme indicações de votos e de partidos, foram elaborados os cartogramas em CorelDRAW. Em todo o processo de desenvolvimento da pesquisa seja na reflexão teórica e nas atividades práticas foram desenvolvidas leituras e discussões sob o acompanhamento contínuo da orientadora.

RESULTADOS:
RESULTADOS: Observa-se a interferência da capital na preferência de candidatos de oposição, entretanto a configuração da força política do interior sobre a capital permite prevalecer candidatos de partidos conservadores situacionistas, o que vai orientar resultados favoráveis aos partidos ou coligações nas localidades que detêm o controle econômico. A partir das eleições de 1988 o padrão ideológico das alianças passou a ser prática corriqueira. Trata-se aparentemente de uma tendência a manejos políticos por parte de candidatos que não possuem muita força política ou representatividade local. Como especificidade do pleito de 1990 foi possível identificar, um grande número de votos BRANCOS para o Senado. Em 32% dos municípios ganhou votos brancos. Nas diferentes eleições puderam configurar migrações partidárias e a dinâmica das coligações para a manutenção do poder via política clientelista mantendo vivo o conservadorismo bem como a incapacidade da esquerda de se apresentar como alternativa confiável ao eleitorado sergipano. Finalmente nas eleições de 2002 é importante observar a interferência do poder local na definição do voto. O que se constata é que a força do voto é definida na localidade municipal frente a força do poder econômico e da política clientelista do favor. A grande totalidade dos eleitores dos municípios sergipanos não tem a noção da plataforma política do partido, seu voto é nominal e está correlacionado ao político próximo, a chamada política da vizinhança.
CONCLUSÕES:

CONCLUSÕES: A partir da análise dos cartogramas foi possível observar o processo de espacialização do poder político-ideológico no Estado de Sergipe; ou seja, o comportamento e a (re) orientação partidária através dos candidatos e a legitimação do seu eleitorado, durante os pleitos para os cargos de Deputado Estadual, Deputado Federal, Prefeito, Senador e Governador no período de 1985 à 2002. Verificou-se que a garantia da permanência no poder foi feita através de alianças com grupos opostos, via migração partidária conforme interesses do poder nacional da presidência do país. Não há rupturas de preferências partidárias, uma vez que os candidatos estão sempre estabelecendo alianças políticas conforme garantia da territorialização do poder municipal. Pode-se concluir que as eleições para Deputado Estadual não se estabelecem em função dos partidos e sim pela representatividade do nome dos candidatos, em virtude da relação de proximidade que estes exercem com a comunidade local; visto que mesmo que ele mude de partido, a sua influência na localidade permanece, ou seja, o que se conclui é que no processo eleitoral do estado de Sergipe o voto principalmente para Deputado Estadual é nominal e local, configurando uma territorialização e regionalização do poder.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: território; democratização; relações de poder.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006